PADRE QUEIROZ

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Julho 13


HISTÓRIAS DE VIDA-JULHO 13


Toda a família entrou no convento

S. Bernardo de Claraval viveu na França, no Séc. XII. Quando era criança, a mãe faleceu, ficando o pai com sete filhos pequenos.

Bernardo cresceu e, como jovem, entrou em um mosteiro para se tornar monge. Logo, os irmãos e irmãs começaram a ir também.

Por fim, sobraram em casa o pai e o irmão mais novo, chamado Nivaldo. Um dia, o pai disse para o Nivaldo: “Filho, eu estou com vontade de ir também para o convento. Por isso, eu deixo de presente para você todos os nossos bens: Esta casa, com tudo o que está dentro, e as nossas terras. Concorda?”

Nivaldo respondeu: “Bonito, hein pai! Vocês escolhem o Céu e deixam a terra para mim? Querias! Eu também vou. O senhor pode dar fim em tudo isso”. Assim, toda a família ingressou na Vida Religiosa.

De fato, Nivaldo tinha razão, porque o Céu é mais importante que a terra.

“Aí, então, eles vão jejuar” (Mc 2,20). O nosso jejum principal é a prática das virtudes cristãs, inclusive o desapego dos bens da terra, como fez Nivaldo.

Como Jesus disse para Marta: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10,41-42).

Que Maria Santíssima nos ajude a abandonar o homem velho e nos deixar embriagar pelo vinho novo que é a Reino de Deus.


Poeta é acusado de louco

Sófocels foi um dos maiores poetas e dramaturgos de todos os tempos. Ele viveu em Atenas, na Grécia, no Séc. V A/C.

Tinha dois filhos rapazes. Estes, ávidos de pegar logo a herança do pai, foram à justiça e o acusaram de louco. Isso porque, pela lei da Grécia, se o pai fosse declarado louco, os filhos podiam pegar logo a herança.

No dia do julgamento, Sófocles compareceu no tribunal. Reuniu-se muita gente, porque o povo estava curioso para ver como que Sófocles ia se defender.

Depois que os filhos terminaram a acusação, o juiz deu a palavra a Sófocles. Ele, calmamente, levantou-se e recitou sua última poesia, que não tinha nada a ver com a defesa.

Quando terminou, todos o aplaudiram de pé, pois era mais uma obra prima de arte.

Ao invés de condená-lo, o juiz condenou os dois filhos e os mandou para a prisão. E as pessoas presentes colocaram na cabeça de Sófocles uma coroa de louro, e o declararam o poeta da cidade.

Quando João Batista mandou seus discípulos perguntarem a Jesus se ele era o Messias, Jesus também respondeu com ações. Disse-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: Cegos recuperam a vista...” (Lc 7,22).

Em outra ocasião, Jesus tomou a mesma atitude, com dois discípulos de João Batista. Eles foram atrás de Jesus e lhe perguntaram: “Mestre, onde moras?” Jesus respondeu: “Vinde ver”. Eles foram, passaram aquele dia com Jesus, depois se tornaram seus discípulos (Cf Jo 1,35-39).

A vocação de Maria Santíssima é, depois de Jesus, a mais bonita da Bíblia. Mãe das vocações, rogai por nós.


Rãs caem em cisterna velha

Certa vez, um grupo de rãs estava pulando distraidamente em um campo, e caíram numa cisterna velha. Como havia água no fundo, elas não morreram. Mas não conseguiram mais sair dali.

Com o passar do tempo, elas se reproduziram, e contaram a história para seus filhotes: “Nós estamos aqui porque caímos. Existe, lá fora, um mundo muito mais bonito. Tem sol, flores, borboletas, centopeias...”

Entretanto, quando elas morreram, e os filhotes foram contar para seus filhotes, estes já não acreditaram muito. Pensavam que aquilo era uma invenção, uma fantasia. O mundo é mesmo redondo e escuro, pensaram.

E assim, com o passar das gerações, aquelas histórias viraram contos de fadas.

Muitas vezes, acontece algo semelhante conosco em relação à Redenção. As pessoas falam: “Felicidade não existe. O mundo é triste, só tem mentira, falsidade, corrupção e violência”.

Falam isso porque não conhecem o outro mundo que Adão e Eva perderam e que Jesus recuperou. É um mundo mais bonito, e possível de ser construído, porque está presente nas Comunidades cristãs. Basta acreditar no sonho e fazê-lo virar realidade. “A fé é a certeza daquilo que se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1).

Precisamos, como Jesus, ir atrás das pessoas que estão mergulhadas no pessimismo e convidá-las à alegria e à esperança.

“Eu quero ver, eu quero ver acontecer. Um sonho bom, sonho de muitos, acontecer.”

A mãe não exclui nenhum filho, e se preocupa de preferência com os mais afastados, rebeldes e problemáticos. Assim é Maria Santíssima conosco.


A cruz, símbolo respeitado

Na antiguidade, um rei foi informado a respeito de um plano secreto para derrubá-lo do trono. Convocou sua polícia e esta descobriu os conspiradores.

O rei pediu que lhe trouxessem a lista deles, a fim de serem severamente punidos.

Logo o general voltou ao palácio e entregou ao rei uma lista dizendo: “Majestade, os conspiradores são estes marcados com uma cruz”.

O rei lhe disse: “General, o senhor acaba de me impedir de castigá-los. Como eu iria vingar-me deles, se estão marcados com o sinal de Cristo?” E todos os conspiradores foram anistiados.

Se até um sinalzinho de cruz, feito em um papel, é respeitado, quanto mais o Evangelho de Jesus e seus mandamentos. Afinal, todos nós fomos, no batismo, marcados com o sinal de Cristo, que é a cruz.

O Santos Padre da Igreja primitiva recorriam à intercessão da Virgem Santíssima para obter do Espírito a capacidade de gerar Cristo e dá-lo ao mundo.


A caixa de Pandora

Existe uma lenda, tirada da mitologia grega, que quer explicar a origem do mal no mundo: Havia uma deusa muito bonita, chamada Pandora. Quem a enfeitava eram Minerva e Vênus. E Mercúrio a educava, para ser cada vez mais conquistadora.

