PADRE QUEIROZ

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Abril 13

Histórias de vida-Abril

HISTÓRIAS DE VIDA-ABRIL 13

O locutor Jonatan e seu amigo

Um rapaz talentoso, chamado Jonatan, era um ótimo locutor de rádio. Tinha voz firme e aveludada. As pessoas que acompanhavam seu programa ficavam encantadas com o seu carisma e simpatia.

Embalado pela fama, Jonatan conheceu pessoas que viviam de um modo diferente. Elas o convidavam para festas e baladas. Faziam uso de drogas, e convenceram o jovem locutor a experimentar.

Os parentes e amigos faziam advertências e mostravam que ele estava tomando uma estrada errada. Mas Jonatan não aceitava os conselhos e foi se afundando de tal modo que, em pouco tempo, a droga começou a destruir seu caráter, seu trabalho e seus relacionamentos. O jovem foi parar na rua, como mendigo.

Um dia, em um semáforo, o mendigo Jonatan contou a sua história a um jornalista. Disse que havia sido um grande locutor e que tinha perdido tudo por causa das drogas. Afirmou que lutava para não mais se envenenar. O jornalista conferiu a verdade da sua história e o levou para uma emissora de rádio. Ele foi aceito, voltou a trabalhar, abandonou o vício e reconstruiu a vida.

Temos aí dois exemplos. Um triste, do locutor que caiu nas más companhias, e outro alegre, o testemunho do jornalista que ouviu Jonatan no semáforo. A principal ajuda a quem está caído é o amor, que se traduz em sentar-se ao lado, ser amigo, ouvir e falar. “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, eu estarei no maio deles” (Mt 18,20). (História adaptada do Natal em Família.)


A tribo que esqueceu como fazer fogo

Havia, na pré-história, uma tribo que só comia alimentos crus. Eles não sabiam cozinhar. Também as noites de frio eram muito tristes.

Um dia, apareceu na tribo um jovem que lhes ensinou a fazer fogo. Todos os que aprenderam passaram a cozinhar alimentos e comê-los com mais alegria. Usavam também o fogo para se aquecer nas noites frias.

O jovem foi embora daquela tribo e as pessoas falavam dele com muito carinho. Fizeram até uma estátua dele.

Entretanto, com o tempo foram, aos poucos deixando de acender fogo, até se esquecerem como fazê-lo. Os alimentos já não eram mais cozidos e o frio voltou a dominar as noites de inverno.

A história pode não ter acontecido. Mas outra bem parecida acontece, e muito. Jesus veio à nossa tribo, ensinou-nos o fogo da Boa Nova. Nós nos alegramos, mas com o tempo o esquecemos, passando a viver a vida velha triste do pecado, do egoísmo e da desunião.

Pedimos ao Espírito Santo que venha depressa trazer-nos novamente o fogo do amor e reensinar-nos o Evangelho de Jesus.

“Nasceu para nós um menino. O poder de governar está nos seus ombros. Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is 9,5). (Adaptada do Natal em Família.)


O coração de pano

Havia, certa vez, um rapaz que só fazia o que não devia. Não estudava, não trabalhava, era briguento com todo mundo...

A mãe o aconselhava: “Filho, você está se comportando muito mal! Está destruindo sua vida”. Mas ele não dava ouvidos.

Um dia, a mãe fez um lindo coração de cetim vermelho, encheu-o de algodão e pregou na porta do guarda-roupa do filho. Toda vez que ele fazia uma coisa errada, ela fincava um alfinete no coração. Assim, o coração foi se tornando cheio de alfinetes.

O filho ficou encabulado com aquilo e perguntou à mãe o que significava. Ela explicou: “Aquele é o meu coração. Cada vez que você faz alguma coisa errada, é como se fincasse um alfinete no meu coração”.

O tempo foi passando, o moço começou a melhorar e a mãe foi retirando os alfinetes. Até que todos desapareceram.

O filho a procurou e disse: “Está vendo, mãe, consegui melhorar”. A mãe, com lágrimas de alegria, o abraçou e falou: “Muito bem, filho. Mas veja as cicatrizes que ficaram no coração de pano. Elas não estão no meu, mas no seu coração. Demoram a sarar, mas um dia vão desaparecer, e seu coração vai ficar mais forte ainda”.

Deus tem um coração terno e muito amoroso a nós. Que não o machuquemos. E, se Deus o livre, o fizermos, que tiremos logo os alfinetes através da Confissão.

Doce coração de Maria, sede a nossa salvação.


A feira de escravos

Um missionário prestava serviços em uma aldeia da África. Um dia, passando pelo centro da cidade, próximo ao mercado, deparou-se com uma feira que vendia jovens como escravos.

Naquele momento, o vendedor oferecia um rapaz de cerca de 18 anos, e apregoava as qualidades do futuro escravo: Bons dentes, muito forte, de saúde perfeita...

O missionário, impressionado com a situação, resolveu comprar aquele moço, para libertá-lo.

Feita a compra, foi com o jovem até a sua casa e lhe ofereceu alimentação. Depois disse que ele podia ir para onde quisesse, porque agora era livre. Mas o moço respondeu: “Eu não quero e não posso ficar livre, pois assim vão me pegar e vender novamente. Por favor, quero ser seu escravo. Servindo o senhor, eu me considero livre”.

Assim somos nós: Livres quando somos escravos de Deus, numa obediência responsável, criativa e amorosa e filial.

“Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1,38).


Cidadania recompensada

Certa vez, na antiguidade, um rei quis fazer um teste com os seus cidadãos. Determinou que, à noite e sigilosamente, fosse colocada uma grande pedra no meio de uma estrada, e que alguém ficasse escondido ali perto, observando as reações dos transeuntes.

O trabalho foi feito. Quando o dia amanheceu, veio um grupo de homens a cavalo. Contornaram a pedra e foram embora.

Depois veio uma carruagem. O cocheiro, com dificuldade, conseguiu desviar-se da pedra e também continuou sua viagem.

Veio um grupo de jovens a pé. Alguns, por esporte, pularam por cima da pedra, outros a contornaram, e também continuaram sua viagem.

Em seguida, veio um senhor com uma enxada nas costas. Ao ver a pedra, largou a enxada, abaixou-se e, reunindo todas as suas forças, rolou a pedra para a beira da estrada.

Viu que havia embaixo dela um embrulho. Abriu-o e, para surpresa sua, descobriu que era um pacote de ouro de alto valor. Dentro estava o seguinte bilhete, com o selo real: “Todo este ouro é de quem removeu esta pedra da estrada”.

Quantas vezes nós encontramos pessoas em necessidade no nosso caminho, e não as ajudamos, perdendo assim a oportunidade de ganhar um tesouro: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mt 19,21).

Não vamos terceirizar os problemas, deixando para outros resolverem.

Deus quer todas as pessoas no seu Reino. E esse Reino tem um Rei, que é Jesus, e tem também uma Rainha, Maria Santíssima. Vamos, como filhos, colocar a nossa vida nas mãos dela, pedindo-lhe que nos ajude a ser bons cidadãos do Reino do seu Filho.


A partida e a chegada do veleiro

Quando observamos da praia um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, vemos que, impulsionado pelo vento, ele vai ganhando o mar azul e nos parecendo cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa, certamente exclama: “Já se foi!”

Terá sumido mesmo? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho.

E, talvez, no exato instante em que alguém diz: “Já se foi”, haverá outras vozes, do outro lado, a afirmar: “Lá vem o veleiro!”

Assim é a morte. Quem está morrendo é como o veleiro partindo das praias deste mundo material. Mas, do lado de lá, a pessoa é vista de outro ângulo, é vista chegando, e é recebida com alegria. Do lado de cá, lágrimas caem ao vermos sumir na linha que separa o visível do invisível, o amor que tanto nos foi caro. “Já se foi!” Mas, ao mesmo tempo, do outro lado, alguém dirá: “Está chegando!” E lá é para sempre!

A pessoa continua a mesma. Nada se perde, a não ser o corpo físico, do qual não mais precisa. Ela chegou ao destino, levando consigo as aquisições feitas durante esta vida.

No Prefácio da Missa dos finados, afirma-se que “a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”.

Assim, um dia, todos nós partiremos, como seres imortais que somos, ao encontro d’Aquele que nos criou.


O tesouro escondido no sítio

Havia, certa vez, um sitiante que tinha três filhos homens, os quais não gostavam de trabalhar. Sentindo que ia morrer em breve, ele chamou-os e disse: “Quero revelar a vocês um segredo: Em nosso terreno existe um grande tesouro escondido. Cavando a terra, vocês o encontrarão”.

