PADRE QUEIROZ

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Setembro

HISTÓRIAS DE VIDA-SETEMBRO




Não pesa, é meu irmão

Certa vez, uma menina, de nove aninhos, que morava na roça, chegou à escola carregando o seu irmão. Ele, apesar de ser mais novo que ela, era bem pesado.

Ao ver a cena, a professora disse para a menina: “Pesado esse menino, hein?” Ela respondeu: “Não, não pesa. Ele é meu irmão!”

O amor é assim. Ele torna leve o que é pesado, fácil o que é difícil, alegre o que é triste, bonito o que é feio...

“O amor tudo desculpa, tudo compreende, tudo suporta. O amor não acaba nunca” (1Cor 13).

“O amor é forte, é como a morte. Suas chamas são chamas de fogo, faíscas de Deus no mundo. As águas da torrente jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (Ct 8,6-7).

Para quem ama a Deus, todas as cruzes decorrentes desse amor são leves, e doces como o mel.

O amor é uma das palavras mais deturpadas no mundo pecador. Que Maria Santíssima, a mãe do belo amor, nos ensine o que é amar.


Príncipe escolhe moça para se casar

Havia, certa vez, um príncipe que tinha tudo o que uma moça sonha em um futuro marido: Elegância, inteligência, educação, amor, honestidade, não tinha vícios...

Ele quis se casar, e gostaria de ter uma esposa bastante sincera e honesta. Para esta escolha, consultou um sábio.

O príncipe publicou, no reino, a notícia de que desejava se casar, e que as moças candidatas fossem ao palácio dia tal.

No dia marcado, o auditório do palácio ficou repleto de lindas garotas.

Então o príncipe deu a cada uma um punhadinho de sementes de flores e disse: “Peço a vocês que plantem essas sementes e, dia tal, voltem aqui, trazendo as flores. Aquela que trouxer a flor mais bonita será minha futura esposa”.

No dia marcado, o auditório ficou novamente cheio e belíssimo. As jovens trouxeram flores, cada uma mais bonita que a outra. Havia rosas, crisântemos, cravos, copos de leite, violetas, palmas, orquídeas...

No meio das jovens estava a filha de uma empregada doméstica. Ela estava triste, porque não havia trazido nenhuma flor.

O príncipe cumprimentou uma por uma. Quando se aproximou desta menina, ela disse, quase chorando: “Desculpe, príncipe. Eu plantei, reguei, mas as sementes não nasceram!”

No fim, o príncipe anunciou a todas que aquela jovem ia ser a sua esposa. E contou: Todas as sementes eram estéreis. Portanto, aquela foi a única moça que disse a verdade.

Como é importante, no casamento, os dois serem verdadeiros e sinceros um com o outro!


Rei testa filhos para escolher sucessor

Havia, na antiguidade, um rei que era sábio. Ele tinha três filhos, e resolveu fazer um teste para ver a qual deles passaria a coroa.

Chamou-os, deu a cada um uma boa soma de dinheiro, a mesma quantia para os três, e disse: “Quero que vocês saiam pelo mundo afora; aquele que realizar a obra mais bela será o meu sucessor.” Eles saíram.

O mais velho encontrou um pobre e deu a ele a metade do dinheiro que trazia. Voltou e contou ao pai. Este lhe disse: “Você fez uma boa obra, filho, mas o dinheiro é exterior a nós mesmos”.

O segundo chegou dias depois e disse: “Pai, caminhando à beira-mar, vi um homem se afogando. Atirei-me no mar e o salvei. Arrisquei-me e quase morri afogado”. O pai respondeu: “Você fez bem, filho; arriscou a sua vida pelo próximo”.

Dias depois, chegou o mais novo. Emocionado, ele disse ao pai: “Pai, não quero a coroa. Pode dá-la a um dos meus irmãos. Porque eu já obtive a felicidade”. “O que você fez, filho?” perguntou o pai. Ele disse: “Eu estava atravessando uma ponte e encontrei um inimigo meu pendurado nela. A correnteza era muito forte e ele ia morrer. Eu o salvei”.

O pai também ficou emocionado. Chamou os outros dois e disse: “O mais velho será o ministro das finanças. O do meio será o ministro do governo. E o mais novo receberá a coroa, porque a virtude principal de um governante é saber perdoar os inimigos e tratar a todos com igualdade”.

De fato, a primeira qualidade do chefe é zelar pelo bem de todos, especialmente dos seus inimigos e dos excluídos. Assim, os próprios súditos, unidos e valorizados, construirão o progresso e a felicidade de todos.


Uma luz no coração do idoso

Havia, certa vez, um velho que morava sozinho. Ele era bastante idoso. Seus parentes mais próximos haviam falecido, e os mais distantes o abandonaram. Sua casa era desarrumada e suja.

Uma senhora, líder da Comunidade local, de vez em quando o visitava.

Um dia, ela lhe pediu: “Posso limpar a sua casa?” “Estou bem assim”, respondeu o homem. Ela falou: “Pois vai ficar ainda melhor”. Ele concordou.

A líder lavou os talheres e panelas que estavam na pia, alguns há semanas ali, sujos. Depois varreu a casa.

Debaixo das roupas sujas, ela encontrou uma lamparina inteiramente coberta de poeira. Pelo jeito, já fazia anos que não era acendida, apesar de ter ainda um pouco de querosene.

“O senhor acende esta lamparina?” perguntou a senhora. “Eu não preciso de luz”, foi a resposta. “O senhor a acenderia todas as noites, se eu vier aqui visitá-lo?” “Naturalmente”, respondeu ele.

Daquele dia em diante, a líder todas as noites o visitava, e ele acendia a lamparina. Dois anos se passaram. Um dia a líder teve de viajar, e ficou vários dias fora.

Na volta, encontrou o seguinte bilhete do velho: “Contem para a minha amiga que a luz que ela acendeu na minha vida continua brilhando”.

Quando mostramos amor a uma pessoa idosa, acendemos uma luz no seu coração. Uma luz de esperança, de alegria e de gosto de viver.

“Cuida do teu pai na velhice e não o abandones. Mesmo que ele fique caduco, sê compreensivo e não o desprezes, pois a caridade feita ao pai não será esquecida, e valerá como reparação pelos pecados que tiveres cometido” (Eclo 3,12-14).


Espantando elefantes

Certa vez, um homem estava, com sua espingarda, dando tiros para cima.

Veio um guarda e lhe perguntou: “O que você está fazendo aí, dando tiros para cima?” Ele respondeu: “Estou espantando elefantes”.

O guarda olhou em volta e disse: “Mas eu não estou vendo nenhum elefante!”. “É sinal que eu já espantei todos”, disse o homem.

Nós vivemos na cultura do medo. Vemos inimigos e perigos até na sombra.

“Eu corro, não como às tontas. Eu luto, não como quem golpeia o ar” (1Cor 9,26).

O livro Dom Quixote, do escritor espanhol Cervantes, apresenta Dom Quixote como um soldado cavaleiro muito valente. Como não encontrava um inimigo mais valente que ele, um dia, fabricou um boneco e o pendurou numa árvore, bem no meio do mato. Desse sim, ele tinha medo. Ao ver aquele “inimigo”, fugia a galope.


Menino chora com idoso

Havia, certa vez, um menino que tinha um vizinho bem idoso e que era seu amigo.

O garoto gostava de ir à casa deste senhor. Os dois se sentavam juntos, num banquinho na frente da casa, e o velho contava histórias do “seu tempo”. Eram os dois extremos da vida que se tocavam.

Um dia, o menino demorou para voltar para casa, e a mãe se inquietou, mas foi logo à casa do senhor idoso.

Ao se aproximar, viu que os dois estavam sentados no banquinho, chorando. A mãe ficou preocupada e, na volta para casa, perguntou por que ele chorava. O menino disse:

“Morreu uma irmã dele e, devido à distância, ele não pôde ir ao enterro. Por isso ele chorava. E eu estava ajudando-o a chorar”.

Que Maria Santíssima, a Consoladora dos Aflitos, e que estava de pé junto à cruz do seu Filho, nos console em nossas tristezas, e interceda junto de Deus por nós, a fim de que ajudemos os nossos irmãos e irmãs a chorar. Afinal, “consolar os aflitos” é a quarta obra de misericórdia, que aprendemos no catecismo.


Cornélia, mãe dos gracos

Certa vez, na Roma antiga, houve uma festa de gala. Dessas em que todo mundo aparece com as suas melhores roupas, e as mulheres com as suas joias mais preciosas.

Naquela festa, caiu na vista de todos a Cornélia. Ela chegou vestida com extrema simplicidade, trazendo seus dois filhos. Sentou-se à mesa, colocou o menor no colo e abraçou o outro, que estava recostado em seu coração.