Júpiter, que era um deus muito poderoso, tinha um grande inimigo, chamado Prometeu. Então Júpiter encarregou Pandora de estragar a vida de Prometeu.

Deu a Pandora uma caixa muito bonita e disse: “Conquiste Prometeu. Faça-o apaixonar-se por você. Quando ele estiver apaixonado, dê-lhe esta caixa, como se fosse um presente”.

Pandora assim fez. Prometeu apaixonou-se por ela e, embebido no amor, esqueceu-se da prudência e abriu a caixa. Imediatamente saíram da caixa todos os males, e se espalharam pelo mundo: O ódio, a vingança, as maledicências, os assassinatos, as doenças e todos os outros males.

Os povos antigos tentavam explicar a origem do mal, e o faziam geralmente usando a fantasia.

Era no espírito mau que os judeus encontravam a origem dos males do mundo. Nós sabemos que essa expressão “espírito mau” deve ser entendida de forma ampla. Ela não se refere só ao demônio, mas também ao mal que está no mundo, e ao que está dentro de nós mesmos, feridos que somos pelo pecado.

Que Maria Santíssima, a Imaculada, nos ajude a não nos deixarmos levar pelos espíritos maus. E também a termos uma fé convicta, a fim de sermos um instrumento de Deus na libertação dos que são possuídos pelas forças do mal.


O barulho no andar de cima

Havia, certa vez, duas famílias que moravam no mesmo prédio. Uma exatamente em cima da outra. A divisão dos apartamentos era igual e as camas dos dois casais ficavam na mesma posição.

Todos os dias, à meia noite, o homem de baixo acordava quando o de cima tirava suas botinas, porque elas eram pesadas e ele as deixava cair no piso, fazendo barulho.

Um dia, os dois se encontraram no elevador e, o que morava embaixo teve coragem e contou o caso. O outro pediu desculpas. “Por que você não me falou antes!” lamentou.

No dia seguinte, os dois desciam novamente juntos no elevador. O de cima perguntou: “E nesta noite, como foi?” O de baixo, que estava com os olhos vermelhos, respondeu: “Após a primeira botina, eu fiquei o resto da noite esperando a segunda”.

O que aconteceu foi que o de cima, quando tirou a primeira botina, deixou-a a cair como sempre. Mas logo se lembrou, e a segunda colocou devagarinho no piso. O de baixo, como já estava condicionado ao barulho de duas botinas, ficou o resto da noite esperando a segunda.

Ser bom vizinho. Depois dos de casa, os vizinhos são os nossos próximos mais próximos.


Mãe põe seu bebê doente sobre o Altar

Certa vez, na Coreia, estava havendo uma Missa, e na homilia o padre falou sobre a oração. Dizia que tudo o que pedirmos com fé, receberemos. Mas a fé precisa ser firme, insistia ele.

Uma mãe estava com o seu bebezinho doente no colo, e queria que Deus o curasse.

Terminada a celebração, o padre estava de costas para o Altar, ela foi e colocou o bebê em cima do Altar. Quando o padre viu, perguntou a ela por que fez aquilo. Ela disse:

“O senhor não falou que precisa ter fé? Eu tenho. Por isso que coloquei o meu filho aqui, para que Deus o cure”.

De fato, o filho dela sarou. Não naquela hora, mas depois, com a ajuda dos médicos. Deus costuma dar-nos suas graças, mas sem dispensar a mediação humana. No caso da doença, sem dispensar a medicina, que foi ele mesmo que criou, e que inspira os médicos, fabricantes de remédios, enfermeiros...

No comecinho da Igreja, os milagres eram repentinos, porque a Igreja estava nascendo. Mas normalmente não é assim, nem precisa. Deus faz as coisas na hora certa. E é ele que sabe a hora certa. Quem tem poder não tem pressa.

“Se tiverdes, fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá. Nada vos será impossível” (Mt 17,20).


O exemplo das abelhas

Havia, certa vez, um menino que era cheio de ilusão. Falava que ia ser músico. O pai deu-lhe um instrumento e queria contratar um profissional para ensiná-lo a tocar. Mas o garoto disse:

“Não precisa, pai! Eu toco do meu modo”. E começou a tocar. Virava, mexia, e só saía uma nota. O menino não conhecia os segredos do instrumento.

Foi ficando com raiva, e disse: “Essa droga não presta!” E jogou o instrumento no lixo.

Não é possível ser autodidatas em tudo. Precisamos aprender dos outros. É vivendo e aprendendo, aprendendo e ensinando.

A aranha, para fazer a sua teia, tira tudo de dentro dela. A formiga faz o contrário: Paga, com suas garrinhas, a folha e a leva toda para a sua casa, sem acrescentar nada de si. Já a abelha usa o meio termo: Paga o néctar na flor, mistura nele um produto que trás dentro de si e produz o gostoso mel.

“Toda manhã o Senhor desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás em não andei” (Is 50,4-5).

Maria, a Mãe de Jesus, foi sua primeira e fiel discípula. O discípulo não é aluno. O aluno olha as costas do professor; o discípulo contempla o mestre de frente, e lê nos seus olhos aquilo que ele não fala.


Subir, mas nem tanto

Ícaro é um personagem mitológico, surgido na Grécia, mais de mil anos antes de Cristo. Ele era um jovem e seu pai chamava-se Dédalo.

Um dia, os dois foram presos por ordem de Minos, rei de Creta, e encerrados no Labirinto.

Mas os dois foram criativos. Fizeram asas para si, com penas de aves, e fugiram voando.

Dédalo recomendou ao filho: “Cuidado. Lembre-se de que nós colamos as penas com cera de abelha. Por isso, não voe muito alto, porque assim você se aproxima do sol e o seu calor poderá derreter a cera”. E começaram a voar.

Lá na frente, Ícaro ficou maravilhado por estar nas alturas, e voou alto demais. Aproximou-se do sol, a cera derreteu-se e ele caiu no mar, que hoje tem o seu nome: Mar Icário. Fica na Ásia Menor.

A lenda, entre tantas outras mensagens, chama a nossa atenção para as virtudes da humildade e da prudência. Quanta lágrima corre no mundo por causa do exagero em querer “subir na vida”!