O homem ficou mal e realmente faleceu poucos dias depois.

Os três pegaram enxadões e dedicaram-se à procura do tesouro. Reviraram a terra do sítio todo, e não encontraram o tesouro. Mas, já que a terra estava revolvida, decidiram plantar nela.

A colheita foi excepcional, a maior da região. Venderam e receberam um maravilhoso tesouro. O pai tinha razão.

Deus abençoa quem trabalha, e lhe dá um tesouro. O trabalho educa, trás saúde e gera fraternidade. Especialmente o agricultor é recompensado por Deus, pois nos dá o pão que comemos.

Já a preguiça, é a mãe de todos os vícios.


Telegrafista atento

Apareceu no jornal o convite para um concurso de telegrafista. Trazia o dia do exame, e também o horário de início: 13 horas. O candidato que chegasse atrasado encontraria a porta fechada. Havia apenas uma vaga e o salário era altíssimo.

Centenas de candidatos se inscreveram. Apostilas foram vendidas, cursinhos foram dados, e chegou o dia do exame.

As pessoas iam chegando ao local e sendo encaminhadas para uma sala de espera, onde aguardavam o aviso para entrarem na sala do exame. Muitos conversavam sobre os assuntos que haviam estudado, outros aproveitavam o tempo para relerem alguns pontos ainda não bem dominados. O clima era de tensão.

15 minutos antes, o coração já estava batendo forte. A hora estava chegando.

Faltavam apenas 5 minutos. “Mas que absurdo! Já estamos em cima da hora e não nos chamam!” reclamavam alguns.

Chega um candidato, o último a chegar. Olha para todos os lados, dirige-se a uma porta no fundo do salão, abre-a e desaparece.

13 horas. “Que absurdo! Marcam para as 13 horas e não aparece ninguém para nos chamar ou avisar!”

13:10. “Isso já é demais!” É preciso chamar a polícia para denunciar essa pouca vergonha!”

13:15. A porta do fundo se abre, aparece aquele último candidato que entrou, acompanhado por um dos chefes de serviço, que avisa: “Meus senhores e senhoras, agradeço a presença ao concurso, mas quero avisá-los que este candidato foi classificado. Vocês estavam tão preocupados que não se importaram com o sinal do telégrafo aqui na sala. Às 12:50 iniciamos a transmissão da mensagem que dizia: SENHORES E SENHORAS, DIRIJAM-SE À PORTA DO FUNDO E ENTREM SEM BATER. SENHORES E SENHORAS, DIRIJAM-SE À PORTA DO FUNDO E ENTREM SEM BATER...”

Só quem está ligado com Deus decifra suas mensagens, que nos vêm de mil formas.

Na Anunciação, Maria Santíssima estava ligadíssima, conectada com Deus. Por isso decifrou bem a sua mensagem através do Anjo. Mãe dos vocacionados, rogai por nós.


As flores nos ensinam

Havia, certa vez, um rapaz que não vivia bem com a vida. Era descontente com a família, com o trabalho, com as pessoas de sua convivência e até consigo mesmo. Tinha dinheiro, mas não sabia usar.

O pai, preocupado, procurou um sábio. Este manifestou o desejo de caminhar um pouco com o jovem. “Posso?”, perguntou ao pai. Este respondeu: “Sim. Quando?”
- “Quando o senhor quiser.”
- “Amanhã?”
- “Sim.”
- “Que hora?”
- “Na hora que o senhor quiser.”
- “Às sete da manhã?”
- “Sim.”

Quinze para as sete, o sábio estava na casa deles. Às sete e quinze, o moço apareceu na sala, com cara feia, e disse ao sábio: “Meu pai disse que você quer andar comigo, é verdade?” “Sim”, respondeu o sábio. Os dois saíram, calados.

Depois de andarem meio quarteirão, o jovem falou:
- “Você não fala?”
- “O que você quer que eu fale?”
- “Qualquer coisa”.
- “Vamos ao jardim?”
- “Sim.”

E lá se foram. No jardim, havia três roseiras, perto uma da outra, todas com rosas recém desabrochadas, mas de cores diferentes. Uma branca, uma vermelha e a outra amarela.

O sábio disse: “Por favor, vá até aquela rosa branca e procure sentir o perfume dela”. Ele foi e achou muito perfumada.
- “Vá até a vermelha e faça o mesmo.” Ele foi e gostou também do seu cheiro.
- “Por favor, aproxime-se agora da amarela.” O jovem achou que também esta tinha um perfume muito agradável.

O moço voltou, os dois se sentaram e o sábio explicou: “Você viu que as rosas são diferentes, mas o perfume é o mesmo. Assim são as pessoas. Há diferenças enormes entre elas, mas todas perfumam. Você é diferente de todos, é único no mundo, mas tem o seu perfume, o seu valor, o seu papel que nenhum outro tem. O importante é perfumar, cada um do seu jeito. Descubra isso e será feliz. Quanto aos outros, não olhe para os seus defeitos, mas sinta o seu perfume”.


O disco furado

Havia, no interior do Brasil, uma paróquia muito grande territorialmente e com mais de 100 Comunidades, algumas a 120 km de distância da sede. As estradas eram péssimas. E mais: Era um padre só para atender a todo aquele povo.

Por isso, todas as semanas o padre gravava a homilia em um disquinho de vinil, que era multiplicado, um para cada setor. Setores eram grupos de aproximadamente cinco Comunidades vizinhas. No setor, o disquinho percorria as Comunidades, para ser tocado no Culto Dominical.

Aconteceu que, um dia, o disquinho, de tanto ser usado, furou. Quando o líder ligou a vitrola, o padre começou a dizer: “Meus irmãos e minhas irmãs. Meus irmãos e minhas irmãs. Meus irmãos e minhas irmãs...” e não para mais.

O líder desligou a vitrola e disse: “Por favor, as mulheres se retirem da capela, porque o padre quer falar só para os homens”. Coitado! Mal sabia ele que era o disco que estava furando!

Mas o defeito no disco foi providencial, porque o que o padre queria, nesta homilia, era convencer a todos de que são irmãos, sem distinção entre homem e mulher, rico e pobre, estudado ou analfabeto... “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28).

Igreja é chamada de Católica, isto é, universal, sem discriminação de ninguém.

Maria Santíssima viveu de forma plena esse dom do Espírito Santo. Que ela interceda por nós, a fim de que vivamos realmente como irmãos e irmãs.


Por que as pessoas gritam?

Um dia, um mestre perguntou aos discípulos: “Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?” Eles pensaram por alguns momentos. “Porque perdem a calma”, disse um.

“Mas, porque gritam”, insistiu o mestre, “quando a outra pessoa está ao seu lado? Não é possível falar-lhe em voz baixa?” Eles deram algumas respostas, mas nenhuma delas satisfez ao mestre. Finalmente, ele explicou:

“Quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito e por isso gritam para que escutem uma à outra”.

Em seguida, o mestre perguntou: “O que sucede quando duas pessoas são amigas? Elas não gritam, mas se falam suavemente. Por quê?” Os discípulos não souberam responder. O mestre explicou:

“Seus corações estão muito próximos. A distância entre eles é pequena. Elas não falam, somente sussurram, e ficam mais perto ainda do seu amigo. Se a amizade cresce, elas não necessitam sequer sussurrar, somente se olham e isto é tudo.”

E o mestre concluiu: “Quando discutirem, não deixem que seus corações se afastem. Não digam palavras que os distanciem mais, porque chegará o dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

No nosso relacionamento com Deus acontece a mesma coisa. Quanto mais o amamos, quanto mais perto dele estamos, melhor nos comunicamos. Às vezes basta um olhar. As três Pessoas divinas se relacionam assim.


A pergunta inesperada do professor

Certa vez, em uma escola de Ensino Médio, a professora fez, na prova, uma pergunta diferente: “Como se chama a funcionária que faz a limpeza da escola?”

A pergunta pegou os alunos de surpresa, e quase ninguém sabia, apesar de tanto tempo convivendo com ela. Alguns a descreveram: “É alta, cabelos escuros...” Mas não era esta a pergunta.

Um pouco antes da aula terminar, um aluno perguntou se a última pergunta ia contar para a nota. O professor respondeu: “É claro que sim. Se você não sabe nem o nome das pessoas que o servem, como será um bom cidadão?”

Todas as pessoas merecem a nossa atenção, mas de modo especial aquelas que encontramos todos os dias. Elas esperam a nossa atenção, o nosso sorriso, a nossa saudação amiga e até um abraço. Aqueles alunos nunca mais esqueceram o nome da funcionária: Bernadete.