Uma das madames presentes disse a ela: "Cornélia, você esqueceu as suas joias?" Ela respondeu: "Não me esqueci. Eu as trouxe. São estes meus filhos". E os abraçou.

Cornélia era uma das mulheres mais belas de Roma. Seu esposo chamava-se Graco. Os dois filhos ficaram conhecidos como “Os Gracos”. Eles se tornaram cidadãos notáveis em Roma, e o povo sabia que era devido à sua mãe, a Cornélia.

Mais tarde, foi erguida, numa praça de Roma, uma estátua de Cornélia com os dois filhos e os dizeres: “Cornélia, mãe dos Gracos". A frase já dizia tudo: Os gracos foram o que foram, graças à mãe.

O nosso grande poeta Tobias Barreto chamou a Pátria Brasileira de “Cornélia, mãe de cem Gracos”. Com isso, ele quis aludir aos muitos heróis que a nossa Pátria gerou.

Maria Santíssima é outra mãe que viu nos filhos as suas joias. O primeiro deles é de valor infinito, pois é Deus encarnado. Que ela interceda pelas mães brasileiras.

“Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu” (Mt 6,19-20).


O homem que perdeu seus documentos

Certa vez, um célebre pintor estava viajando no exterior, e perdeu todos os seus documentos: Passaporte, CPF, Identidade, Título de Eleitor... Tudo.

No aeroporto, foi barrado. Explicou o caso para a polícia. Ao explicar o que aconteceu, ele disse: “Sou pintor profissional”.

O Comissário, para comprovar se suas declarações eram verdadeiras, usou de uma estratégia: Providenciou uma tela, cavalete, tintas e pincéis, e pediu a ele que pintasse ali, na hora, o que via pela janela. O homem aproximou a tela da janela e começou o serviço.

Uma hora depois, surgiu um lindo quadro com duas mulheres vendendo frutas em suas bancas e as flores do jardim.

A autoridade assinou embaixo do quadro, carimbou-o e entregou a ele, dizendo: “Este é, aqui em nosso País, o seu documento de identidade. Pode viajar tranquilo, que tem todas as portas abertas”.

“Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35). A nossa identidade de cristãos católicos é o amor. Portanto, ela não é comprovada através de nenhum papel, mas da nossa vida prática.


O rei preocupado com a segurança

Havia, na antiguidade, um reino cujo povo estava sofrendo muito por causa da violência. Havia constantes assaltos, roubos, assassinatos, brigas...

O rei mandou um emissário viajar pelo mundo, a procura de um reino onde o povo vivesse em paz, e copiar a estratégia deles.

Depois de muito viajar, o emissário foi informado de um reino onde não havia roubos, nem assaltos, nem assassinatos, nem qualquer outro tipo de violência. Ele viajou até esse reino e lá permaneceu durante alguns dias. Viu que a informação era correta.

Conseguiu, então, uma audiência com o próprio rei, a fim de saber a tática usada. Depois voltou para o seu país.

Ao chegar, seu rei foi logo perguntando:
- “Então, você encontrou?”
- “Sim”.
- “Qual é a altura das muralhas das cidades?”
- “As cidades não têm muralhas”.
- “Como é o treinamento da polícia?”
- “Eles não têm polícia”.
- “Os cães, como que são adestrados?”
- “Lá não vi nenhum cão feroz”.
- “As grades que cercam as casas, qual a altura delas?”
- “As casas não têm grades nem muros”.
- “Como são as fechaduras das portas das residências?”
- “As portas não têm chaves”.
- “Como que é possível isso? Você descobriu a razão?”
- “Sim, Majestade. Lá eles decidiram viver como irmãos”.

Este foi o sonho de Jesus, e é o nosso sonho. Uma sociedade transformada a partir do coração das pessoas. Chamamos esse reino de Reino de Deus.

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou” (Jo 14,27).

Rainha da Paz, rogai por nós.


Monge faz malabarismo para Jesus

Certa vez, Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, desceu à terra para visitar um mosteiro. Os monges ficaram muito felizes com a visita.

Organizaram uma fila e, um a um, ao se aproximar, prestava a sua homenagem. Um recitava uma poesia feita por ele, outro mostrava uma pintura, outro cantava uma música de sua autoria, houve um que recitou de cor a lista dos livros da Bíblia etc.

No final da fila, estava um monge muito simples e humilde, que ainda não tivera chance nem de aprender a ler. Os colegas ficaram preocupados, com medo de ele dar fora, comprometendo a imagem do mosteiro. Quiseram até convencê-lo a sair da fila. Mas ele fez questão de prestar sua homenagem ao Menino Jesus e à sua mãe.

Quando chegou a sua vez, ele não disse nada. Apenas pegou cinco laranjas que trazia nos bolsos e começou a jogá-las para cima e pegá-las todas, sem deixar nem uma cair no chão. Isso em meio a belos gestos de malabarismo.

Aquele monge havia trabalhado em um circo antes de entrar no convento, e foi lá que aprendera essas coisas.

E sabe o que aconteceu? O Menino Jesus riu e bateu palmas, coisa que não fizera em nenhuma das apresentações anteriores.

No final, Maria Santíssima estendeu os braços e ofereceu o Filho para ele pegar um pouquinho, coisa que não havia feito com nenhum dos outros monges.

A ciência e os conhecimentos são importantes, mas muito mais importantes são as nossas ações e os nossos gestos de amor, mesmo que esses gestos sejam feitos unicamente para divertir o nosso próximo, fazendo-o rir.

A Encarnação aconteceu graças à obediência de duas pessoas: Do Filho eterno do Pai, que disse: “Eis que venho, ó Pai, para fazer a vossa vontade (Sl 39,8). E da sua Mãe, que disse: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1,38).


A senhora que vivia na eternidade

Havia, certa vez, uma senhora idosa que era muito prestativa.

Um dia, ela estava fazendo almoço, apareceu-lhe um anjo e disse: “Chegou a sua hora. Vim buscá-la para a eternidade”. Ela respondeu: “Por favor, sr. anjo, espere um pouco. Preciso antes terminar este almoço, senão muitas pessoas vão ficar sem comer!” O anjo concordou. Deu um sorriso e foi embora.

Meses depois, ela estava no jardim, plantando flores, e lá vem o anjo outra vez: “Vim buscar a senhora”, disse ele. Ela respondeu: “Tudo bem, mas daria para o senhor esperar uns dias, até eu deixar este jardim bem bonito?” O anjo concordou, deu um sorriso e se afastou.

Depois de um bom tempo, o marido dela ficou doente, de cama, e precisava dela para tudo. De novo lhe aparece o anjo e lhe fala: “Está pronta agora?” Ela ficou sem jeito, mas disse: “Querido anjo, agora não. Veja meu esposo como está. Ele iria sofrer muito”. O anjo deu-lhe um belo sorriso e retirou-se.

Passaram-se dez anos. O marida já havia morrido. Ela, velhinha, andava apoiada em uma bengala. E sempre pensando: “Se aquele anjo aparecer, agora eu aceito”. Mas nada de anjo. Então, um dia, ela rezou: “Anjo amigo, por que não vem me buscar para a eternidade? Não vê que agora não tenho mais nada a fazer?”

Na mesma hora, o anjo lhe apareceu e disse: “Querida, não se preocupe. Desde a primeira vez que a visitei, a senhora já estava na eternidade”.

Poucos dias depois, aquela admirável senhora fechou calmamente os olhos e passou para a outra vida.

De fato, o amor nos realiza, nos plenifica, nos preenche. Quem ama de verdade é puro, já está com Deus, mesmo antes de morrer, porque Deus é amor.


O saco de moedas

Certa vez, um homem perdeu um saco de moedas. Ele ficou desesperado, e percorreu a vizinhança dizendo: “Se alguém achar um saco de moedas, é meu”.

Horas depois, um rapaz o procurou com o saco de moedas nas mãos. O homem olhou e viu logo: É esse mesmo. E ele sabia quantas moedas havia dentro do saco: Quatrocentas moedas.

Mas o homem pensou consigo: Vou dizer que havia quinhentas, assim fico livre de dar uma gorjeta para este moço.

Pegou o saco e disse: “Muito obrigado. Você encontrou o meu saco de moedas. Vou contar para ver se estão todas aqui. Havia quinhentas moedas neste saco”.

Contou e só encontrou quatrocentas. Então disse ao rapaz: “Não há problema. O importante é que você achou. Muito obrigado”.

O rapaz saiu dali, mas logo pensou: Passei por ladrão. O meu nome é limpo aqui no bairro, e logo todo mundo vai ficar sabendo disso, e pensar que fiquei com cem moedas. Então foi ao juiz e expôs o caso.