Os exercícios de piedade com que os cristãos exprimem a sua veneração para com a Mãe do Senhor manifestam o lugar que ela ocupa na Igreja: Depois de Cristo, é o mais alto e o mais perto de nós.


Santas Missões, uma festa de Deus

Certa vez, estava havendo a abertura das Santas Missões em um bairro. Era a noite da chegada dos setores, encerrando um mês de oração nas casas.

Dezenas de procissõezinhas, chegando pelos quatro lados do barracão, com o povo cantando no maior entusiasmo, cada grupo trazendo um andorzinho enfeitado de flores e com a Imagem de Nossa Senhora. A alegria era grande.

Na pregação, o missionário disse: “Vocês pensam que foram vocês que trouxeram Nossa Senhora? Foi nada! Foi ela que trouxe vocês”.

É a pura verdade. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,15). “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, a não ser sob a influência do Espírito Santo” (1Cor 12,3).


Maria Santíssima é nossa Mestra de oração. “Ensina teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus!”


Um cristão leigo modelo

Tomás Moro viveu no Séc. XVI. Era inglês, advogado. Casou-se com Joana Colt, com quem teve quatro filhos, três mulheres e um homem. Joana faleceu, deixando as crianças pequenas. Tomás casou-se com Alice Midleton, pensando mais no cuidado das crianças.

Tomás foi eleito membro da Assembleia Legislativa e, depois, nomeado chanceler da Inglaterra. Era muito querido do povo.

O rei na época era Henrique 8º. Tomás era um católico convicto e, quando o rei se divorciou da esposa, Catarina de Aragão, e casou-se na Igreja com Ana Bolena, mesmo sem a licença do Papa, Tomás condenou o ato publicamente.

Foi imediatamente preso. Ele devia escolher: Ou voltar atrás e apoiar o segundo casamento do rei, ou ser condenado à morte.

Um dia antes do julgamento, sua esposa foi visitá-lo na prisão e pediu, com lágrimas, que ele retirasse sua crítica ao rei, a fim de não morrer. Tomás lhe perguntou: “Meu bem, quantos anos você acha que ainda teremos de vida?” Ela disse: “Uns vinte anos”. “Pois bem”, continuou Tomás, “vinte anos passam tão depressa! Não compensa, por causa deles, perder a eternidade”.

De fato, no dia seguinte, dia 06/07/1535, Tomás confirmou a crítica e, horas depois, o carrasco lhe decepava a cabeça. Foi canonizado em 1935.

Aí está um belo exemplo de profeta, bem parecido com João Batista. Vamos também ser corajosos na defesa da família.

Maria Santíssima, apesar de absolutamente entregue à vontade de Deus, longe de ser uma mulher passiva, foi dinâmica, criativa e denunciadora dos que oprimiam os pobres.


Pedro Jorge de Melo e Silva

Na década de 1980, havia, em Olinda, no Recife, um promotor público chamado Pedro Jorge de Melo e Silva. Era casado e tinha três filhos. Cristão católico engajado, pertencia à Ordem Secular do Carmo.

Em 1981, quando Dr. Pedro tinha trinta e cinco anos de idade, o governo federal liberou um bilhão e meio de Cruzeiros para o Pro-agro, projeto pernambucano para o plantio de mandioca.

O dinheiro foi retirado do Banco do Brasil, agência de Floresta PE e, em seguida, totalmente desviado. O caso ficou conhecido como “o escândalo da mandioca”.

Dr. Pedro investigou, descobriu a quadrilha e a denunciou. Recebeu ameaças de morte, mas não se intimidou nem interrompeu as investigações.

Dia 03/03/1982, de manhã, quando ele foi à padaria comprar pão, foi morto com três tiros, vindos de um carro que passava na rua.

Logo em seguida, foi preso um suspeito de ser o mandante do crime. Mas, dias depois, ele “fugiu” da prisão e não foi localizado. Ninguém mais foi preso. Foi publicado que a quadrilha fugiu do Brasil.

“A luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la... A Palavra estava no mundo, mas o mundo não quis conhecê-la” (Jo 1,5.10). O mundo não conseguiu e nunca conseguirá dominar a Palavra, o Verbo Eterno presente no mundo, mesmo que isso continue custando o sangue de muitos profetas.

“Quando se completou o tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Nós agradecemos a Maria sua valiosa colaboração nesse plano salvador de Deus, e pedimos que ela nos ajude a levá-lo para o coração do mundo secular.


O palhaço infeliz

Certa vez, um senhor estava em um vazio interior enorme. Sentia que, se não tomasse uma providência, ia cair em depressão. Procurou um psiquiatra.

O médico, depois de examiná-lo cuidadosamente, percebeu que ele não tinha doença séria. Era só tristeza, angústia e uma insatisfação interior profunda. No final da consulta, disse ao paciente:

“Meu amigo, dias atrás, chegou aqui na cidade um circo, que é o melhor circo que eu já vi. Eles apresentam números sensacionais de mágicos, de trapezistas... O que mais me divertiu, e que está chamando a atenção de todos, é o palhaço. Ele é sensacional. Jamais se viu um palhaço tão engraçado como aquele. A plateia ri até do jeito de ele entrar, e não para mais de rir. Eu o aconselho a ir lá. Tenho certeza que vai lhe fazer bem, e o senhor vai melhorar”.

O paciente respondeu: “Dr., aquele palhaço sou eu!”

Aí está o engano do mundo moderno: Procurar a felicidade fora de Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. A diversão nos faz bem, mas não consegue dar-nos uma paz profunda. Esta só encontramos sendo bons discípulos de Cristo.

Que Maria Santíssima nos ajude a seguir o caminho do seu Filho, mesmo que nos venham espadas e cruzes.
- No meio de um mundo de mentira, que vivamos na verdade.
- No meio de um mundo de violência, que semeemos a paz.
- No meio de um mundo de tristeza, que distribuamos a alegria.
- No meio de um mundo de egoísmo, que testemunhemos o amor.
- No meio de um mundo ganancioso, que pratiquemos a gratuidade.


O padre no restaurante

Certa vez, um padre estava viajando de carro, e parou em um restaurante para almoçar. O refeitório estava cheio de motoristas, todos almoçando.