Maria Santíssima era acolhedora e serviçal. Como mãe, como esposa, como vizinha, como parente, como amiga. E tinha uma predileção pelos pobres. Santa Maria, rogai por nós.


O primeiro passo no caminho espiritual

Certa vez, um homem resolveu visitar um anacoreta que vivia no meio do deserto. Depois de muito caminhar pela areia quente, conseguiu encontrar o monge. Perguntou-lhe:

“Por favor, explique-me qual é o primeiro passo que devo dar no caminho espiritual”.

O anacoreta levou-o até um poço e pediu que ele olhasse o seu rosto refletido na água. O homem o fez. O eremita desceu um balde até a água e ficou balançando a corda. Aflito, o homem disse: “Não poderei ver o meu rosto, se o senhor não parar de movimentar a corda!”

O monge explicou: “Assim como lhe é impossível ver o próprio rosto em uma água turbulenta, também é impossível encontrar-se com Deus com a mente agitada pelas preocupações do mundo. Esvaziar e acalmar a mente, este é o primeiro passo no caminho espiritual”.

1Rs 19,11-13 narra a seguinte cena: Deus pediu ao profeta Elias que subisse o monte Horeb, porque lá ele queria falar-lhe. Elias subiu e ficou esperando. Veio um vento impetuoso, mas Deus não estava no vento. Aconteceu um terremoto, mas Deus não estava no terremoto. Veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. Em seguida ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Então o Senhor falou a Elias.


A força do treino

Certa vez, algumas pessoas foram visitar um sítio que ficava bem longe da cidade. Lá, depararam com uma cena curiosa: Uma menina de nove anos carregando com facilidade em seus pequenos braços um carneiro já bem crescido.

Os visitantes tentaram fazer o mesmo, mas não conseguiram, porque o animal era pesado e desajeitado de carregar.

O pai da garotinha explicou: Desde que o carneiro era pequenino, todos os dias ela o colocava em seus braços e passeava com ele. Agora que o animal está crescido, ela acostumou-se a carregá-lo.

O mesmo acontece em nossa vida. Se enfrentarmos cada dia as dificuldades que aparecerem, quando surgirem as mais difíceis e penosas, estaremos preparados para solucioná-las.


A principal tarefa de um líder

Na antiguidade, um homem procurou um sábio e lhe perguntou: “O que eu deveria fazer de mais importante, se fosse nomeado primeiro ministro do meu país?”

“É aprender o nome de todos os seus colaboradores”, respondeu o sábio.

“Mas por quê? Será que não há projetos e planos mais importantes?” replicou intrigado o homem.

O sábio reafirmou: “Este é o mais importante e o mais urgente. Você guardaria também o dia do aniversário de cada um e o celebraria com uma pequena festa”.

“Mas... E o país? E as estratégias de governo? E os grandes desafios, como a economia, a segurança, a saúde, a educação... como ficariam?” insistiu o homem. “Tudo isso também é necessário”, disse calmamente o sábio. “O mais urgente, porém, é conhecer o nome de quem está ao seu lado, saber algo mais de sua vida, de suas preocupações, de suas esperanças”.

O homem compreendeu que, de fato, se queremos consertar o mundo, o primeiro passo é valorizar as pessoas que trabalham conosco, pois elas, quando são compreendidas e estimadas, são mais felizes, produzem mais e assumem com mais empenho as suas tarefas. Assim, o país crescerá em todos os sentidos.


O time dos bichos

Certa vez, um leão, o rei da selva, quis organizar um time de futebol. Para isso, saiu à procura de jogadores.

Convidou a girafa, porque, com seu pescoço assim comprido, jogaria muito bem de cabeça.
Convidou um urso enorme, porque seria um bom goleiro.
Convidou uma gazela e um leopardo para atacantes, pois marcariam muitos gols.
Convidou macacos e um tigre para ocupar o centro do campo.
Convidou ainda um elefante e um rinoceronte para a defesa.

Conseguiu assim formar um time de onze jogadores.

Mas o primeiro treino foi um desastre. Todos se atacavam uns aos outros. Parecia que queriam se comer.

Então o leão, antes de os ensinar a jogar futebol, ensinou-os a se respeitarem mutuamente, apesar de diferentes, e a viverem em paz. Não foi fácil, mas conseguiram entender o que é viver em união.

Só depois começaram a jogar futebol. E consta que formaram um time muito unido, dando cada um o melhor das suas qualidades.

“Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,27). Assim como os membros do corpo são completamente diferentes um do outro, mas trabalham unidos, o mesmo deve acontecer conosco.


Só dura quem renova

A águia possui a maior longevidade da espécie das aves. Chega a viver 70 anos. Mas para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem de tomar uma séria e difícil decisão.

Nesta idade, ela está com as unhas compridas e flexíveis, e não consegue mais agarrar as presas com as quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curvo, apontando contra o próprio peito. As asas ficam pesadas, em função da grossura das penas. Voar já não lhe é tão fácil.

Duas alternativas lhe restam: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação, que irá durar 150 dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Após encontrar o lugar, ela começa a bater com o bico em uma parede, até conseguir arrancá-lo, na espera de que nasça um novo bico, com o qual irá depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas e, só após três meses, sai para o famoso voo de renovação e para viver mais 30 anos.

Processo semelhante pode acontecer conosco, através da medicina. Os nossos membros ficam fracos e os renovamos: Uso de medicamentos, óculos, prótese dentária, cirurgias, marca passo...

Como é bom amar a vida! Usar tudo o que está ao nosso alcance para continuar na terra, com saúde física, mental e espiritual, a fim de fazer o bem e construir o Reino de Deus!

Que Maria Santíssima interceda por nós e nos ajude a ter coragem de nos renovarmos constantemente. Mãe da vida, rogai por nós.


Viver como as flores

Certa vez, um discípulo perguntou ao mestre: “Como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes, outras indiferentes a tudo, outras mentirosas e algumas são caluniadoras. Eu sofro com isso!”

“Pois viva como as flores! Repare nestas flores aqui”, explicou o mestre, apontando para os lírios do seu jardim. “Elas nascem no esterco; entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo o que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas”.

De fato, é sábio preocupar-se com os próprios defeitos, mas não é bom permitir que os vícios dos outros nos importunem. As falhas deles são deles, não nossas. Se não são nossas, não há razão para aborrecimento. Isso é viver como as flores.

“Não temas as trevas, se trazes dentro de ti a luz.”

“Fazei tudo sem murmurar nem questionar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais como luzeiros no mundo, apegando-vos firmemente à palavra da vida” (Fl 2,14-16).


O que você aconselharia?

Numa faculdade de medicina, o professor propôs aos alunos a seguinte situação:

“Baseados nas considerações que passo a enumerar, que conselhos vocês dariam a uma senhora, grávida do quinto filho? O marido sofre de sífilis e ela de tuberculose. O seu primeiro filho nasceu cego. O segundo morreu. O terceiro nasceu surdo. O quarto é tuberculoso. Ela está pensando em abortar. O que lhe aconselhariam?”

Com base nestes dados, um aluno disse: “Acho que a melhor solução é o aborto”. Outro mostrou ser da mesma opinião: “É melhor abortar, pois corre o risco de ter uma criança sem saúde”.

Toda a turma foi falando e, praticamente todos eram pelo aborto como solução. Poucos foram os que defenderam o direito à vida.

Depois de uns momentos de silêncio, o professor revelou: “Os que disseram sim à ideia do aborto saibam que acabam de matar Ludwig van Beenthoven”.

“Não matarás.”

“Vou pedir contas a todo aquele que prejudicar a vida do seu irmão” (Gn 9,5). “Antes que te formasses dentro de tua mãe, eu já te conhecia” (Jr 1,5).

Maria Santíssima acolheu o seu Filho com carinho, desde que o concebeu. Vamos pedir a ela que proteja todos os seus filhos, especialmente aqueles que ainda não viram a luz do dia.


A precipitação causa lágrimas

Certa vez, um senhor estava fazendo uma longa viagem a cavalo, e seu cachorro seguia junto. De repente, o cão começou a latir sem parar em volta do cavalo, chegando a pular algumas vezes na perna do seu dono.

Pensando que o animal tivesse ficado louco, ele deu um tiro nele. Mesmo ensanguentado, o cachorro saiu correndo para trás.

Minutos depois, o homem se lembrou que lá atrás, quando desceu do cavalo para fazer suas necessidades, havia esquecido um saco cheio de dinheiro na beira da estrada.