O juiz mandou chamar o homem que ficou com o saco de moedas, e mandou que as trouxesse. O homem veio e o juiz lhe perguntou:

“Quantas moedas havia no saco que o senhor perdeu? Ele respondeu: “Quinhentas”. “E quantas estavam neste saco que o rapaz lhe entregou?” perguntou o juiz. Ele respondeu: “Quatrocentas”. “Então não é o seu”, disse o juiz. “Pode devolver ao moço o saco de moedas. Quando aparecer o dono, ele o entregará”.

Jesus é a verdade, e quem quer segui-lo deve também dizer sempre a verdade. O mentiroso acaba se dando mal, porque mentira tem perna curta. “A verdade vos libertará” (Jo 8,32). O melhor é administrar bem as nossas moedas aqui da terra, para, com elas, ganhar a grande moeda que é o Céu.


Líder vale mais que um Real

Certa vez, um líder de uma Comunidade entrou em um ônibus urbano. O ônibus não tinha cobrador. Quem recebia as passagens era o motorista.

Quando ele estava já sentado, foi conferir o troco e viu que havia um Real a mais. Veio a tentação de ficar com aquele dinheiro. Mas, após uma pequena oração, decidiu: Vou devolver. Quando o ônibus parou no ponto seguinte, ele foi lá na frente e devolveu ao motorista a moeda de um Real.

O motorista a pegou e lhe disse, sorrindo: “Foi de propósito que dei para o sr. este dinheiro a mais. Eu estou pensando em voltar a participar da Comunidade e, como o sr. é um dos líderes lá, eu resolvi fazer este teste para ver como que é a sua consciência. Mas valeu. Muito obrigado. Pode me aguardar no próximo domingo”.

Depois que o líder desceu do ônibus, rezou emocionado: “Ó Senhor, por pouco eu não vendi o seu Filho por um Real!”

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará?” (Mt 5,13).

“Aos anciãos entre vós, exorto eu, ancião como eles: ...Sede modelos do rebanho” (1Pd 5,1-3).


Bispo desafia paróquia sem padre

Certa vez, uma paróquia ficou sem padre. Eram os padres das paróquias vizinhas que iam lá presidir às Missas principais, e nas outras faziam o Culto Dominical.

A paróquia era grande, cheia de movimentos e de pastorais, mas, apesar disso, ficou sem padre. A diocese não tinha um padre para assumir aquela paróquia.

E o pior é que no seminário diocesano não havia nenhum seminarista daquela paróquia. Ela tinha até faculdades, mas ser padre ninguém queria.

Um dia, o próprio Bispo teve de ir lá, a fim de presidir à principal Missa do domingo, às 19 horas. A igreja estava, como sempre, lotada.

Terminada a Missa, o Bispo falou: “No dia em que vocês colocarem um filho desta paróquia no seminário, eu mandarei um padre para cá”.

Aquilo chocou o povo, que estava como que dormindo e não havia percebido isso, que no seminário não havia nenhum seminarista de lá.

E começaram a se preocupar. Nos Cultos Dominicais, colocavam uma estola sobre o Altar e rezavam, pedindo que Deus suscitasse nas famílias dali, vocações sacerdotais. Nos Terços rezados nas casas, as famílias pediam: “Chama, Senhor, mesmo que seja alguém da nossa família!”

Resultado: Em pouco tempo começaram a surgir rapazes e adolescentes querendo fazer a experiência no seminário.

O padre de amanhã, hoje mora na sua casa.

“Deixe uma cidade sem padre e, em pouco tempo, aquele povo vai adorar animais” (S. João Vianei).


Filho entra no mau caminho

Certa vez, uma mãe procurou o padre e disse, chorando: “Meu filho entrou no mau caminho!” E contou coisas tristes que ela descobriu.

O padre perguntou:
- “Seu filho participa da Missa?”
- “Não!”
- “Ele reza em casa com a família?”
- “Também não!”
- “Então tudo normal”.
- “Como normal? O sr. acha normal tudo isso que meu filho está aprontando?”
- “Não é isso que é normal. O normal é que um jovem que não reza e não participa da Comunidade caia no mau caminho”.

Após esse diálogo, o padre orientou e deu conforto para aquela pobre mãe.

Jesus nos alertou sobre isso: A ovelha que se separa do rebanho, o lobo pega (Cf Jo 10). “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim, meu Pai corta” (Jo 15,1-2). E se um galho é cortado da árvore, naturalmente vai secar e irá para o fogo.

O que seria de se estranhar é se aquele jovem participasse da Missa e rezasse, e, no entanto, começasse, por exemplo, a usar drogas. Estaria desmentindo Jesus, que disse que é o bom Pastor e defende as ovelhas que estão no seu rebanho.

Como seria de se estranhar, se alguém não fosse à Missa nem rezasse, e o lobo não pegasse, isto é, não se desviasse do caminho da verdadeira felicidade. Também estaria desmentindo Jesus que disse que a ovelha que se separa do rebanho, o lobo pega.


O raio da bicicleta

Certa vez, um raio de uma bicicleta resolveu abandonar o seu trabalho. Ele pensou: São tantos raios ao meu lado, todos presos no eixo e segurando a roda, um a menos não vai fazer falta. E foi embora.

Mas aquele raio estava enganado. O dono da bicicleta colocou a sua filha na garupa e foi levá-la à escola. A estrada era esburacada e cheia de pedras. No caminho, a roda entortou, os dois caíram e se machucaram.

Todas as funções na Comunidade são importantes. Ela é como um time de futebol. É o time de Cristo. Não há ninguém que não tenha recebido uma função específica.


Maria das dores visita sua colega

Havia, certa vez, uma senhora que se chamava Maria. Ela era casada e tinha três filhos.

O marido aprofundou-se na bebida e, com isso, perdeu o emprego. Ele passava o dia no bar, esquecendo-se da família. Assim, a Maria e os filhos começaram a passar necessidade.

Um dia, ela não tinha nada em casa para as crianças comerem. Então foi até uma igreja de N. Senhora das Dores, e disse a Maria Santíssima: “N. Senhora das Dores, eu sei que a senhora me entende, porque eu também sou Maria das dores. Vim pedir a sua ajuda...” E começou a chorar.

Uma senhora, que estava na igreja, viu que ela estava chorando e aproximou-se para ajudá-la. Sentou-se ao lado da Maria, pôs a mão no seu ombro e perguntou qual era o problema. A Maria explicou a sua situação.

A mulher lhe disse: “Nós temos, aqui na Paróquia, assistência social!” A partir daí, ela começou a receber, todo mês, uma cesta básica, roupas, visitas da equipe de assistência social etc. O mundo se abriu para a Maria, graças à sua visita a N. Senhora das Dores.

N. Senhora das Dores entende e está ao lado de todas as pessoas que sofrem dores, porque ela também sofreu. “Uma espada de dor te transpassará a alma” (Lc 2,35).

“Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores”.


Os dois pretendentes à linda moça

Havia, certa vez, em um bairro, uma moça bonita, mas bonita mesmo. Ela tinha dois pretendentes. Estava confusa sobre qual dos dois escolher.

Um deles falava a respeito dela para seus amigos e para todos que encontrava. Elogiava seus olhos, seus cabelos, seu sorriso, seu corpo lindo, sua voz, suas ideias... Enfim, tudo. Em todos os ambientes sociais que ele frequentava, elogiava a garota.

Um dia, ele recebeu um convite para a festa de noivado dela com o outro pretendente. Ficou chocado e triste.

Quando seus amigos lhe perguntavam por que isso aconteceu, ele dizia: “Enquanto eu falava a respeito dela para os outros, ele falava com ela!”

O mesmo vale em nosso relacionamento amoroso com Deus. Além de falar para os outros de suas qualidades maravilhosas, vamos falar diretamente com ele, senão o perderemos. Vamos nos aproximar de Deus, conversar, gastar tempo com este nosso maior amigo.

“A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos. A vós, eterno Pai, adora toda a terra!” (Hino Te Deum)


Como vender diamantes

Certa vez, um famoso negociante de diamantes ficou sabendo que um magnata europeu, colecionador de diamantes, estava interessado em certa espécie de diamante para acrescentar à sua coleção.

O negociante telefonou a ele, dizendo que acreditava ter aquela pedra perfeita, e convidou-o a vir até a sua loja, no Brasil.

O colecionador tomou o avião e veio imediatamente. O negociante contratou um vendedor especializado em pedras preciosas, para lhe mostrar o diamante.

Quando o vendedor mostrou a preciosa pedra ao colecionador, destacou todas as suas excelentes características técnicas.

O colecionador escutou-o, elogiou a pedra, mas recusou-se dizendo: “É uma pedra maravilhosa, mas não é exatamente aquilo que procuro”.

O dono da loja, que estava observando à distância a apresentação, deteve o colecionador a caminho da porta e perguntou: “Importa-se se eu lhe mostrar aquele diamante mais uma vez?” O colecionador concordou, e o comerciante mostrou-lhe a pedra.