Chegava um, levantava-se outro, e ninguém rezava. O padre, lá no canto, observava a cena e pensava: Está vendo? A gente insiste tanto na igreja para o povo rezar às refeições, mas não adianta nada!

De repente, um motorista de caminhão, com a camisa desabotoada e a barriga um pouco avançada, levantou-se da mesa e fez o sinal da cruz, sem nenhum respeito humano.

O padre achou aquilo tão bonito que não aguentou. Levantou-se, foi atrás do homem e lhe disse:
- “Parabéns para o senhor!”
- “Parabéns por quê?”
- “Porque o senhor rezou. Eu estou observando aqui, ninguém reza. Mas o senhor rezou.”
- “Rezei!? Que hora que eu rezei?”
- “Agora. O senhor não acabou de fazer o sinal da cruz, quando se levantou da mesa?”
- “Não, moço! É que, no final das refeições eu costumo dizer: ‘Cuca fresca’ (pôs a mão na testa), ‘barriga cheia’ (pôs a mão na barriga), ‘dinheiro no bolso’ (pôs a mão no bolso da camisa): ‘Tudo bem”.

E o padre voltou para terminar o seu almoço, triste e envergonhado pelo fora que deu, interpretando errado os gestos do homem. Ninguém reza mesmo! pensou.

O hábito de rezar às refeições, além de manter a família unida, é um belo testemunho de fé.


A bicharada descontente

Certa vez, os animais de uma floresta começaram a ficar tristes. O macaco se coçou e disse: “Eu não gosto de ser macaco, estou enjoado de fazer macaquices!”

O elefante ergueu o tromba e gritou: “Eu, com este peso todo... Estou cheio disso!”

O coelho, que já andava mole como tartaruga, disse: “Não aguento mais esta vida de coelho!”

Chegou a vez da coruja. Ela abriu os olhos com dificuldade e reclamou: “Nem quero mais olhar no espelho!”

A girafa escutou a conversa e lamentou: “E eu, com este pescoço...”

E o mesmo foram dizendo os outros bichos.

O pior é que a doença estava pegando nas árvores. Cada uma estava ficando descontente com o seu jeito.

Até que os animais viram dois passarinhos cantando, e foram perguntar por que eles estavam alegres. Eles responderam: “Porque Deus nos fez assim, e assim queremos ser”.

Deus nos ama do jeito que somos, com a beleza e a feiura que cada um tem, e também com as qualidades e defeitos. Ele nos abraça. Mas quer que cumpramos bem a nossa missão, dada por ele.


O caminho do bezerro

Certa vez, a muitos anos atrás, um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem, para voltar ao seu pasto. Sendo um animal irracional, abriu um trilho tortuoso, com subidas e descidas desnecessárias.

No dia seguinte, um cão que passava por ali usou esse mesmo trilho, cheio de curvas, para atravessar a floresta.

Depois foi a vez do carneiro, seguido pelo rebanho, que passaram pelo trilho torto.

Mais tarde, os homens começaram a usar aquele caminho. Viravam à direita e à esquerda, subiam e desciam, fazendo em três horas uma caminhada que podia ser feita em apenas uma.

Devido ao uso, o caminho virou uma estrada. Foram construídas casas dos dois lados, e tornou-se a avenida principal de uma cidade.

Os homens têm a tendência de seguir, cegamente, trilhos feitos por pessoas que nem sempre sabiam fazer o melhor traçado. E muitos ainda estão caminhando por esses trilhos. Se não é o caminho mais curto, é o mais cômodo. E, se todo mundo vai por ele, eu também vou.

“Deixai-os! São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois caem no buraco” (Mt 15,14).

Jesus, o caminho, a verdade e a vida, nos alertou: Surgirão muitos falsos profetas. Não os sigais.

A missão de Maria Santíssima junto ao Povo de Deus é uma realidade ampla, operativa e fecunda. O objetivo é reproduzir nos filhos as feições do Filho Amado. Sua materna intercessão, unida à sua santidade exemplar, são motivo de esperança para todo o gênero humano. (Adaptação Maria Olívia)


Pais vigilantes

Certa vez, uma moça da roça foi para a cidade grande estudar. Lá, andando com más companhias, a sua cabeça começou a mudar. Não era mais aquela jovem de olhos brilhantes e sorriso estampado no rosto, como antes.

Os pais perceberam tudo e começaram a escrever frequentemente para ela. Eram cartas com palavras de carinho e orientação. A menina foi guardando as cartas, mas estava difícil deixar o mau caminho.

Preocupados, os pais pediram ao filho mais velho, ainda solteiro, que fosse morar com ela. Ela deixou a república onde morava e os dois passaram a morar em um pequeno apartamento.

Com a ajuda do irmão, a jovem logo abandonou as más companhias e recuperou a felicidade. Alguns colegas do grupo de jovens da paróquia começaram a frequentar o apartamento, aprofundando uma amizade saudável e gostosa. E os pais continuavam escrevendo cartas, pois naquele tempo o telefone era difícil.

Quando terminou a faculdade, na festa de formatura, aquela moça fez uma surpresa para seus pais. Entregou a eles um belo álbum, onde estavam todas as cartas que eles lhe tinham escrito durante o curso. Ao entregar-lhes o presente, ela disse, emocionada: “Aqui está o meu caminho”.

Deus também não nos abandona, quando erramos. Ele mandou para a humanidade pecadora inúmeras cartas, que são os livros da Bíblia. Mandou inúmeros mensageiros, que são os profetas. Depois nos mandou seu próprio Filho, que veio morar conosco. E ainda mais: Deu-nos uma carinhosa e atenta Mãe. Santa Maria, rogai por nós.


O noviço esquecido

Certa vez, em um mosteiro, um noviço chegou para o mestre e disse: “Padre, penso que não tenho vocação. Não consigo guardar na memória o que leio na Bíblia, nem as palestras do senhor”.

O mestre não respondeu imediatamente a questão. Apenas disse ao jovem: “Pegue aquele cesto de junco, desça ao riacho, encha-o de água e traga aqui”.