Voltou correndo e, ao chegar, viu uma cena que cortou o seu coração: O cachorro estava morto, com a cabeça em cima do saco de dinheiro.

Como que a precipitação pode levar-nos a fazer loucuras!


A lição das varas

Certa vez, na antiguidade, um pai de família estava doente, de cama, e sabia que ia morrer. Ele tinha quatro filhos homens, e estava preocupado com o futuro deles, pois eram desunidos. Além disso, estava havendo uma disputa velada entre eles para assumir a coordenação dos bens da família.

O pai chamou-os e disse: “Por favor, saiam por aí e cada um pegue uma vara e tragam aqui”.

Quando chegaram, ele pediu: “Ajuntem as quatro varas e façam um feixe”. Assim fizeram.

O pai pediu: “Quebrem o feixe de varas”. Um deles se esforçou e não conseguiu. Passou para o outro, que também não conseguiu. Todos fizeram o máximo de força, mas nenhum quebrou o feixe de varas.

O pai disse: “Agora, cada um quebre a sua vara”. Foi facílimo.

O pai explicou: “Meus filhos, se qualquer de vocês assumir sozinho a direção dos nossos bens, vai ser como essas varas isolada. Facilmente ele será derrotado pelas tentações ou pela esperteza do mundo. Mas, se estiverem unidos, isso não acontecerá, e vencerão todos os desafios, pois um vai apoiar o outro”.

A lição vale para nós. É preferível o bom, juntos, ao ótimo, sozinho. Se a família, ou a Comunidade, estiver unida, os resultados poderão ser mais lentos, mas serão seguros.

E o melhor: Jesus estará presente, pois ele disse: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali, no meio deles” (Mt 18,20). “Povo unido jamais será vencido”.


Onde estão os outros nove?

Certa vez, uma senhora estava andando no centro da cidade com o seu filho de oito anos. Passando na frente da igreja, ela convidou o menino a entrar para rezarem um pouco.

O garoto perguntou: “A senhora vai pedir para Deus o quê?” Ela respondeu: “Filhinho, hoje não vamos pedir nada. Vamos agradecer”.

Nós não somos muito acostumados a agradecer a Deus. Gostamos mais de pedir. Quando Jesus curou dez leprosos, só um voltou para agradecer. Ele reclamou da ingratidão dos outros: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão” (Lc 17,17).

Temos muito a agradecer a Deus: A nossa vida, a saúde, a família, a natureza, a Redenção realizada por Jesus, a Igreja, a Eucaristia e muitos outros presentes.

Maria Santíssima era uma mulher agradecida. O Magnificat é o mais belo hino de ação de graças que existe na Bíblia. Ali, ela agradece a Deus até coisas que ainda não tinham acontecido. De fato, “a fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1).


Vergonha fora de hora

Certa vez, um padre foi a uma Comunidade rural atender as confissões e celebrar a Santa Missa. Como era quaresma, e o lugar era afastado, toda a Comunidade se confessou individualmente. Foi uma beleza, uma festa.

Quando já era tarde da noite, um homem foi acompanhar o padre até a cidade. Os dois iam a cavalo, um ao lado do outro, conversando.

No meio da conversa, o homem disse: “Creio que o senhor percebeu que eu fui o único que não se confessou. Sabe por quê? Eu fiz coisas erradas e fiquei com vergonha”. E começou a contar todos os pecados que ele havia praticado. Quando terminou de falar, o padre disse: “Você já se confessou. Basta agora rezar o Ato de Contrição, que lhe dou a absolvição. O homem rezou e o padre o absolveu”.

Cenas como esta acontecem, e muito. A vergonha, na verdade, não era de contar os pecados, pois ele sabia que o padre guarda segredo. A vergonha era de assumir, diante da Comunidade, a condição de pecador.

Antes de cometermos um pecado, o tentador nos fala: “Isso não nada. É coisa que todo mundo faz e não haverá consequências”. Depois, ele inverte: “O que você fez foi um ato horrível. Acabou com você. Não tem mais conserto. É um caminho sem retorno. Deus lhe virou as costas e você está condenado para sempre. Por isso não conte para ninguém”. Claro que o diabo age assim porque nos quer junto dele no inferno.

Mas a realidade é bem o contrário: Na hora que vem a tentação, devemos pensar: “Isso é pecado, ofende a Deus, não vou fazer”. Mas se formos fracos e cairmos, devemos pensar: “Deus é bom, é meu Pai amoroso, ele não virou as costas para mim e continua me amando. Por isso vou me confessar”.

Mãe dos pecadores, rogai por nós.


Vocação indispensável

Certa vez, um rei disse: “Eu que mando neste pedaço”.

Perto dele estava o general, que falou: “Mas sou eu que protejo Vossa Majestade”.
O médico ouviu e falou: “Entretanto, eu é que cuido da saúde dos dois”.
O advogado comentou: “Eu defendo as causas dos três”.
A professora resolveu manifestar-se: “Eu que ensinei os quatro”.

Nessa hora, o agricultor levantou-se e pôs fim à conversa, dizendo: “Sou eu que sustento todos vocês”.

Não podemos dizer quem saiu ganhando, porque todos servem o próximo. Mas a profissão de agricultor é a mais necessária. Sem ela, ninguém vive. Quando chega a hora do almoço, seja rei, médico ou professora, todos dependem do agricultor.

A nossa sociedade não dá o devido valor aos agricultores. Basta ver as estradas rurais como são péssimas. Faltam escolas rurais, energia elétrica, telefone... Falta apoio a eles na hora de vender suas colheitas, deixando-os nas mãos de atravessadores...

Nem empréstimo bancário os agricultores conseguem. As exigências são tantas que parece que as leis foram feitas para beneficiar os grandes. Há ainda o problema dos boia fria que vivem quase como escravos.

E se olharmos a questão da reforma agrária, ficamos horrorizados. Existem no Brasil quatro milhões de famílias de agricultores sem terra para trabalhar. E isto num país tão grande como o nosso, em que mais da metade das terras não estão sendo usadas nem cultivadas. Apesar dos discursos, hoje a concentração de terras no Brasil é maior do que dez anos atrás.

Maria Santíssima viu injustiças no seu tempo, e abriu a boca. Ela disse, no Magnificat: Agora, com o meu Filho, Deus “derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e mandou embora os ricos de mãos vazias” (Lc 1,52-53).

Essa revirada social, Maria anteviu realizada por seu Filho e pela Igreja, sua continuadora. Mãe dos excluídos, rogai por nós.


É morrendo e aprendendo

Certa vez, um senhor idoso estava bem doente, já para morrer. Alguém foi chamar o padre. Mas este estava demorando, e achavam que o velho ia morrer antes. Até acenderam a vela para colocar na mão dele, mas pensavam que tinham de esperar o padre. Entretanto, o padre não vinha. Até que decidiram: Vamos colocar a vela na mão dele assim mesmo. E o fizeram.

Nesta hora, entrou o padre. Aproximou-se e viu que o doente segurava a vela com a mão esquerda. O sacerdote chamou a sua atenção: “Não é com a mão esquerda que segura a vela, é com a direita!”

O moribundo olhou para o padre, sorriu e disse: “Está vendo, sr. padre, é morrendo e aprendendo”.

Nós aprendemos a vida toda, até na hora da morte. “É vivendo e aprendendo, aprendendo e ensinando”. Que aprendamos, cada dia mais, a segurar com a mão direita a vela da nossa fé, não a deixando para segundo plano, pois é o mais importante, aquilo que passa para a eternidade.

Maria Santíssima, a discípula fiel do Senhor, foi na frente e aprendeu melhor que todos nós a segurar a sua vela. Modelo dos cristãos, rogai por nós.


Mendelsson encanta organista

Mendelssohn foi um grande músico e compositor alemão, que viveu no Séc XIX. Um dia, em viagem pela Europa, ele entrou numa catedral para rezar, e ouviu o som de um colossal órgão. Mendelssohn gostou do instrumento. Subiu ao coro e pediu ao velho organista permissão para tocá-lo. Como o organista não o conhecia, teve um momento de dúvida, mas permitiu.

Depois de ouvir o grande compositor tocar, em um êxtase de espanto e assombro, colocou sua mão no ombro do músico e exclamou: “Quem é você? Qual é o seu nome?” “Mendelssohn”, respondeu o músico. Emocionado e encantado, o velho organista lhe deu um abraço.

Nós cristãos recebemos também de Deus um dom maravilhoso. Somos testemunhas de Cristo e da Boa Nova. Que encantemos o mundo com esse dom.

“Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).