Contudo, em vez de falar das características técnicas, falou espontaneamente a respeito da sua admiração pelo diamante e de sua rara beleza. Inesperadamente, o europeu mudou de ideia e comprou o diamante.

Enquanto esperava que o diamante fosse embalado e entregue, o colecionador voltou-se para o dono da loja e perguntou: “Por que comprei de você, quando não tive nenhuma dificuldade para dizer não ao seu vendedor?”

O lojista respondeu: “Aquele vendedor é um dos melhores no mercado e conhece bem mais do que eu a respeito de diamantes. Mas eu lhe pagaria o dobro se incutisse nele algo que tenho e ele não tem. Ele conhece diamantes, eu sou apaixonado por eles”.

O mesmo vale em nosso testemunho cristão. Podemos saber a Bíblia de cor, e conhecer toda a cristologia, mas se não amarmos a Palavra de Deus e a Jesus Cristo, não convenceremos ninguém.


O homem que rezava durante a enchente

Certa vez, houve uma enchente numa cidade, e uma casa, construída numa baixada, começou a ser inundada. Nela havia apenas um homem.

Este senhor começou a rezar para a chuva parar. Mas a chuva não parava. E ele rezava pedindo a Deus que parasse a chuva. Entretanto, a água foi subindo... até chegar à sua cintura.

Apareceu uma canoa. O canoeiro gritou: “Ei! Entre aqui!” Ele disse: “Não! Estou rezando e o Senhor vai me ajudar”. E a água subindo.

Logo ele teve de subir no guarda-roupa. Apareceu um barco a motor. Chamaram-no, mas ele deu a mesma resposta.

Minutos depois, o homem teve de subir em cima do telhado. E a chuva não parava, nem ele parava de pedir para Deus parar a chuva.

Com a água já nos joelhos, apareceu um helicóptero. Desceram uma cadeirinha até ele numa corda. Mas ele deu sinal que não ia, porque estava rezando para a chuva parar.

Aconteceu que a chuva aumentou, o homem foi levado pela correnteza, não sabia nadar e morreu afogado.

Logo que chegou ao Céu, já foi brigando com o primeiro que encontrou, que foi S. Pedro: “Deus não atendeu à minha oração!” disse ele. S. Pedro respondeu: “Como não atendeu, filho, se Deus lhe mandou a canoa, o barco a motor e até o helicóptero?”

“Pedi e vos será dado. Procurai e achareis. Batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate a porta será aberta” (Mt 7,7-12). Mas Deus nos atende, não diretamente, e sim através das pessoas e dos recursos que ele deixou na terra, como essa canoa, esse barco a motor e esse helicóptero.

Outro aspecto da oração é que Deus dá o melhor para nós, que nem sempre é aquilo que pedimos. A inteligência dele é maior que a nossa, e ele conhece o futuro. Por isso, a hora melhor de recebermos uma graça pode ser não agora, mas daqui a vinte anos, por exemplo.

Maria Santíssima sabia rezar. Ela pedia a graça de fazer a vontade de Deus, não de Deus fazer a vontade dela: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1,38). Em outras palavras: Sou a tua escrava. Pode fazer de mim o que o Senhor quiser e quando quiser.

“Ensina teu povo a rezar, Maria Mãe de Jesus”.


O cientista e a pinguela

Havia, certa vez, um cientista que era um dos homens mais cultos do seu país. Ele era conhecido mundialmente, devido aos seus livros e publicações científicas.

Um dia, este senhor foi visitar um parente pobre, que morava em uma região rural bem afastada da cidade.

A família ficou muito feliz em receber o ilustre parente, e foram, a pé, visitar um vizinho.

Tiveram de atravessar um córrego largo, onde havia uma pinguela. O córrego não dava pé e a correnteza era forte. As crianças passaram com facilidade, as mulheres e até pessoas idosas. Mas o cientista ficou inseguro, porque nunca havia passado em uma pinguela daquele tamanho. Entretanto, disfarçou seu medo e começou a atravessar.

Mas, infelizmente, bem no meio do córrego ele desequilibrou-se, caiu na água e morreu.

Aquele senhor entendia das altas ciências, mas não sabia passar numa pinguela!

Que Maria Santíssima nos dê a mão, na travessia mais importante da nossa vida, que é para a eternidade.


Bichos elegem seu chefe

Certa vez, numa floresta, a bicharada se reuniu para eleger o seu chefe. O leão é, por natureza, o rei dos animais. Mas havia três leões. Qual deles seria eleito o rei?

Os leões comentaram entre si e disseram: “É verdade. Uma floresta não pode ter três reis. Precisamos decidir qual de nós será o rei”.

Mas como fazer isso? Essa era a grande questão. Lutar entre si eles não queriam, pois eram muito amigos.

A bicharada se reuniu e decidiram: A solução está na montanha difícil. Os três deverão escalar a montanha. Aquele que atingir o pico primeiro, será o nosso rei. A montanha era a mais alta entre todas naquela floresta. O desafio foi aceito.

No dia combinado, milhares de animais cercaram a montanha para assistir à grande escalada.

O primeiro tentou, não conseguiu. O segundo tentou, não conseguiu. O terceiro tentou, não conseguiu.

Os animais estavam curiosos e impacientes. Afinal, qual dos três leões será o nosso rei, já que os três foram derrotados?

Foi nessa hora que uma águia idosa e de grande sabedoria, pediu a palavra e disse: “Eu sei quem deve ser o rei. Eu voava sobre eles e escutei o que disseram para a montanha, ao serem derrotados por ela.

O primeiro disse: ‘Montanha, você me venceu’. O segundo falou: ‘Montanha, você me venceu’. O terceiro reagiu diferente. Ele disse: ‘Montanha, você me venceu, por enquanto’.

A diferença”, continuou a águia. “É que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota. E quem pensa assim é maior que seu problema. É rei de si mesmo, portanto está preparado para ser o rei dos outros”.

Os animais aplaudiram entusiasticamente o terceiro leão, e ele foi coroado rei da floresta.

As montanhas difíceis sempre estarão em nosso caminho e sempre nos parecerão intransponíveis. Uma atitude positiva diante das dificuldades é que faz a diferença. Um problema só vencerá você, se você deixar. Com Deus, nós somos maiores que todas as montanhas.

“Em tudo isso somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rm 8,37).


Os rastos do leão

Certa vez, um rapaz universitário perdeu-se numa floresta. Depois de muito andar, encontrou a casa de uma família, que o acolheu com muito carinho.

Antes de dormirem, numa conversa, ele contou que era ateu, que não acreditava na existência de Deus. Ninguém comentou nada sobre isso.

No outro dia cedo, o dono da casa arrreou dois cavalos e foi levá-lo até a estrada onde passava o ônibus.

No caminho, o senhor disse ao jovem: “Tome cuidado, existe um leão aqui perto”. O rapaz perguntou assustado: Como que o senhor sabe? “Olhe os rastos dele aí no chão”, disse o homem.

Depois falou para o rapaz, num tom sério: “Agora, olhe para cima. Você está vendo este céu azul? São os rastos de Deus. Ele também está por perto. Tome cuidado!”

“São insensatas todas as pessoas que não conhecem a Deus. Partindo dos bens visíveis, não são capazes de conhecer aquele que é, nem tampouco, pela consideração das obras, chegaram a conhecer o artífice” (Sb 13,1).


A bailarina persistente

Havia, certa vez, uma jovem que tinha um sonho: ser bailarina. Os rapazes até já haviam se retirado da vida dela, pois percebiam que a paixão daquela garota era somente ser bailarina. Até sonhava, vendo-se dançando em um palco.

Um dia, ela teve a sua grande chance: Apareceu a inscrição para uma companhia de balé, de fama internacional. Ela se preparou ao máximo para o dia do teste.

Entretanto, terminada a apresentação, o diretor da companhia lhe disse que ela não estava selecionada. A menina caiu em prantos. Foi o fim do seu maior sonho na terra. Esforçou-se ao máximo, expressando tudo o que sabia e toda a sua capacidade artística, mas nada. Foi como se sua vida inteira desabasse.

Na longa viagem de volta para casa, em meio às lágrimas, ressoava sempre em seus ouvidos aquele ‘não’ do diretor.

Meses se passaram, até que ela recuperasse as forças de calçar novamente as sapatilhas e fazer seus alongamentos em frente a um espelho.

Vários anos mais tarde, a jovem, já uma estimada professora de balé, criou coragem de procurar novamente aquele diretor e pedir nova chance.

Após o concerto, aproximou-se dele e perguntou qual a sua nota. Ele disse: Você foi aprovada para ser a nova bailarina da nossa companhia.

Ela perguntou por que a recusara no primeiro teste, anos atrás. Ele respondeu: “Perdoe-me, minha filha. Eu faço isso com todas as candidatas. Você não poderia ter sido grande o suficiente, se não fosse capaz de continuar o sonho, sem se deixar abater pela opinião de uma pessoa”.