O noviço olhou para o cesto, todo furado e sujo, e achou muito estranha a ordem. Mas obedeceu. Desceu ao riacho, encheu o cesto de água e começou a subir. Quando chegou junto ao mestre, já não havia água, pois se escorrera toda pelos buracos do cesto.

O mestre lhe pediu que repetisse a viagem. O noviço voltou ao riacho, afundou o cesto na água, encheu-o e veio trazendo. Mas novamente chegou com o cesto vazio.

Carinhosamente, o mestre perguntou: “Meu filho, o que você aprendeu?” O rapaz respondeu na hora: “Que cesto de junco não transporta água”.

O mestre disse: “Olhe para o cesto. Vê alguma diferença?” O noviço olhou e disse com um sorriso: “Vejo que o cesto, que antes estava sujo e empoeirado, agora está limpo”.

E o mestre concluiu: “Se a água não chegou aqui, pelo menos lavou o cesto. Nós somos como este cesto. Nada importa que você não consiga guardar na memória os textos bíblicos e as palestras. O importante é que a sua vida fique limpa diante de Deus”.

Podemos dizer o mesmo em relação à Palavra de Deus. Mesmo que não nos lembremos de um texto bíblico que lemos ou ouvimos, ele tem uma força própria e nos transforma, a não ser que recusemos a graça.

Isabel elogiou a fé da prima Maria Santíssima: “Feliz aquela que acreditou, pois aquilo que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45). Maria foi uma pessoa aberta à ação transformadora de Deus. Que ela nos ajude a fazer o mesmo.


Abraçar a minha cruz

Havia, certa vez, um homem que vivia reclamando da sua cruz. Ele a achava muito pesada.

Um dia, procurou S. Pedro e pediu que trocasse a sua cruz. S. Pedro lhe disse: “Ali fora, no pátio, há um monte de cruzes. Pode procurar à vontade a que lhe agrada, e fazer a troca”.

O homem foi, todo eufórico. Jogou a dele no monte e começou a revirar as cruzes, procurando uma melhor. Pegava uma, começava a andar, mas a achava desajeitada. Voltava, jogava no monte e experimentava outra.

Depois de um bom tempo, achou uma boa. Não era nem muito comprida nem curda demais, e não machucava o ombro.

Procurou S. Pedro e disse: “Obrigado! Achei uma boa”. S. Pedro olhou para ele e falou: “Ô moço! Foi esta aí que você jogou lá, quando chegou!”

Deus não nos tira a cruz da vida, enquanto estamos aqui na terra. Mas, se lhe pedirmos, ele nos dá condições de carregá-la com alegria. Pois “o meu jogo é suave a o meu fardo é leve” (Mt 11,30).

Maria Santíssima ficou ao pé da cruz de Jesus até ele morrer, dando-lhe apoio. E, bem ali, Jesus no-la deu por Mãe. No seu zelo inesgotável, ela continua fazendo o mesmo com cada de nós. “Socorrei-nos, ó Maria!”


O ateu de fachada

Havia, certa vez, um homem que se dizia ateu. Um dia, ele estava viajando de avião e a nave, ao entrar numa forte tempestade, começou a balançar como uma pena ao vento.

Vendo o perigo de morte iminente, o homem gritou desesperado: “Meu Deus, socorrei-me!”

Depois que a turbulência passou, um dos passageiros, que o conhecia bem, perguntou-lhe: “Você não fala sempre que é ateu? Por que então pediu socorro a Deus?”

O homem respondeu: “Eu sou ateu lá embaixo. Aqui em cima é diferente”.

Esse “ateu” precisa tomar cuidado, porque com Deus não se brinca.

A nossa fé cresce na medida da nossa prática de boas obras. Que Maria Santíssima, o nosso modelo no serviço ao próximo, nos ajude.


A origem do arco-íris

Certa vez, as cores começaram a brigar entre si. Cada uma dizia que era a mais bonita que a outra.

A cor vermelha falava que era mais linda que a azul. A verde se gabava de ser mais bela que a amarela. A cor de rosa falava que a cor marrom era feia, e assim por diante.

Para acabar com as discussões, Deus criou o arco-íris: “Vejam”, disse ele, “é a união de vocês que faz a maior beleza”.

Por isso que, de vez em quando, após uma chuva, surge no céu o arco-íris. Ele nos lembra que é na união dos diferentes que está a maior beleza.

No Reino de Deus, as diferenças são vistas como riqueza, e a variedade como enfeite da humanidade.

E a Santa Igreja tem uma estrela: Maria Santíssima. Ela é “a glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do Povo de Deus” (Jt 15,9). Que Maria nos ajude a ser bons cidadãos do Reino de Deus.


A borboleta mensageira

Durante a segunda guerra mundial, aconteceu, na Checoslováquia, um fato que chamou a atenção.

Um trem estava repleto de passageiros e correndo em alta velocidade, numa noite bem escura. O trem, como sabemos, tem um farol só, e não dois, como os carros. Na frente, iam o maquinista e seu ajudante, observando atentamente a estrada.

De repente, viram, na frente, como que uma grande mão, mandando o trem parar. Assustados, frearam o trem. Desceram e foram ver o que era.

Quando descobriram, ficaram aliviados. Era uma borboleta que tinha entrado dentro do farol, e batia as asas, fazendo aquela sombra parecida com uma mão mandando parar.

Mas, andando um pouco à frente nos trilhos, os dois ficaram aterrorizados. Havia uma ponte que estava totalmente destruída por uma bomba. Se eles não tivessem freado o trem naquele momento, teriam morrido todos.

Agradeceram a Deus e o maquinista guardou a borboleta como lembrança, até o fim de sua vida.

Você, eu, todos nós somos como aquelas centenas de pessoas que viajavam no trem. Estamos correndo pela vida, e Deus nos protegendo de todas as maneiras, usando até de borboletas. Que lhe sejamos gratos.

Maria Santíssima era uma pessoa agradecida a Deus. O Magnificat é o mais belo hino de ação de graças existente na Bíblia. Ali, ela agradece até coisas que ainda não tinham acontecido. De fato, “a fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1). Que Maria nos ajude a reconhecer os benefícios que recebemos diariamente de Deus.