Maria Santíssima desenvolveu tão bem os dons que recebeu de Deus, que o encantou, e ganhou dele mais um dom: Ser a Mãe do seu Filho Amado. Santa Mãe Maria, nesta travessia, cubra-nos teu manto cor anil.


Pai desesperado

Certa vez, em uma aldeia de índios, o filho único de uma família veio a falecer. O pai, na sua dor, levou a criança a todos os vizinhos e dizia: “Deem-me um remédio para salvar meu filho!” As pessoas ficavam penalizadas, pensando que ele tivesse enlouquecido.

Alguém lhe indicou um médico que seria capaz de restituir a vida ao menino.

Correndo, dirigiu-se ao endereço do médico. Este lhe disse: “É preciso que você me traga um punhado de sementes de mostarda, para curar seu filho”. Isto seria muito fácil de resolver. Mas acrescentou: “As sementes devem provir do quintal de uma casa onde ninguém tenha perdido nenhum filho, nem marido ou esposa, nem pais, nem amigos”.

Coitado do índio! Bateu de porta em porta e todos lhe contavam histórias tristes da perda de um ente querido.

Cansado e desolado, sentou-se num barranco à beira da estrada. Caía a noite. Ao mesmo tempo em que a escuridão tomava conta da aldeia, ele viu as luzes se acendendo em cada choupana. Neste momento, ele entendeu o destino da vida humana. Na sua dor, pensou: “Como sou egoísta! A morte bate em todas as portas e eu queria que na minha ela não batesse!”

O que adiante ficar buscando os primeiros lugares aqui na terra? O importante é ter um lugar no Céu, que será a nossa morada para sempre.

Vamos pedir a Maria Santíssima que nos ajude a abandonar o cristianismo “de fachada”, e nos ensine a viver a fé autêntica, pois esta passa para a eternidade.


O violino desafinado

Havia, certa vez, um senhor que morava no sertão, muito distante da cidade. Ele tinha um violino e gostava de tocá-lo. Mas o violino desafinou, e ele não tinha o diapasão, um instrumento que dá para o músico uma nota no tom natural, a fim de que, a partir dela, ele afine o instrumento.

O homem mandou uma carta para um radialista, de cujo programa ele gostava muito, pedindo que lhe desse, pelo rádio, a nota la. Logo que recebeu a carta, o radialista tocou várias vezes a nota la, e o homem afinou o seu violino.

Queremos afinar o nosso violino com Cristo, nosso caminho, verdade e vida. O radialista que nos trás a nota é a Santa Igreja, o Corpo Vivo de Cristo na terra. Jesus não deixou escrita uma palavra sequer. Quem escreveu todo o Novo Testamento foi a Igreja, bem depois que Jesus subiu para o Céu. Portanto, só ela tem credencial para interpretá-lo, pois é a sua autora humana.

O Papa Bento 16, quando esteve em Aparecida, disse que a causa principal da passagem de católicos para as seitas é a falta de catequese sobre a Igreja.

Se estivermos junto com Maria Santíssima, ela não permitirá que morramos com o nosso violino desafinado, pois isto estragaria a beleza da orquestra no Céu. Portanto, se tivermos alguma nota desafinada, é só pedir que ela afina.


Serapião e o seu amigo Malhado

Havia, certa vez, um senhor bem idoso chamado Serapião. Ele tinha um cachorro vira-lata que atendia pelo nome de Malhado. Serapião era mendigo e andarilho. Ele e o cão estavam sempre juntos, andando pelas ruas da cidade. Não pedia dinheiro, apenas comida. Quando suas roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa.

Serapião era um homem bom, que perdera a família, os amigos e até a identidade. Não bebia e estava sempre tranquilo. Tudo o que ganhava, dava primeiro para o Malhado. Não tinha onde dormir. Quando anoitecia, onde estava, lá dormia, e o Malhado o protegia a noite inteira, não deixando ninguém se aproximar. Também quando Malhado dormia, Serapião o vigiava, para que outro cachorro não o incomodasse. “Ele me ajuda muito”, dizia Serapião. “E eu retribuo sempre que posso”.

Quando Serapião ganhava um cachorro-quente, tirava a salsicha e dava para o Malhado. Ele sempre dava para o cão a parte melhor da comida que ganhava.

Nós temos muitos amigos. Mas, quando se trata de dividir com eles os nossos bens, recusamos, ou lhes damos a pior parte.

Maria Santíssima era amiga de todos. Ela não acumulava bens para si. Mesmo não tendo pecado, era humilde e se reconhecia indigna dos favores divinos. Mãe solidária, rogai por nós.


O carroceiro e a nave espacial

Havia, certa vez, um senhor que morava na roça. Ele tinha uma carroça e todos os sábados ia à cidade levar produtos agrícolas e trazer o necessário para o seu sítio. Era um exímio carroceiro. Tudo o que diz respeito a carroça ele entendia, e bem.

Esse homem tinha o grande desejo de entrar numa nave espacial, a fim de conhecê-la por dentro. Um astronauta ficou sabendo e resolveu dar-lhe essa chance. No dia e hora combinados, o carroceiro foi para a base espacial e chegou até a plataforma de lançamento, onde estava uma nave pronta para subir com quatro astronautas. Ele entrou na nave.

Após observar tudo e ver tantos botões, luzinhas piscando e ponteiros se mexendo, o carroceiro fez uma cara ruim e comentou: “Mas é muito complicado isso!” O astronauta respondeu: “Complicado seria você querer chegar à lua com a sua carroça!”

Querer chegar ao Céu sendo um cristão medíocre, que apenas “não mata, não rouba, o resto faz tudo”, é tão complicado quanto querer chegar à lua com uma carroça.

Maria Santíssima subiu muito mais alto que uma nave espacial. Ela foi até Deus. Isso porque é a Virgem puríssima. Nasceu pura e nunca se manchou pelo pecado. “Felizes os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5,8). Maria não só viu a Deus, mas gerou o Deus Filho em sua humanidade. Deus gosta de viver e conviver com pessoas assim. Virgem puríssima, rogai por nós.


Alexandre Magno orienta-se por perfume

Conta-se que Alexandre Magno certa vez se perdeu no mar. Era uma noite muito escura e a equipe do barco não tinha bússola. De repente, sentiram um perfume de flores muito agradável. Navegaram na direção do perfume e conseguiram chegar à terra firme.

O testemunho exala um perfume mais agradável que o das flores. E vai também muito mais longe. Ele é capaz de orientar e atrair as pessoas que navegam perdidas no mar da vida.

Maria Santíssima exala uma fragrância gostosa que, em todos os tempos, atrai milhões de cristãos. Que ela nos ajude a crescer no testemunho, a fim de que o mundo ao nosso redor seja mais perfumado, orientado e feliz.


O amor é difusivo

Certa vez, uma família foi passar as férias na chácara de um amigo. Quando chegou o dia da volta, o marido foi ligar o carro e este não pegou. Lutou, fez de tudo... Nada. Como não tinha celular, o jeito foi caminhar até um posto de abastecimento que ficava a dois km, a fim de telefonar para a cidade mais próxima, que ficava a vinte km, pedindo socorro.

Ao se aproximar do posto, viu que estava fechado, pois era domingo. Mas encontrou um orelhão, no qual havia uma lista de telefones de emergência. Ligou para o primeiro da lista. A pessoa do outro lado foi muito gentil e disse que dentro de vinte minutos estaria ali.

No tempo previsto, chegou um caminhão, dirigido por um mecânico. Quando o homem entrou na cabine, viu que ele tinha uma perna mecânica. Olhando o carro, logo descobriu que era bateria descarregada. Puxou os cabos elétricos e começou a carregar a bateria. Enquanto isso, distraía as crianças com brincadeiras. Fez até mágicas.

O dono do carro pensava consigo: “Isso deve ficar uma nota!” Depois de tudo pronto, o dono do carro agradecer e perguntou quanto era. O mecânico respondeu: “Não é nada”. Admirado, o outro disse: “Mas como? O senhor não me conhece, veio até aqui num domingo, teve gastos...”

Ele respondeu: “Um dia, eu também precisei de ajuda. Foi no acidente em que perdi esta perna. E a pessoa que me socorreu não me cobrou nada, nem quis se identificar. Daí para frente, eu me senti na obrigação de socorrer outras pessoas. Inclusive estudei mecânica, a fim de pagar em outros o benefício que recebi”.

Esperamos que aquele pai de família também tenha passado para frente o benefício que recebeu.

A ajuda que Jesus nos deu é muito maior, é infinita. Queremos passar a vida toda agradecendo a ele de forma prática: Passando a Boa Nova para o nosso próximo.