Quando a vida lhe apresentar mil razões para chorar, mostre-lhe que você tem mil e uma razões para sorrir.


Santo Antônio e o cavalo que se ajoelhou

Certa vez, numa procissão de Corpus Christi, Santo Antônio estava levando o Santíssimo. As ruas estavam enfeitadas e o povo cantando, com grande alegria, em louvor a Jesus eucarístico.

Numa esquina, apareceu um homem a cavalo, de chapéu na cabeça, e bravo, porque não conseguia atravessar a rua.

Quando o Santíssimo foi chegando, para espanto do cavaleiro e alegria do povo, o cavalo se ajoelhou.

Imagine a cena: O homem, bravo, de chapéu na cabeça, e o cavalo de cabeça baixa, ajoelhado.

Com certeza, o que estava em cima era mais cavalo do que o animal que o carregava.

Jesus é o Rei de todo o universo, inclusive dos animais. Deus Pai entregou tudo em suas mãos.

Em Belém, aconteceu algo semelhante: Os animais em volta do Menino Jesus, e o povo da cidade recusando até um lugarzinho para a mãe dar à luz.

E hoje não é muito diferente. Quanta gente, por exemplo no Natal, nem liga para o Menino Jesus, e até se aproveita da festa de aniversário dele para se enriquecer ou outros interesses.


A lebre e o caçador

Havia, certa vez, num campo, uma lebre. Ela era bonita e vivia feliz, saltitando no descampado. Um dia, ela viu um caçador com uma arma de fogo. Sentiu medo, correu o quanto pôde e se escondeu atrás de uma moita de capim. O caçador procurou, procurou... não a viu e foi-se embora.

Mas a lebre resolveu comer aquela moita de capim.

No dia seguinte, lá estava novamente o caçador. Como não havia mais moita de capim para ela se esconder, o caçador a viu, deu um tiro e ela morreu.

A natureza nos protege. Não podemos aproveitar-nos dela de modo imprudente, pois assim ela para de nos proteger, e a nossa vida correrá perigo.

Mas, se Deus quiser, um dia conseguiremos reflorestar os nossos descampados, purificar as nossas águas e ver novamente as borboletas enfeitando os nossos riachos. Não vamos devorar as moitas que são a nossa proteção.

A lebre não conseguiu dominar o seu desejo de comer o capim. Nós, seres racionais e cristãos católicos, não podemos cometer o mesmo erro.

Rainha do universo, rogai por nós.


A flor rara e frágil

Havia, certa vez, uma jovem esposa que tinha tudo: Um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe rendia um bom salário e uma família unida.

O problema era que ela não conseguia conciliar as coisas. Se o trabalho lhe consumia tempo demais, ela tirava dos filhos. Se surgiam imprevistos, ela deixava de lado o marido... E assim, as pessoas que ela mais amava eram deixadas para depois.

Até que um dia, seu pai, um homem sábio, lhe deu um presente: Uma flor muito rara, da qual só havia um exemplar. O pai lhe entregou o vaso e disse:

"Filha, esta flor vai lhe ajudar muito mais do que você imagina. Você terá apenas de regá-la. Se assim fizer, ela enfeitará sua casa e lhe dará em troca esse perfume maravilhoso".

A jovem ficou emocionada. Afinal, a flor era de uma beleza sem igual.

Mas, o tempo foi passando, os problemas surgiram, o trabalho consumia todo o seu tempo, e sua vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor.

Ela chegava à sua casa e a flor ainda estava lá, sem mostrar sinais de fraqueza ou morte, apenas estava lá, linda, perfumada. Então ela passava direto.

Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ao chegar à sua casa, a jovem esposa levou um susto, e chorou. Contou ao pai o que havia acontecido. Seu pai então lhe disse:

"Eu já imaginava que isso aconteceria e, infelizmente, não posso lhe dar outra flor, porque não existe outra igual a essa. Ela era única, assim como seu marido e seus filhos. Eles são presentes que o Senhor lhe deu, mas você tem de aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois, assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre viçosa, sempre perfumada, e se esqueceu de cuidar dela”.

Por fim, o pai, amoroso e sábio, concluiu: "Filha, cuide das pessoas que você ama!"

Além da família, vamos cuidar de outra flor que temos, que é a graça de Deus recebida no nosso Batismo. Esta flor é belíssima, mas á também frágil. Ainda que o Senhor demore a chegar, não o abandonaremos.

Maria Santíssima é a mais bela flor criada por Deus. Rosa Mística, rogai por nós!.


O beija-flor e o incêndio

Houve, certa vez, um incêndio numa floresta. Eram chamas enormes, destruindo tudo.

Um beija-flor ia até o córrego, enchia o biquinho de água, vinha voando bem alto e jogava a água em cima do fogo, para apagá-lo. E continuava nesse trabalho.

Um elefante viu a cena e zombou do beija-flor: “Você acha que, com esse pouquinho de água, vai conseguir apagar este fogo?” “Eu estou fazendo a minha parte”, respondeu o beija-flor. “Se cada um aqui fizer a sua, tenho certeza que apagaremos este incêndio”.

Diante dos grandes problemas do mundo, as pessoas costumam tomar três atitudes distintas. A primeira é acomodar-se. Eu não dou conta mesmo, por isso nem vou começar. Esta foi a atitude do elefante que, com a sua enorme tromba, poderia jogar muita água no incêndio.

A segunda atitude é revoltar-se. A pessoa fica triste e desiludida diante de tantos e tão grandes problemas, que são maiores do que ela. Alguns até se vingam em si mesmos, por exemplo, usando drogas.

E a terceira é dar o primeiro passo, por pequeno que seja, na esperança de que Deus entrará no meio, abençoará e maravilhas acontecerão. Esta foi a atitude do beija-flor. Não nos esqueçamos dos cinco pãezinhos que o Apóstolo André apresentou a Jesus, para alimentar cinco mil pessoas (Cf Jo 6,9).

Ao ouvir as palavras do anjo, Maria disse: “‘Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra’. E o anjo retirou-se” (Lc 1,38). Essa foi a melhor resposta vocacional de todos os tempos. Maria, mãe das vocações, rogai por nós.


Índio ouve o canto do grilo

Certa vez, dois rapazes, um índio e um branco, estavam passeando numa cidade grande. Era de tardezinha, depois de uma chuva, e eles estavam numa avenida central, com jardim no meio. O movimento, tanto de veículos como de pessoas que voltavam do trabalho, era enorme.

De repente, o índio falou: “Eu estou ouvindo um grilo cantar”. “Impossível!” disse o branco. “Como que, neste barulho todo, você vai ouvir o canto de um grilo?” Mas o índio insistiu que ouvia.

Para provar, depois que o farol fechou, ele levou o amigo até o canteiro central da avenida, afastou as folhas e apontou para o animalzinho.

Continuaram andando na calçada, no meio da multidão. Disfarçadamente, o índio deixou cair no chão umas moedas que tinha no bolso. Várias pessoas ouviram o barulhinho delas e olharam na direção.

“Está vendo?” disse o índio. “Eu escutei o grilo porque estou acostumado com o seu canto. Essas pessoas escutaram as moedas caírem, porque estão acostumadas com o barulho de moedas. Nós ouvimos aquilo que amamos”.

“Ninguém pode servir a dois senhores, pois vai odiar a um e amar o outro... Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13).


O Ir. Bruno e o coaxar da rã

Certa vez, o Ir. Bruno estava em oração e sentiu-se perturbado pelo coaxar de uma rã. Vendo que todos os seus esforços no sentido de ignorar aquele ruído se tornavam inúteis, ele abriu a janela e gritou: “Silêncio! Eu estou rezando!” Sua ordem foi imediatamente obedecida. Todos os seres vivos calaram suas vozes, a fim de criar um silêncio que pudesse favorecer a oração do Ir. Bruno.

Mas eis que outro som inesperado veio perturbar o Ir Bruno. Era uma voz interior que lhe dizia: “Deus gosta tanto do coaxar da rã como da tua prece”. E aquela voz interior continuou falando: “Por que razão achas que Deus inventou a voz dos animais para perturbar?”

Então o Ir. Bruno abriu novamente a janela e gritou: “Canta!” E o coaxar rítmico da rã retornou a encher os ares, acompanhado por todas as rãs daquele lugar, pelos pássaros e todos os animais. E quando o Ir. Bruno prestou atenção naqueles sons, eles já não o irritavam, e sim ajudavam a rezar.

Então o coração do Ir. Bruno começou a sentir-se em harmonia com o universo.

A natureza é bela e bem feita. É o pecado que nos leva a estragá-la.

Não vamos silenciar nem apagar a natureza ao nosso redor (Cf Sl 8).