O vestido azul

Certa vez, uma professora resolveu dar de presente para uma aluna um vestido. Tratava-se de uma menina pobre, que vinha à aula com roupas em péssimas condições, contrastando com o seu corpinho tão belo. A professora comprou para ela um vestido azul.

No dia seguinte, a aluna apareceu com o vestido azul e uma fita no cabelo. Já que o vestido era tão bonito, a mãe resolveu colocar nela a fita.

Sua irmã menor chorou, brigou e quis também um vestido novo. O pai comprou. A mãe começou a arrumar melhor a filha para ir à escola. Fazia-a tomar banho, arrumava as unhas, o cabelo...

E as coisas foram mudando naquela casa. Como as paredes estavam feias, o pai resolveu dar uma pintura. Arrumou também a frente, o murinho e o jardim.

A casa se destacou na rua, e os vizinhos não quiseram ficar para trás. Arrumaram suas casas também.

Em pouco tempo, o bairro todo estava mais bonito. O problema era a poeira e, quando chovia, o barro nas ruas. Formaram uma comissão, foram à prefeitura e reivindicaram o asfaltamento do bairro.

E assim, aos poucos, o bairro todo se transformou. Tudo por causa de um vestido azul. Ou melhor, por causa da boa ação de uma professora, que empregou o seu dinheiro a serviço do bem.

As nossas ações boas, por pequenas que sejam, são abençoadas por Deus e se multiplicam.

Maria Santíssima era apegada a uma única riqueza: Aquela que o anjo Gabriel destacou ao cumprimentá-la: “Ave, cheia de graça!” Que ela nos ajude a servir sempre a Deus e nunca ao dinheiro, a fim de sermos também cheios de graça.


O presente se multiplicou

Diz uma lenda que os Reis Magos, quando voltavam de Belém, tiveram uma surpresa: Ao olhar para a estrela, viram que ela se explodiu em milhares de estrelinhas, que se espalharam por todos os cantos do mundo.

De início, eles não entenderam o significado da visão. Mas, quando chegaram a uma encruzilhada e não sabiam por onde seguir, um estranho que passava explicou-lhes o caminho. Então eles viram cintilar sobre a cabeça daquele homem uma daquelas estrelinhas, vinda de Belém.

À noite, numa hospedaria, quando foram muito bem servidos pelo hospedeiro, também uma estrelinha brilhou sobre a cabeça dele.

Foi aí que os Magos entenderam: Por toda parte do mundo onde é feita uma boa ação, Jesus nasce naquela pessoa. Por isso que uma estrelinha vem sobre ela.

Vamos fazer todo esforço para que a Estrela de Belém volte a brilhar naqueles corações onde ela se apagou. Assim, brilhará mais, também em nós.

Maria Santíssima é a nossa Rainha, coroada de doze estrelas (Cf Ap 12,4). Ela amava tanto a Deus, que foi escolhida para nos dar a Grande Estrela, que é Jesus. Que nós também sejamos estrelas, a fim de que o mundo tenha mais luz.


O presépio montado pelas crianças

Certa vez, estava se aproximando o Natal, e as catequistas de uma Comunidade resolveram armar o presépio de forma comunitária. Cada criança devia trazer, ou sugerir, aquilo que ela achava que devia haver no presépio.

Trouxeram um Menino Jesus deitado na manjedoura, uma vaquinha, uma ovelha, um camelo, um pastor...

Um menino trouxe um recorte de revista contendo a foto de moradores de rua, entre eles várias crianças, e colocou no presépio.

A catequista perguntou por que ele quis colocar no presépio aquela foto. Ele explicou: “Jesus está no meio dessas pessoas, e quer que elas também sejam amadas”.

Esse garoto demonstrou bom conhecimento de Jesus e do seu coração.

Maria Santíssima tinha um coração semelhante ao do seu Filho. Além de dedicar-se aos necessitados, ela criticou, no hino Magnificat, as pessoas que os oprimem. “Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”. Mãe dos excluídos, rogai por nós.


A moça que se achava feia

Havia, certa vez, uma jovem que cursava o primeiro ano de faculdade, e andava bastante deprimida. Ela era, por sinal, uma garota muito bonita. Mas não se via assim.

Um dia, ela foi ao banheiro da faculdade, olhou-se no espelho e pensou: Como estou feia! E deu-lhe vontade de chorar.

Naquele instante, sentiu algo bater na sua perna. Olhou. Era uma moça cega, com a sua bengala, que lhe perguntou: “Por favor, onde é a pia?” A cega também estudava na universidade, apesar da sua limitação. E, ali no banheiro, perdida, pediu ajuda a quem sentiu que estava na sua frente.

A menina que estava deprimida recebeu aquilo como um sinal de Deus, o qual estava lhe dizendo que o sentido da vida não está em ser bonita ou feia, mas em servir o próximo. Ajudou a colega cega da melhor maneira que pôde, e a fossa sumiu de uma vez.

O mundo está aí, em volta de nós, precisando de alguém que lhe ajude. Não podemos nos fechar em nosso mundinho.

Deus nos manda profetas e profetizas, que nos falam das mais diversas formas. Cabe a nós entender e acolher suas mensagens.

A firmeza de Maria Santíssima, cujo coração foi transpassado pela espada de dor, seja para nós um exemplo. E que ela nos ajude a seguir o seu Filho, para onde quer que ele vá.


O Mar da Galileia e o Mar Morto

Na Terra Santa, existem dois mares bem conhecidos. Embora alimentados pelo mesmo Rio Jordão, eles são completamente diferentes.

O primeiro é o Mar da Galileia, cuja água é doce e contém muitos peixes. Seu litoral tem muitas cidades e vilas lindas, por causa do verde das lavouras, das árvores e dos jardins, tudo irrigado pelo Mar da Galileia.

O outro é o Mar Morto, que é célebre pela sua densidade de sais minerais. Ele não tem peixe e nem os vegetais conseguem viver de suas águas. Seus arredores são desertos. Não existe área verde. O Mar Morto apresenta um aspecto desolador.