O Terço é uma ferramenta bem adequada para expandir a fé. Mais ainda se for acompanhado de uma “Santinha” que vai passando de casa em casa.


O Pe. Pelágio e as Filhas de Maria

O Pe. Pelágio foi um grande missionário redentorista que viveu em Goiás. Ele é chamado O Apóstolo de Goiás. Morreu em 1961.

Quando ele morava em Trindade, um dia uma moça o procurou e reclamou que as Filhas de Maria não queriam recebê-la no grupo, porque, no passado, ela tinha levado vida errada.

Pe. Pelágio foi à reunião delas e disse: “Se abandonarmos essa jovem, agora que ela se recuperou, e a deixarmos na situação em que está, será difícil para ela perseverar no bom caminho. É agora que ela precisa da nossa ajuda”.

As Filhas de Maria voltaram atrás e aceitaram a menina. Ela perseverou e casou-se, tornando-se uma ótima esposa e mãe.

Nós, que fazemos parte da santa Igreja, precisamos ser iguais a Jesus, e não fazer distinção entre as pessoas, aceitando a todos e todas, mesmo os que tiveram um passado extremamente errado. O importante é que queiram mudar de vida.

Que Maria Santíssima, a Mãe de Misericórdia, nos ajude a dar o testemunho do acolhimento aos pecadores, como o seu Filho fazia. Refúgio dos pecadores, rogai por nós.


Como conviver com pessoas difíceis

Havia, certa vez, duas moças irmãs. Uma se chamava Ana e a outra Teresa. A Teresa era neurótica. Vivia agredindo com palavras a sua irmã. Xingava-a, gritava com ela, inventava coisas... E a Ana, na maior calma. Sabendo que a irmã era neurótica, ouvia tudo sem ficar nervosa.

Um dia, uma amiga da Ana veio visitá-la. Ao presenciar as agressões, ficou surpresa e disse à amiga: “Eu não sei como você aguenta conviver com esta sua irmã”. A Ana respondeu: “Eu não ligo, pois não é ela que me agride”. “Como não é”, disse a amiga, “se cita o seu nome?” “Apesar de citar o meu nome”, confirmou a Ana, “a bronca dela não é comigo, mas com a sua doença”.

A compreensão das causas das atitudes das pessoas é fundamental para a boa convivência com elas, especialmente das pessoas desequilibradas.

Que Maria Santíssima, a Mãe das famílias, nos ajude a fazer da nossa casa uma Igreja doméstica, sem perder a paciência com as fraquezas das pessoas.


Onde Deus está?

Certa vez, um rapaz entrou numa sala de catequese porque queria falar com a catequista. Depois, querendo testar o conhecimento das crianças, disse-lhes: “Eu dou uma laranja para quem disser onde Deus está”. Uma garotinha sorriu e disse na hora: “E eu lhe dou duas laranjas se me disser onde ele não está”.

Coitado do entruso. Foi buscar lã e saiu tosquiado. Não há lugar onde Deus não esteja. Ele está nos céus, na terra e em toda parte. Está ao lado de cada um de nós nas 24 horas do dia, como nosso Pai amoroso, protegendo-nos e ouvindo as nossas orações. Nunca estamos sozinhos na vida. Por isso, ninguém tem direito de ser infeliz.

Aquela criança foi uma profetiza, dizendo a palavra certa na hora certa, e ensinando esta grande verdade sobre o nosso bom Deus: Ele é onipresente.

Os principais dogmas marianos são: Mãe de Deus; Virgem; Assunta ao Céu em corpo e alma e Imaculada Conceição. Todos eles nos apresentam Maria Santíssima como nosso modelo de vida cristã e nossa intercessora.


O supermercado do Céu

Certa vez, um homem caminhava em uma estrada e viu um letreiro: “Supermercado do Céu”. Ficou entusiasmado. Ao aproximar-se do portão, este se abriu. Havia muitos anjos em toda parte, querendo ajudá-lo. Um deles lhe entregou um carrinho de supermercado.

O homem pensou: Bom, primeiro eu vou comprar paciência. O amor estava na mesma gôndola, e mais abaixo a compreensão. Foi pegando. Quando viu a sabedoria, colocou duas caixas no carrinho. Pegou fé, perdão, coragem... O carrinho já quase não cabia mais, quando ele se lembrou da graça de Deus. Perto da graça estava a salvação, que ele pegou também. Os próprios anjos iam ajudando.

Caminhou em direção ao caixa para pagar. Quando ia chegando, viu a oração e pegou duas caixas. A paz não cabia mais no carrinho, mas ele levou na mão, junto com a felicidade. Ao passar perto da alegria, não resistiu e pegou um pouco. Aproximou-se do anjo que estava no caixa e perguntou: “Quanto é?” O anjo sorriu e lhe disse: “Pode levar. Jesus já pagou tudo”.

Jesus veio principalmente para nos enriquecer de virtudes e de graças. E ele já pagou tudo na cruz. Que nós também tenhamos interesse em pegá-las no seu supermercado, que é Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

Maria Santíssima é cheia de graça e de virtudes. Que ela interceda por nós, a fim de que tenhamos o mesmo interesse.


A dívida e o depósito

Havia, certa vez, um servente de pedreiro numa construção, que estava sempre alegre e feliz. Um dia, o engenheiro disse a ele: “Eu admiro você, que ganha tão pouco e, mesmo assim, está sempre contente. O que você faz com seu salário? Faz milagre?”

O servente respondeu: “O meu salário, eu uso uma parte para pagar uma dívida e a outra parte eu deposito”.

“Mas como?” perguntou o engenheiro. “Além de ganhar pouco, você paga dívidas e ainda sobra para depositar? Não estou entendendo”.

O servente disse: “Se o senhor quiser entender, eu o convido para ir lá em casa hoje à noite”. “Tudo bem”, disse o engenheiro. “Lá pelas vinte horas estarei lá”.

Quando o engenheiro chegou, o dono da casa apresentou-lhe seus pais bem idosos e disse: “A minha dívida é cuidar dos meus pais”. Depois, apontando para os filhos, falou: “E o depósito está aqui”.

Investir em pessoas humanas é fazer o melhor investimento. A exemplo de Jesus, vamos colocar em primeiro lugar as crianças, pois elas são o futuro da sociedade, da Igreja, e o nosso futuro. E vamos agradecer aos nossos queridos pais e avós tudo o que fizeram por nós.

Pedimos a Maria Santíssima que nos ajude a termos um coração como o de seu Filho, o qual “passou pela vida fazendo o bem” (At 10,38).


Madre Teresa e a palavra “quero”

Certa vez, um rapaz procurou a Madre Teresa de Calcutá e lhe disse: “Irmã, eu não consigo mudar-me. O que deve fazer?” Madre Teresa respondeu: “Basta você dizer: ‘Quero”.

Realmente, essa palavrinha tem uma força incalculável. Nada resiste à palavra: “Quero”, pronunciada por uma pessoa. Ela expressa uma decisão, manifesta uma vontade firme e clara de fazer ou de conseguir alguma coisa. E onde há uma decisão, pode cair o mundo em volta que a pessoa continua firme, empregando todos os meios para conseguir aquilo.

Nós, muitas vezes, preferimos ficar no meio do caminho: “Queria”, “gostaria”, “vou tentar”... A esses Jesus deixa de lado, pois ele disse: “Seja o vosso sim, sim; e o vosso não, não” (Mt 5,37).

Aquele “sim” que Maria disse ao Anjo na Anunciação foi tão decidido que ela logo quis fazer a sua parte, indo às pressas socorrer a prima que precisava de ajuda. Após a subida de Jesus ao Céu, ela não parou, mas foi desdobrando o seu “sim” pelo mundo afora, acompanhando a nós, que também somos seus filhos e filhas. Que ela consiga de Deus para nós a graça de sempre dizer “sim” para ele, não meios termos.
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O homem da perna engessada

Certa vez, um senhor quebrou a perna e o médico a engessou. Como tinha de ficar muito tempo com o gesso, ele resolveu ir trabalhar assim mesmo. E lá se foi o homem, na rua, com a calça arregaçada de um lado e aquela perna branca, chamando a atenção.

Quando ia atravessar a rua, os carros logo paravam para que ele passasse. Quando chegava ao ponto de ônibus, era uma beleza. Todo mundo dava a frente para ele. No elevador, a mesma coisa. Quando ia tomar táxi, o motorista dava a volta e abria a porta.

Tempo depois, o homem sarou, o gesso foi retirado e ele começou a andar normal, como antes. Aí voltou àquela vida cruel: empurrões, buzinas quando atravessava a rua... E aquele homem sentia saudade do tempo em que tinha a perna engessada.