São Francisco das Chagas

S. Francisco de Assis, quando já era idoso, vivia angustiado com a seguinte pergunta: “Será que Deus está contente comigo, com o que eu fiz?”

Em suas orações, ele pedia todos os dias a Deus: “Senhor, dê-me um sinal, mostrando se tudo o que eu fiz foi ou não do seu agrado!” De fato, o único desejo de Francisco era agradar a Deus.

Numa noite, quando ele acordou, percebeu que estava com as chagas. Eram ferimentos nas mãos, nos pés e no peito, como os de Jesus. Daí para frente, parou a angústia de Francisco. Ria até as orelhas. Porque ele viu, nas chagas, um sinal do amor de Deus por ele, unindo-o com o seu Filho amado, Jesus Cristo. Portanto, viu-as como uma resposta de Deus à sua pergunta.

E foram cinco feridas dolorosas. Elas deram trabalho para Francisco. Ele teve de fazer curativos e um longo tratamento. Inclusive, elas limitaram um pouco as suas atividades.

Que paradoxo, não? Ver como presente de Deus, e como sinal do seu amor, cinco dolorosas feridas! Encontrar a felicidade em chagas, isto é, na dor!

E isso que Deus fez com Francisco, faz também conosco. Nós não procuramos a cruz, como Jesus não a procurou. Mas quando ela vem, justamente pelo fato de estarmos seguindo a Jesus, nós a vemos como uma bênção de Deus.

“Felizes os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4).

A festa de S. Francisco das Chagas é dia 17 de setembro.


O desespero no enterro

Certa vez, um homem morreu. A esposa chorou muito durante o velório.

Na hora do enterro, quando os coveiros começaram a jogar terra na cova, ela subiu em cima do monte de terra, olhou para o caixão lá embaixo, e começou a chorar alto e dizer: “Fulano, me leve com você! Eu não quero viver mais neste mundo sem você! Leve-me, por favor!...”

Nisto, ela se escorregou na terra e caiu dentro da cova. Imediatamente, gritou para os coveiros: “Tirem-me daqui! Tirem-me daqui depressa!” Sinal que não queria morrer coisa nenhuma.

Duas falhas ela cometeu. Primeira: Pedir a morte. Nós não somos donos da nossa vida. A vida pertence a Deus. Não escolhemos o dia de nascer, não vamos escolher também o dia de morrer.

Segunda falha: O desespero diante da morte de uma pessoa querida. Nós choramos sim, mas o nosso choro é cheio de esperança e de paz, pois acreditamos que um dia nos reencontraremos na outra vida.

“A vida não é tirada, mas transformada” (Prefácio da Missa de defuntos).

Jesus disse, quando ressuscitou a menina Talita: “Por que essa agitação, por que chorais? A menina não morreu, ela dorme” (Mc 5,39).

A nossa melhor atitude, quando morre uma pessoa querida, é: 1) Rezar por ela. 2) Recordar uma virtude dela, para imitar, continuando o seu testemunho na terra. 3) Esquecer a pessoa e cuidar da própria missão, pois a dela já terminou, a nossa não.


Monge não conseguia rezar o Pai Nosso

Havia, certa vez, um jovem monge que não conseguia mais rezar o Pai Nosso. Era só começar, ele parava na primeira palavra: Pai. Ficou preocupado e foi falar com o abade, que é o chefe do mosteiro.

Este lhe perguntou o motivo por que parava. O monge disse: “Quando eu falo a palavra Pai, começo a pensar: Que maravilha! Somos filhos de Deus! Pertencemos à família dele!... E assim, quando vejo, já acabou o tempo da nossa oração, e eu não rezei nem o Pai Nosso”.

O padre superior falou: “Está bem, filho, pode continuar assim”.

“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “Abbá” = Pai. Portanto, já não és mais escravo, mas filho. E, se és filho, és também herdeiro. Tudo isso por graça de Deus” (Gl 4,4-6).



O sapo e a rosa

Havia, certa vez, uma rosa muito bonita. Todos a observavam e admiravam.

Um dia, ela percebeu que ao seu lado havia um sapo. Indignada, mandou o sapo ir embora.

Dias depois, o sapo voltou e viu que a rosa estava feia, sem as pétalas. Perguntou a ela o que aconteceu. Ela respondeu: Desde que você foi embora, as formigas me comeram, dia a dia, e me deixaram deste jeito. E agora nunca mais voltarei ao que eu era.

O sapo disse: “Quando eu estava aqui, comia todas as formigas que se aproximavam de você. Por isso que você era tão bonita”.

­­­­­­­­­­­­­­­Toda a natureza foi feita por Deus para nós, para o nosso bem.

E existe o ecossistema, isto é, os vários seres criados por Deus estão interligados, e um depende do outro. Assim como a rosa depende do sapo, nós dependemos do oxigênio produzido pelas plantas.

Cimento é para construir casa, não para cimentar o terreiro da nossa casa, acabando com o verde em volta. Se cimentarmos o terreiro, nós mesmos é que vamos pagar, perdendo as pétalas.


Folha de plástico salva doente

Certa vez, na Europa, um senhor estava muito doente, de cama. Ele estava desanimado, e dizia continuamente: “Eu vou morrer!”

A filha, que o acompanhava, animava-o dizendo: ”Não, pai, o senhor vai sarar”. Mas não adiantava. O velho estava pessimista mesmo.

Ele observava, pela janela, uma árvore que perdia as folhas dia por dia, devido à chegada do inverno, e dizia para a filha: “Quando esta árvore perder a última folha, terá chegado o meu fim”.

Sabe o que a moça fez? Providenciou uma folha de plástico, igualzinho às da árvore, e, quando o pai estava dormindo, subiu na árvore e a prendeu em um galho.

Poucos dias depois, o frio aumentou e caíram todas as folhas, menos aquela. Quando o pai olhava para a árvore, dizia: “Está vendo, filha, só falta uma folha para cair. Quando isso acontecer, eu também partirei desta vida”.

Numa noite, veio a neve e pintou toda a árvore de branco, como de algodão.

Meses depois, surgiu a primavera, e a árvore se encheu de folhas e flores. A natureza toda ficou bonita, e o velho também se reanimou.

Essa moça cuidava do pai doente, não só fisicamente, mas também afetiva e psicologicamente.

Que sejamos semeadores de esperança.

Maria Santíssima tem um cuidado especial pelos seus filhos e filhas enfermos. Basta visitar Aparecida, Guadalupe, Fátima, Lourdes e outros santuários marianos, para comprovar isso. Mãe dos doentes, rogai por nós!


O verdadeiro motivo das dúvidas de fé

Certa vez, um senhor procurou o padre, dizendo que estava com dúvidas de fé. Os dois foram conversar numa sala, cuja janela era de vidros transparentes, mas estes estavam embaçados, devido ao frio úmido lá fora.

A certa altura, o padre pediu ao homem: “Por favor, vá até a janela e olhe para fora”. Ele foi e olhou. O padre perguntou: “O que você está vendo?” “Estou vendo pessoas passando na rua”, disse o homem. “Mas vejo mal, nem dá para distingui-las, porque o vidro está embaçado”.

Então o padre foi lá, abriu a janela e perguntou: “E agora?” Ele disse: “Agora sim, vejo tudo nitidamente, não só as pessoas, mas as casas e até as belas flores”.

Os dois se sentaram novamente e o padre explicou: “Uma vida cristã medíocre embaça os nossos olhos e começamos a ter dúvidas de fé”. Obedeça aos mandamentos e você verá que as dúvidas de fé desaparecerão.

“A lâmpada do corpo é o olho. Se teu olho for transparente, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas” (Mt 6,22-23).


O padre amassa-barro

Certa vez, um missionário estava pregando as santas missões numa Comunidade rural. Chegou o dia da visita aos doentes. Aconteceu que naquele dia estava chovendo muito. Mesmo assim, o padre foi, junto com um guia. Foram a pé.

Na estrada, encontraram um homem que não estava participando da missão. O guia disse a ele: “Eu não estou vendo você participar da missão!”

O homem respondeu: “Esses padres são todos almofadinhas. O dia que eu ver um padre amassando barro como nós aqui, aí eu vou à igreja”. O guia lhe disse na hora: “Pois este aqui é o padre, o nosso missionário”.

O homem não sabia onde por a cara. O padre riu, tirou da sacola a estola e lhe mostrou. Aquele senhor desmontou-se. Ficou amarelo, azul, verde... de todas as cores. Naquela mesma noite, lá estava ele, participando da missão.

Quando nós fraquejamos na fé, Deus nos manda convites e advertências das mais diversas formas. Às vezes, até humilhações, para dobrarmos o pescoço diante do absoluto que é Deus. Isso porque ele nos ama e nos quer todos junto dele.