De onde vem essa diferença, se os dois são alimentados pelo mesmo Rio Jordão? A explicação é simples: O Mar da Galileia recebe o Rio Jordão pelo Norte, porém não o guarda para si. Toda a água bela e fértil que recebe, ele a solta pelo Sul. E o Rio Jordão prossegue o seu caminho, irrigando e semeando vida por onde passa. O Mar da Galileia não vive para si, ele reparte tudo o que recebe.

Já o Mar Morto não. Ele recebe o Rio Jordão, mas o retém para si. Ele não possui saída. Assim, enquanto as águas se evaporam, todos os sais minerais se acumulam no enorme recipiente fechado. E a excessiva saturação torna-se veneno, que mata qualquer espécie de vida. É um mar que mata. E mata porque é fechado. O que ele recebe é bom e saudável. É ele que, por ser fechado, transforma em veneno.

Existem também duas classes de pessoas: As abertas e as fechadas. As que amam e as que não amam.

Encontramos pessoas que nada guardam para si mesmas. A sua felicidade está em dar, em servir. Essas pessoas são uma bênção dentro da família, na sua Comunidade e no bairro onde vivem. São pessoas vivificadoras, como o Mar da Galileia. Seu calor humano contagia. Sua disponibilidade irradia confiança, alegria e vida.

Mas infelizmente encontramos pessoas totalmente diferentes. Elas vivem para si mesmas. Vão acumulando para si tudo o que recebem e possuem de bom. Guardam tudo para si. E esses bens e dons se transformam em veneno. Veneno que até mata.

Essas pessoas misturam três ingredientes nos dons que recebem: Ambição, vaidade e dominação. Elas seguem um caminho oposto ao plano de Deus. Por isso, são infelizes e fazem os outros sofrerem ao redor delas.

Vamos aprender a lição desses dois mares. Se formos Mar da Galileia, certamente o Senhor gostará de passear de barco conosco, de anunciar a Boa Nova em nossas praias, de abençoar e de fazer milagres. Mais: Ele vai querer morar conosco, como morou na casa de Pedro, em Cafarnaum, ao lado do Mar da Galileia. E se um dia o nosso Mar estiver agitado, certamente ele vai acalmá-lo.

“Do mar estrela és tu, Maria. Quando dos lábios brotam ferventes humildes preces, cheias de dor, tu és estrela no céu a brilhar, levando os filhos ao Salvador.”


O eremita que tocava violino

Certa vez, na antiguidade, um rapaz tocou violino no palácio, na presença do rei. Este ficou encantado, e disse: “Você parece o melhor músico do mundo. Quem foi seu mestre? Eu gostaria de conhecê-lo”.

O rapaz respondeu: “Aprendi com um monge que vive no meio da floresta”.

“Eu gostaria de ir lá para ouvi-lo tocar”, disse o rei.

“Não adianta, Majestade”, respondeu o moço. “Ele não toca na presença de pessoas. Executa suas músicas somente para Deus”.

Entretanto, o rei não desistiu. Queria ouvir o monge, de qualquer jeito. Os dois foram até perto da cabana do monge eremita e ficaram escondidos. Ao ouvir as músicas maravilhosas, o rei ficou emocionado. Voltaram, sem que o monge soubesse.

Precisamos dar o melhor de nós para Deus. Ele merece, e certamente nos retribuirá cem vezes mais.

Maria Santíssima tinha uma amizade fora do comum com Deus. Dialogava com ele o dia todo e sentia prazer nesses diálogos. Quem ama gosta de conversar com a pessoa amada, e de estar junto. Que a Mãe do Céu consiga de Deus para nós o maior presente: A graça de amá-lo muito.


O lugar, tarefa, pessoa mais importantes

Havia, certa vez, um rei que não tinha filhos. Ele já estava idoso e não sabia a quem deixar toda a sua riqueza. Teve uma ideia:

Escreveu três perguntas e publicou-as no reino, ao mesmo tempo em que colocou as respostas em um cofre, trancado com três cadeados. As chaves de um, entregou para o primeiro ministro. Do outro, para o bispo da diocese. E as chaves do terceiro cadeado ficaram com ele. Isso para evitar a fraude de alguém querer ver ou mudar as respostas.

Aquele ou aquela que apresentasse as mesmas respostas que estavam no cofre, ganharia todos os seus bens.

As perguntas eram: 1) Qual é o lugar mais importante do mundo? 2) Qual é a tarefa mais importante do mundo? 3) Qual é a pessoa mais importante do mundo, que vive hoje?

Muita gente respondia, mas todos erravam.

Havia no reino um pobre ancião que tinha fama de sábio. Ele deu ao rei as seguintes respostas: O lugar mais importante do mundo é onde cada um de nós mora. A tarefa mais importante é a que estamos fazendo. E a pessoa mais importante é a que está ao nosso lado.

O ancião acertou e ganhou todos os bens do rei.

“Não vos preocupeis com o dia de amanhã” (Mt 6,34). “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10,15).

Se formos procurar a pessoa mais importante de todos os tempos, não há dúvida que a primeira é Jesus e a segunda é Maria Santíssima. “O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça!” (Lc 1,28).


Como é bom os irmãos viverem juntos

Havia, certa vez, um bando de patos que vivia em um grande lago. Um dia, eles brigaram. Depois da briga, cada pato foi morar sozinho, em um dos inúmeros laguinhos que havia ao redor. Assim, eles passavam o dia nadando, mas isoladamente, em seu pequeno lago.

Um dia, veio uma chuva muito forte, tão intensa que todos os laguinhos se uniram com o grande, formando um lago só. Assim, os patos não tiveram outra saída a não ser voltar a conviver.

Mas, agora, a vida juntos tornou-se ótima, uma beleza. Isso porque sentiram como é chato viver só, nadar bonito, mas sozinho.

Deus nos quer todos unidos em Comunidade. É difícil, mas é a coisa mais gostosa do mundo.

Que Maria Santíssima nos ajude a descobrir “como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos e se amarem” (Sl 133,1-3).


A visita muito especial

Certa vez, uma senhora recebeu um telefonema, dizendo assim: “Prepare-se bem, porque Jesus amanhã irá à sua casa”.

Ela ficou vislumbrada. Isso é uma honra muito grande, pensou. Jesus merece o melhor. Fez uma boa limpeza na casa, colocou flores...