Maria Santíssima era humilde e ao mesmo tempo muito atenciosa e solícita para com todos, tanto os sadios como os doentes. Santa Maria, rogai por nós.


A pescaria inesquecível

Certa vez, um pai e seu filho de onze anos foram pescar em um lago. A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.

Veio a noite e, de repente, a vara do garoto se envergou, indicando que havia algo enorme no anzol. O pai olhava com admiração, enquanto o filho, habilmente, erguia o peixe da água. Era o maior peixe que ele já tinha visto. Sua pesca, porém, só era permitida na temporada. O pai e o filho olhavam para o peixe bonito, suas guelras se movimentando para trás e para frente.

O pai acendeu um fósforo e olhou para o relógio: Pouco mais de vinte e duas horas. Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada. Disse ao menino: “Você tem de devolvê-lo, filho. Vai aparecer outro”. “Mas não tão grande quanto este”, disse a criança, choramingando.

O garoto olhou à volta do lago, não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente a olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, pelo tom de voz do pai, ele sabia que a decisão era inegociável. Devagarinho, tirou o anzol da boca do peixe e o devolveu à água. O peixe movimentou-se rapidamente e desapareceu.

Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje o garoto é um arquiteto bem sucedido. Leva seus filhos para pescar no mesmo local. Sua intuição estava correta: Nunca mais conseguiu pegar um peixe tão maravilhoso como o daquele dia. Entretanto, sempre vê o mesmo peixe, cada vez que se depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo ou errado. Agir corretamente quando se está sendo observado é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando.

Essa conduta correta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o peixe à água. A ética é como uma moeda de ouro: Tem valor em toda parte.

O mundo atual padece de uma doença terrível: A noite do espírito, ou a ausência de Deus. Maria Santíssima fez e continua fazendo a parte dela. E nós?... Não é Deus que se ausenta, mas as pessoas que se ausentam dele. Imagine um satélite girando no espaço, e que perde o contato com o centro espacial. Ele fica girando sem rumo, até cair, ou se desintegrar no espaço. É o que acontece com quem anda desconectado de Deus.

Muitos são Epifania de Cristo pela própria vida. A sociedade precisa conhecer a verdadeira face de Cristo, caminho, verdade e vida.

Várias vezes, Maria Santíssima mostrou o seu Filho: Aos pastores, aos Reis Magos, no Templo, nas Bodas de Caná...  Aí está uma virtude de Maria que podemos imitar.


Madre Teresa chora com uma doente

Certa vez, a Madre Teresa de Calcutá estava passando numa rua e ouviu um grito de dor vindo de algum lugar perto. Procurou de onde vinha e avistou uma mulher doente, caída no chão, gemendo e sem forças para se levantar. Estava inclusive sendo comida por ratos.

A Irmã reuniu suas forças e conseguiu levá-la ao hospital. Ao chegar, tentou interná-la, ou pelo menos fazer com que ela recebesse atendimento médico. Mas negaram. Devido à situação de miséria do País, aquele hospital só recebia pacientes que tinham chances de sobrevivência. Os remédios estavam escassos, e aquela mulher já estava em fase terminal.

Madre Teresa, sem saber o que fazer, colocou a mulher sobre seu colo e chorou, acariciando-a. A pobre criatura, reunindo suas forças, abriu os olhos e se viu no colo de Madre Teresa, que chorava. Lágrimas correram também de seus olhos. Com dificuldade, falou para a Irmã: “Não chore, pois estou feliz. Nunca em minha vida senti o amor e o carinho que estou recebendo da senhora”. Olhou para o crucifixo que a Irmã trazia no peito, sorriu para ela, e deu o último suspiro.

“Irá chegar um novo dia, um novo sol, uma nova terra, um novo mar. E neste dia, os oprimidos numa só voz a liberdade irão cantar.”


Generosidade sem limites

Certa vez, durante uma guerra, um orfanato foi atingido por uma bomba. As duas irmãs que cuidavam da instituição morreram e várias crianças ficaram gravemente feridas.

Logo chegou a equipe de socorro médico. Uma menina precisava rapidamente de transfusão de sangue para sobreviver.

Como os médicos e enfermeiros não entendiam a língua das crianças, pediram, por gestos, voluntários para doar sangue.

Um braço magrinho levantou-se. Era um menino de nove anos. Ele foi preparado às pressas. A enfermeira introduziu em sua veia uma agulha, e estava retirando o sangue.

Nessa hora, o menino começou a chorar. Chegou uma pessoa que entendia as línguas dos dois. A enfermeira pediu-lhe que perguntasse ao menino o motivo do choro.

Sabe o que era? O garoto pensava que a enfermeira ia tirar todo o seu sangue, e ele ia morrer. Foi só o intérprete explicar, pronto, o menino ficou tranquilo.

Depois de tudo, o médico perguntou a ele por que, mesmo pensando que ia morrer, ofereceu-se para doar sangue. Ele respondeu: “Eu fiquei com dó da minha colega”.

Foi um gesto semelhante ao de Jesus, que doou todo o seu sangue, e morreu, para nos salvar.

Que diferença de nós, que às vezes não temos dó nem para dar um prato de comida a um faminto que encontramos!

Foi de Maria Santíssima que Jesus recebeu o seu bom coração, no lado humano. Que ela nos ajude a imitá-lo!


A morte do Papa João XXIII

O Bem-aventurado Papa João XXIII esteve à frente da Igreja de 1958 a 1963. Foi ele que convocou o Concílio Vaticano II.

Quando estava gravemente enfermo, um dia o sacerdote que era o seu secretário aproximou-se da sua cama e disse: “Vou ser sincero com Vossa Santidade: Este é o seu último dia de vida na terra”. Ao dizer isso, o padre começou a chorar.

O papa lhe disse sorrindo: “Meu filho, que é isso! Você me parecia tão forte, e ao invés, se comove ao me dar a notícia mais feliz: De que hoje é o dia do meu encontro com Cristo, o meu melhor amigo?”

Que nós também tenhamos esta visão positiva da morte, não por ela mesma, mas pelo que vem depois, que é o encontro com Deus, o nosso melhor amigo, e também com a sua e nossa Família, na qual esperamos que estejam os nossos parentes falecidos.

Vamos pedir a Maria Santíssima, a Rainha do Céu, que nos ajude a chegar lá.


A festa do milho pipoca

Certa vez, um punhado de milho pipoca foi jogado numa panela com óleo quente e já temperado.

Logo os grãozinhos começaram a estourar. Eles pulavam, e já caíam transformados, branquinhos.

Terminado o barulho, a pessoa destampou a panela, tirou-a do fogo e a virou sobre uma travessa, jogando fora os piruás.

Aqueles grãozinhos, antes duros, se transformaram em macios e bonitos, parecidos com flores brancas. O estouro deles foi como uma festa, a festa da transformação.

No milho pipoca, a transformação veio através do poder do fogo. Esse fogo, para nós, é o Espírito Santo, que nos transforma.

Que não resistamos à sua graça, como os piruás. Eles não quiseram entrar na festa, não quiseram dançar. Nós somos livres e podemos resistir à ação do Espírito Santo.

Os piruás, depois da ação do fogo, ficaram mais duros ainda. Nós nos lembramos daquela frase de Jesus: Quando um espírito mau sai de um homem, e depois volta, ele trás mais sete espíritos maus com ele (Cf Lc 11,21-26). Quando Deus passa pela nossa vida, nunca mais seremos os mesmos. Seremos melhores ou piores.

Nós nos lembramos também daquela outra frase dele: “Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, este a encontrará” (Mt 16,25).

Vamos acolher o presente de amor que Deus nos deu em seu Filho, e deixar-nos transformar por ele; passar de simples pessoas isoladas para membros ativos da Comunidade, mesmo que passemos pelo fogo da cruz.

O milho pipoca ainda não é o que deve ser. Ninguém compra milho pipoca para deixá-lo como está. Ele deve ser transformado, senão não tem valor. E se algum não topa essa transformação, torna-se ainda mais duro e é jogado fora. São os piruás.

Maria Santíssima ajudou o Filho a executar o seu projeto de amor, com a vida e com o coração. Ela pulou e dançou, como o Espírito Santo queria. Mãe imaculada, rogai por nós.


S. Policarpo acolhe agressores

S. Policarpo viveu no Séc. II. Era bispo de Esmirna, na Turquia. Foi discípulo de S. João Evangelista. Naquele tempo, a perseguição à Igreja era forte.