Maria Santíssima sempre viveu a fé com empenho e perseverança. Como disse Isabel, ela ouviu a Palavra de Deus e a pôs em prática. Mãe das Comunidades, rogai por nós.


O pecado nos desfigura

Leonardo Da Vinci foi um grande pintor italiano do Séc. XV. A sua obra prima é o quadro A Última Ceia. Ele demorou quase um ano para pintar esse quadro tão bonito.

A primeira pessoa que ele pintou foi o Cristo. Vários meses depois, faltava apenas um Apóstolo: Judas Iscariotes, o traidor.

Da Vinci saiu pelas ruas de Roma, à procura de alguém parecido com Judas, para que pudesse copiá-lo na tela. Encontrou um rapaz e o contratou.

Após o serviço, o jovem começou a chorar. Da Vinci perguntou-lhe por quê. Ele respondeu: “O Cristo que está aí na tela sou eu também! O senhor não está me reconhecendo, porque naquela época eu havia acabado de mudar-me do interior aqui para Roma, e a minha vida era correta. Mas infelizmente eu caí...”

O rapaz abaixou a cabeça e continuou chorando. Da Vinci abraçou-o e o convidou a mudar de vida, voltando ao que era.

O pecado nos desfigura. Ele é capaz de, em apenas um ano, transformar um bom cristão católico em um Judas Iscariotes.

Mas Jesus é maravilhoso. Ele deixou-nos meios para nos levantarmos e readquirirmos a inocência perdida.

Maria Santíssima nunca foi desfigurada pelo pecado. E ela é, depois de Jesus, a maior agente de transfiguração que existe. Que ela nos ajude a nos transfigurarmos e a sermos agentes de transfiguração.


Os pequenos, quando unidos, são fortes

Certa vez, o povo de um lugar ficou sem água. Houve uma seca muito grande na região. Os córregos secaram, também os açudes, os poços, tudo.

Um senhor resolveu tirar proveito da situação. Construiu um grande reservatório e vendia água para a população a dois Reais o balde.

Mas era o próprio povo do lugar que ia buscar a água para o reservatório, num rio bem distante.

O homem pagava um Real por balde, para este serviço. Com isso, naturalmente, o povo foi ficando sem dinheiro para comprar água.

Alguns transportadores tiveram uma ideia: Em vez de vender a água para o dono do reservatório, vendê-la direto para o povo, a um Real o balde.

Quando o homem percebeu que seus fregueses estavam diminuindo, ficou furioso. Primeiro, apelou para leis, dizendo que aquela venda paralela era ilegal.

Ao mesmo tempo, investiu na propaganda. Eram garotas lindas que apareciam na televisão, bebendo a água do seu reservatório.

Mas os transportadores, que iam de casa em casa entregar a água, diziam que era a mesma do reservatório, pois eram eles que traziam também.

Assim, o povo saiu ganhando. Os jovens ficaram felizes, cheios de ideal, porque viram a força da união, a força do povo.

O profeta tem o dom de perceber as situações de exploração e de pecado, e tem também o dom de alertar os pequenos. Todos recebemos, no batismo, a missão profética.

Maria Santíssima previu que os poderosos iam ser derrubados de seus tronos, e os humildes iam ser elevados. Rainha dos profetas, rogai por nós.


O aluno que pediu uma folha em branco

Certa vez, um professor estava aplicando uma prova aos seus alunos, os quais, em silêncio, tentavam responder as perguntas com certa ansiedade.

Faltavam quinze minutos para o encerramento, quando um aluno levantou o braço e disse ao professor, que estava sentado à sua mesa: “Professor, pode me dar uma folha em branco?”

O professor levou a folha até a sua carteira e perguntou por que mais uma folha em branco. Ele respondeu: “Eu tentei responder as questões, rabisquei tudo, fiz uma confusão e quero começar outra vez”.

Apesar do pouco tempo que faltava, o professor confiou no rapaz e lhe deu a folha em branco, torcendo para o aluno.

Nós, pela vida afora, vamos corrigindo aqui, apagando ali... Mas pode acontecer que, em determinado momento, precisemos começar uma vida nova, mudando radicalmente os nossos hábitos. Isso, apesar, talvez, do pouco tempo que nos resta de vida.

O professor, que é Cristo, confia em nós e torce para acertarmos e passarmos na prova.

Há momentos na vida em que a única saída para seguir a Cristo e pedir uma folha em branco. Como disse Jesus a Nicodemos: “Se alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus” (Jo 3,3).

Os nossos atos têm suas raízes. Eles são manifestações do nosso mundo interior. Os nossos atos são como iceberg, isto é, pequenas manifestações da parte maior e mais profunda, que são as nossas atitudes. Se os nossos atos errados são frequentes, será que não é hora de pedir uma folha em branco?

Maria Santíssima tinha o coração todo voltado para seu Filho e para a Igreja. Afinal, ela é Mãe dos dois. Nós pedimos a ela que interceda por nós, a fim de revermos com coragem a nossa vida, pedindo, se necessário, outra folha.


O cego e a maçã

Certa vez, alguém perguntou a um cego: “Que fruta é esta que eu tenho aqui na minha mão?” O cego respondeu na hora: “É uma maçã”. A pessoa então disse: “Como você sabe, se é cego?” O cego respondeu: “Eu perdi a visão, não o olfato”.

Ter fé é ver além do que os nossos olhos da carne veem. É ver o mundo com os olhos de Deus.

Por exemplo, se olharmos a Igreja com os olhos da carne, ela é cheia de defeitos. Mas se a olharmos com os olhos da fé, ela é o Corpo Vivo de Cristo na terra.

E o seu chefe terreno, o Papa, visto com os olhos da fé, é o representante de Cristo entre nós. As suas orientações são seguras, porque ele tem o dom da infalibilidade. Nós amamos o Papa, confiamos nele e o defendemos.

Que Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, faça com que nunca nos afastemos do rebanho do Bom Pastor.


Três moças, três atitudes

Certa vez, uma moça estava andando numa estrada e viu uma rosa. Apanhou-a e a levou para casa.

Dias depois, outra moça estava andando naquela estrada e viu outra rosa. Achou-a muito bonita. Contemplou-a e a deixou ali, para que outros a vissem. Aconteceu que o sol era muito quente e aquela rosa, sem água, murchou.

Uma terceira moça passava dias depois por aquela estrada e viu outra rosa. Ficou encantada. Buscou água e a regou.

Estão aí os três tipos de pessoas que existem no mundo:
- As egoístas que não pensam nos outros e destroem o que faz outras pessoas felizes.
- As que não destroem, mas também não constroem.
- E as que constroem, melhoram o mundo, tornando-o mais bonito.

Que sejamos como a terceira moça.

Maria Santíssima é chamada a Flor de Jessé (Cf Is 11,1). “De Jessé nasceu a vara, da vara nasceu a flor, e da flor nasceu Maria, de Maria o Salvador”.


A mãe que amarrava o filho no pé da mesa

Certa vez, uma família escutou um choro de criança numa casa vizinha, que estava fechada. Telefonaram para a polícia. Esta veio, arrombou a casa e descobriu: Um garotinho de dois anos estava amarrado no pé de uma mesa.

A polícia procurou a mãe e esta explicou: É mãe solteira, empregada doméstica, e a patroa não aceitava a criança junto com ela no serviço. Ela não tinha nenhum parente na cidade e a sua família morava muito longe.

A moça falou tudo isso chorando muito. Ela era a primeira a não querer aquilo para o seu querido filhinho.

Se você fosse a polícia, quem você incriminaria:
1) O pai da criança que, após engravidar a moça, a abandonou?
2) A mãe? Mas a criança precisava comer, e não havia outro jeito de providenciar alimentos.
3) A família da mãe?
4) A prefeitura que não construiu uma creche naquele bairro?
5) Os vizinhos, que foram bons para telefonar à polícia, mas nem conheciam a vizinha, que morava sozinha com seu filhinho? Naquela rua, ninguém conhecia ninguém. A única preocupação dos moradores é trancar bem as suas casas. Se os vizinhos tivessem coração, certamente alguém se aproximaria dessa moça e pensaria o problema junto com ela, encontrando uma saída melhor.

Que coisa triste! O choro dessa criança se une aos milhares de outros choros, provocados pela sociedade injusta e cruel. “Não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!” (Mt 23,28.


A águia que virou galinha

Certa vez, um rapaz estava caminhando numa floresta e encontrou no chão um filhote de águia bem novinho. A aguiazinha havia caído do ninho. Mas a árvore era muito alta e o jovem não conseguia recolocá-la no ninho.

Levou-a para a sua casa e a pôs junto com os pintinhos de uma galinha. Tanto a galinha como os pintinhos aceitaram a nova companheira.

A aguiazinha foi crescendo e aprendendo a ser uma galinha. Ciscava o chão como os seus colegas franguinhos. Mas seu corpo era diferente, as asas, as pernas, o bico...

Com o passar do tempo, ela se tornou uma águia grande, e não voava. O rapaz a pegou, subiu no telhado da casa e jogou a águia para baixo. Ela tentou voar, mas não conseguiu e se esburrachou no chão.

No dia seguinte, ele a pegou novamente, subiu numa árvore bem alta e jogou. Outra vez, a ave acabou caindo. E continuava com as galinhas.

Um dia, o moço pegou aquela águia e a levou a uma montanha bem alta. De lá, jogou-a para baixo. Ela logo movimentou as suas asas, e voou bonito, indo juntar-se às outras águias.

Somos águias de Deus e as tentações querem fazer de nós galinhas. O pecado original nos fez cair do ninho. Precisamos ter coragem, porque o mundo e a natureza estão pedindo socorro.

Pelo Batismo, fomos acolhidos por um jovem, Cristo, e levados para a Santa Igreja. Na Crisma, fomos jogados da montanha, e o Espírito Santo está conosco para nos ajudar a voar, como filhos e filhas de Deus.

Maria Santíssima subiu tanto na vida que se tornou estrela. É a bendita entre as mulheres, que viveu as dimensões mais sublimes da vida humana. Santa Mãe de Deus, rogai por nós.


A rolinha de patinhas para cima

Certa vez, uma pessoa estava andando numa região rural e viu, na beira da estrada, uma rolinha deitada de costas e de patinhas para cima.

A pessoa perguntou: "O que você está fazendo aí, rolinha, desse jeito, com as patinhas para cima?"

Ela respondeu: "Eu ouvi dizer que o mundo vai tombar, e eu não vou deixar. Vou segurar".

A pessoa deu risada e disse: "Onde já se viu, rolinha, você, com essas perninhas tão fininhas, vai conseguir segurar o mundo?"

Ela respondeu: "Sozinha, eu não dou conta. Mas estou fazendo a minha parte. Se todos fizerem como eu, o mundo não vai virar".

Esta é a nossa missão. Fazer a nossa parte, o que está ao nosso alcance, mesmo que pouquinho. Começar pela nossa família e pela nossa Comunidade.


O casal descontente

Havia, certa vez, um casal que vivia sempre descontente com o lugar onde morava. Por isso, mudava frequentemente de residência. Nunca chegavam a morar dois anos na mesma casa. Hora era um vizinho que não lhes agradava, hora era a casa que não era boa etc.

Um dia, o marido chegou em casa com um recorte de jornal que trazia o endereço de uma ótima casa para alugar. A esposa olhou e disse: “Bem, nós já moramos nesta casa a cinco anos atrás! Você não se lembra?” Sinal que o problema estava dentro deles, não nas residências ou nos vizinhos.

Este casal é parecido com aquela mulher samaritana, antes de encontrar-se com Jesus. “Jesus disse a ela: Vai chamar teu marido e volta aqui! Eu não tenho marido, respondeu a mulher. Ao que Jesus retrucou: Disseste bem que não tens marido. De fato, tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é teu marido” (Jo 4,16-18).

“O coração humano permanece sempre inquieto, enquanto não se repousar em Deus” (Santo Agostinho).


Qual é o seu ideal?

Certa vez, um mestre passeava em um campo de trigo, quando um discípulo se aproximou e lhe expôs o seguinte problema pessoal:

“Mestre, eu não sei distinguir qual é o meu verdadeiro ideal”. O mestre lhe perguntou: “O que significa este anel no seu dedo?” “Meu pai me deu antes de morrer”, respondeu o jovem.

O mestre pediu: “Pois me entregue”. O discípulo tirou o anel e lhe deu. Na hora, o mestre atirou o anel no meio do trigal.

“E agora?” gritou o jovem. “Terei de parar tudo o que estou fazendo para procurar o anel, pois ele é muito importante para mim!”

O mestre concluiu: “Quando achá-lo, lembre-se: Você mesmo respondeu a sua pergunta. Ideal é aquilo que você coloca em primeiro lugar na vida, e pelo qual sacrifica tudo o mais”.

Feliz de quem tem um ideal na vida. E mais feliz ainda é quem escolhe como ideal expandir o Reino de Deus na terra.


Joãozinho e o pão de água e sal

Havia, certa vez, um menino que se chamava Joãozinho. Ele estava na escola e, naquele tempo, as escolas não serviam merenda. Cada criança levava o seu lanche.

Todos os dias, a mãe do Joãozinho preparava o lanche para ele: Um gostoso pão, untado com manteiga e mel.

Um dia, Joãozinho percebeu que um coleguinha muito pobre, chamado Sebastião, comia, na hora do lanche, somente um pão seco, feito apenas com água e sal.

Joãozinho falou para ele: “Eu não gosto deste lanche que minha mãe faz! Você não quer trocar comigo?” Sebastião, muito feliz, aceitou a troca.

Dali para frente, todos os dias o Sebastião comia pão untado com manteiga e mel, e o Joãozinho comia o pão seco.

Esse Joãozinho ficou padre e, depois, santo. É S. João Bosco.

Peçamos a Maria Santíssima e a S. João Bosco que nos ajudem a reproduzir em nós a imagem de Cristo, que se despojou de si mesmo, para o nosso bem.


Sou trigo de Deus

Santo Inácio de Antioquia nasceu pelo ano 30. Portanto, antes de Jesus morrer. Ele foi o segundo bispo de Antioquia, depois de S. Pedro.

Nós sabemos que S. Pedro, depois da Ascensão de Jesus, ficou alguns anos coordenando a Comunidade de Jerusalém, depois foi bispo de Antioquia durante sete anos. Em seguida, foi para Roma, onde morreu mártir.

Como bispo de Antioquia, Dom Inácio era muito estimado pelo povo, especialmente devido à sua santidade. Chamavam-no de Teóforo, palavra grega que significa Portador de Deus.

Antioquia fazia parte do império romano, cujo imperador era Trajano, cruel perseguidor dos cristãos. Como Inácio era um influente chefe do cristianismo, foi logo condenado à morte.

Trajano ordenou aos juízes de todo o império que não executassem os cristãos no próprio local, mas os enviassem a Roma, a fim de serem devorados pelas feras no Coliseu, divertindo a plateia.

Dom Inácio foi então conduzido para Roma. Ele viajou com as mãos acorrentadas, uma parte de navio e outra a pé.

Durante o longo percurso, o bispo aproveitou para escrever cartas às Comunidades cristãs por onde passava. É nessas cartas que aparece, pela primeira vez, a expressão “Igreja Católica”.

Nessas cartas, Inácio expressa a sua alegria por ser digno do martírio, e exorta os cristãos à firmeza na fé.

Uma delas foi enviada à Comunidade de Roma. Como ele sabia que esta Comunidade tinha pessoas influentes, até na corte imperial, pediu insistentemente que não intercedessem em favor dele, privando-o do martírio. Veja um trechinho da carta:

“Eu suplico a vocês: Não mostrem comigo uma caridade inoportuna. Permitam-me ser pasto das feras, pelas quais me será possível alcançar a Deus. Antes, excitem os leões, para que se convertam em meu sepulcro. Assim serei um verdadeiro discípulo de Cristo. Sou trigo de Deus. Quero ser triturado e moído pelos dentes das feras, a fim de me converter em pão puro de Cristo”.

O seu pedido foi atendido e, no mesmo dia em que chegou a Roma, foi, à noite, levado para o Coliseu e devorado pelos leões.

Maria Santíssima é a mulher forte que se tornou trigo de Deus, para o nosso bem. Que ela e Santo Inácio nos ajudem a ser também trigo de Deus, para que nossos povos tenham mais vida.


Médico recusa fazer aborto

Certa vez, uma mulher foi ao médico, levando sua filhinha de quatro anos, muito linda.

Longe da menina, ela disse ao médico: “Vim pedir ao senhor para interromper a minha gravidez. Sou pobre, já tenho esta filha, e não tenho condições de criar duas crianças”.

O médico lhe falou: “Vamos então fazer o seguinte: Nós matamos esta menina, e você deixa nascer a criança que você tem em seu ventre. Porque esta menina já viu a luz do dia e já teve a chance de nascer e viver um pouco na terra”.

A moça recusou na hora.

“Veio a mim a palavra do Senhor: Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já contava contigo. Antes de saíres do ventre, eu te consagrei” (Jr 1,4-5).


”Foste tu que formaste todo o meu ser; formaste-me no ventre de minha mãe... Conheces intimamente o meu ser. Quando os meus ossos estavam se formando, sem que ninguém pudesse ver; quando eu me desenvolvia em segredo, nada disso te escapava. Tu viste-me antes de eu estar formado. Tudo isso estava escrito no teu livro; tinhas assinalado todos os dias da minha vida, antes de qualquer deles existir” (Sl 139,13-16).

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