Um dia, chegou à sua casa um grupo de soldados com ordem de prendê-lo. Dom Policarpo sabia que ia morrer se não renunciasse a fé católica, o que ele nunca faria.

O seu sentimento na hora foi de muita alegria, por ser digno de morrer por seu amigo Jesus Cristo.

E teve uma ideia: Como agradecimento a Deus, acolher bem aqueles soldados. Convidou-os a entrar e serviu-lhes uma gostosa refeição, colocando na mesa o que ele tinha de melhor.

Depois foi algemado e levado para a prisão. No dia seguinte, foi condenado à morte e, no mesmo dia, queimado vivo numa fogueira.

Antes de entrar no meio do fogo, S. Policarpo disse as seguintes palavras: “Sede bendito, Senhor Deus do universo! Que o vosso nome seja adorado e glorificado em todos os séculos!” E entrou na fogueira de cabeça erguida. Era o dia 23/02/155.

Que diferença de nós que, para evitar pequenos sofrimentos, às vezes cometemos pecado e até traímos a nossa fé!

Maria Santíssima foi também uma mulher corajosa, que enfrentou de cabeça erguida todos os obstáculos que lhe apareceram. À vossa proteção recorremos, Mãe de Deus.


São Maximiliano Maria Kolb

S. Maximiliano Kolb era um frei franciscano polonês, e morreu mártir, em 1941, vítima da Segunda Guerra Mundial.

Ele estava preso no campo de Concentração de Auschwitz, na Polônia. Só lá foram mortos, depois de horríveis torturas, quatro milhões de seres humanos!

Um dia, um preso fugiu. Em represália, dez prisioneiros, escolhidos por sorteio, deviam morrer de fome.

Eles foram reunidos em um pátio, em fila, e começou o sorteio. Cada sorteado saía do grupo e ficava na frente, ao lado do comandante.

Um deles começou a gritar chorando: “Eu quero viver! Tenho mulher e filhos para tratar!” Do meio dos prisioneiros, Frei Maximiliano saiu da fila, caminhou um pouco na direção do comandante e disse: “Eu me ofereço para morrer no lugar dele”. “Aceito sua decisão”, respondeu o comandante. Na hora, foi feita a troca.

Os dez foram despidos e trancados numa pequena cela úmida, fria e escura. Depois de duas semanas, só dois estavam vivos. Frei Maximiliano era um deles. Dois dias depois, os dois foram mortos com uma injeção letal. Ele tinha 47 anos de idade.

Na cerimônia de canonização, estavam presentes aquele senhor em lugar do qual ele morreu, Francisco Gajowniczek, sua esposa e seus filhos.

“Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

“Eu quero ver acontecer. Um sonho bom, sonho de muitos, acontecer. Um sorriso em cada rosto, uma flor em cada mão, acontecer.”


A Madre Teresa de Calcutá e o jornalista

Certa vez, um jovem jornalista foi entrevistar a Bem-Aventurada Madre Teresa de Calcutá. No meio da conversa, entusiasmado com as respostas dela, ele perguntou: “Madre Teresa, o que é preciso para melhorar o mundo?”

Ela respondeu: “São necessárias duas coisas. A primeira é eu melhorar a mim mesma. A segunda é você melhorar a si mesmo”. Na hora, o jovem ficou meio “perdido” com a inesperada resposta.

De fato, a primeira reforma que o mundo necessita é a pessoal, de cada um de nós. Não podemos terceirizar problemas, dizendo que é culpa do governo, das estruturas...

E não adianta falar bonito, se não vivemos o que falamos. O ideal é viver o que se fala e falar o que se vive, como fazia Jesus Cristo e como fazia a Madre Teresa.

Quem ama adapta-se à pessoa amada. Maria Santíssima amava muito o seu Filho, por isso viveu o Evangelho plenamente. Mãe do bolo amor, rogai por nós.


O cavalo que girava a roda d’água

Havia, certa vez, um cavalo que passava o dia andando em círculos, girando uma roda d’água. Ele olhava para os outros cavalos do sítio e pensava: “Quem me dera mudar de serviço e ser como aquele colega que leva meu patrão para lá e para cá, fazendo passeios! Ou se eu pudesse ser como aquele outro que fica andando no meio das lavouras puxando o arado! Que vida sem sentido é esta minha, ficar aqui o dia inteiro andando em círculos, sem sair do lugar!”

O patrão percebeu e lhe disse: “Meu querido, o seu trabalho é muito importante aqui no sítio. Veja a horta, o jardim, as crianças sorrindo... Tudo porque você nos fornece a água. Veja também todos os outros animais do sítio... A nossa vida depende de você”.

O cristão verdadeiro se mostra na fidelidade do dia a dia, na dedicação às coisas pequenas e às ações simples, mesmo que repetidas.

Que Maria Santíssima, a ponte usada por Deus para se encontrar com o homem, seja também uma ponte para o nosso encontro com Deus.


A moça índia Zulu

Havia, certa vez, uma linda jovem índia chamada Zulu. Naquela aldeia, todas as moças usavam colares. Mas o colar da Zulu era diferente, muito mais bonito. Por isso as colegas tinham ciúme dela.

Um dia, quando Zulu passeava na beiro do rio, encontrou-se com o grupo de moças, e estas lhe disseram que haviam jogado os seus colares no rio, como oferta a Deus. E pediram que ela também o fizesse. Zulu atendeu e jogou o seu colar no rio. As outras começaram a rir, tirando seus colares dos bolsos, e foram embora contentes.

A jovem caminhava triste pela margem do rio, quando ouviu uma voz dentro de si mesma que dizia: “Atira-te à água!” No mesmo instante, ela se jogou no rio. No fundo, encontrou uma gruta, dentro da qual havia uma velhinha cheia de feridas de aspecto repugnante.

“Beije minhas feridas”, disse a velha. Zulu hesitou um pouquinho, mas acabou beijando as feridas da velhinha, que logo ficaram curadas. A mulher disse: “Em retribuição à minha cura, farei com que você se torne invisível às feras”.

Na mesma hora a jovem escutou a voz de um dragão que gritava: “Quero carne! Quero carne!” Passou ao lado de Zulu e, como não a viu, foi-se embora. A mulher deu à jovem um novo colar muito mais bonito.

Zulu voltou à aldeia. Quando as outras moças a viram, ficaram surpresas e lhe perguntaram onde havia encontrado aquele colar tão belo. Ela contou que foi uma velhinha que vivia numa gruta no fundo do rio. As jovens foram correndo ao rio e mergulharam. Encontraram a gruta e dentro dela a velhinha cheia de feridas, que lhes disse: “Beijem minhas feridas!” As moças sentiram repugnância e não satisfizeram o desejo da velha.

Nesse momento, ouviram a voz de um dragão, gritando: “Quero carne! Quero carne!” E como o dragão podia enxergá-las, devorou-as.

Foi a humildade de Zulu, beijando as feridas da velhinha, que salvou a sua vida. Queremos ser humildes, e nunca recusar o amor aos doentes.

Maria Santíssima sempre foi corajosa em fazer o bem. Mãe dos doentes, rogai por nós.


O padrinho de batismo e a vela

Certa vez, um senhor foi convidado para ser padrinho de batismo. Ele procurou fazer tudo direitinho. Vestiu o terno, pôs a gravata e foi para a igreja.

No início, o padre deu uma vela para ele segurar. Ficou segurando a vela.

Após o rito principal, o da água, o padre pediu para ele acender a vela no Círio Pascal. Ele ascendeu.

Terminada a celebração, o padre perguntou a ele: “Por que você está segurando esta vela?” O pobre homem se enroscou todo. Olhou para a vela, olhou para o padre, deu um sorriso amarelo e disse: “Para dizer a verdade, sr. Padre, eu não sei”.

O padre lhe explicou o sentido da vela, e por que o padrinho a segura. Ela representa a Vida Nova que a criança acaba de receber de Cristo, representado no Círio Pascal. E o padrinho é o fiador da formação religiosa inicial daquela criança.

Muitos cristãos aceitam ser padrinhos de muitas e muitas crianças, e nem se lembram, ou não sabem, da responsabilidade que assumem. Eles são como estepe: Se os pais não ensinarem ao filho ou à filha os primeiros passos da fé, os padrinhos têm obrigação de fazê-lo, senão terão de prestar contas a Deus.


São os pais e os padrinhos que mantêm acesa a fé da criança, até o dia feliz da Primeira Comunhão, e da Crisma. A partir daí, é o adolescente que a segura, mas eles continuam vigilantes, dando-lhe a mão quando preciso. Se os padrinhos fizerem isso, receberão de Deus um grande prêmio no Céu.

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