No outro dia, preparou um almoço bem gostoso, inclusive com frango assado.

De repente, tocou a campainha. Ela pensou: Pronto, é Jesus. Foi atender. Mas não era. Era um menino pobre, pedindo comida. Ela disse: “Hoje eu não posso, filho; estou esperando uma visita”. E voltou para a cozinha.

Minutos depois, tocou novamente a campainha. Agora é ele, pensou. Mas também não era. Era uma jovem grávida, pedindo abrigo, pois seus pais a haviam expulsado de casa. A mulher disse: “Você procure outra casa, porque eu estou esperando uma visita importante e não posso atendê-la”.

Mais ou menos uma hora depois, novamente ela ouviu a campainha. Correu, pensando que finalmente era Jesus. Mas de novo não era. Era um senhor, cujo carro havia parado por falta de gasolina e, como ele viu o carro na garagem dela, pediu um pouco de gasolina. Ela disse ao homem: “Desculpe, senhor, mas hoje eu não posso ajudá-lo, porque daqui a pouco receberei uma visita muito importante”.

Daí para frente, ninguém mais chamou. Angustiada, a mulher pensava por que será que Jesus fez isso com ela.

Enquanto pensava assim, de repente, viu Jesus entrar pela porta da cozinha. Ela o recebeu, mas lhe disse, toda desajeitada: “Jesus, por que o Senhor fez isso? Chegar pela porta do fundo? Bastava ter tocado a campainha!”

Jesus respondeu: “Eu tentei três vezes entrar na sua casa pela porta da frente, mas, como a senhora não me recebeu, decidi entrar pelos fundos”.

Às vezes, Deus vem ao nosso encontro pelos caminhos normais, mas não o recebemos. Entretanto, ele não desiste e nos pega na curva, entrando em nossa vida pelos fundos. São situações que nos chocam, nos assustam, mas nos acordam. O certo é que, de um modo ou de outro, Deus não desiste de entrar na nossa casa, e o faz da forma e no momento em que menos esperamos.

Maria Santíssima vivia sempre preparada para receber a visita de Deus. Por isso que recebeu tão bem o seu enviado, o anjo Gabriel. “Bendita sois vós entre as mulheres”.


O cachaceiro e a minhoca

Certa vez, um médico inventou um estratagema para convencer um alcoólatra a parar de beber.

Na frente dele, pegou um copo, encheu de pinga e colocou dentro uma minhoca. A minhoca se revirou e, em poucos segundos, morreu.

O alcoólatra comentou: “Está vendo, doutor, como que a cachaça é boa? Mata até vermes”.

Nós somos assim, sempre encontramos desculpas para continuar com nossos vícios e pecados. Quanto fariseu reza “pela conversão dos pecadores” e se esquece que também é pecador.

"Ou a árvore é boa e o fruto, bom; ou a árvore é má e o fruto, mau. É, portanto, pelo fruto que se conhece a árvore" (Mt 12,33). Aí está a chave para descobrirmos se uma pessoa é ou não cristã de verdade: pelas suas obras.

"Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mc 7,6. Is 29,13).

Maria Santíssima era humilde. Ela disse: “O Senhor olhou para a humildade da sua serva”. Na multiplicação dos pães, ela não estava em evidência, como a "mãe do futuro rei". Mas na cruz, na extrema humilhação do Filho, ela estava em pé. Santa Maria, rogai por nós.


Caridade recompensada

Havia, na antiguidade, um rapaz corajoso, alto e muito forte. Ele tinha uma força fora do comum. Seu desejo era servir a um rei que fosse mais forte e mais corajoso que ele. Saiu pelo mundo a procura desse rei.

Um dia, falaram-lhe de um rei que era muito forte. O rapaz foi trabalhar para ele. Mas, um dia, percebeu que o rei tinha medo dele. Então não é mais forte que eu, pensou. Pediu as contas e foi embora.

Ouviu falar de outro rei mais forte ainda. Começou a servir a esse rei. Um dia, porém, ficou sabendo que o rei tinha medo do diabo. O rapaz disse para si mesmo: Então é ao diabo que eu quero servir. E começou a fazer diabruras.

Mas um dia ficou sabendo que o diabo tinha medo de Cristo. Pois então é a Cristo que vou servir, decidiu o moço. E começou a procurar Jesus Cristo.

Indicaram-lhe um monge, que podia informar sobre Cristo. Foi atrás do monge. Este lhe ensinou o catecismo e o batizou. Depois lhe disse: “Para servir a Cristo, você deve jejuar, meditar, rezar e ler a Bíblia”. Ele respondeu: “Desculpe, senhor monge, mas jejuar eu não aguento, meditar eu não tenho jeito, rezar eu não sei, e sou analfabeto”.

O monge lhe falou: “Pois bem. Existe mais um meio de servir a Cristo: É fazendo caridade. Aqui perto há um rio que não tem ponte, e é fundo. Sempre está morrendo gente nele. Você é robusto. Ofereça seus serviços a essa pobre gente, transportando as pessoas de um lado para outro. Assim você estará servindo a Jesus Cristo”.

O moço agradeceu, construiu uma choupana na beira do rio, e ficava ali atravessando as pessoas para lá e para cá.

Um dia, chegou um menino e pediu-lhe que o levasse para o outro lado. Mais que depressa, o rapaz pôs o garoto nas costas e começou a nadar. Mas o menino ficava cada vez mais pesado.

Quando estavam no meio do rio, o rapaz já não aguentava mais. Perguntou à criança: “Que é isso? No começo você estava leve e agora está tão pesado que parece que estou carregando o mundo”.

O menino respondeu: “Muito mais que o mundo. Você está carregando o Senhor do mundo. Eu sou Jesus Cristo”.

Este rapaz forte é S. Cristóvão, o padroeiro dos motoristas. Ele era soldado e viveu no Séc. III, em Lícia, sul da Ásia. A sua história lendária tem a origem talvez no seu nome, que vem do latim “Cristóforus”: Aquele que carrega Cristo.

O povo atual, apesar de dizer que gosta de Cristo, é bastante fechado ao seu Evangelho. Precisamos descobrir que Jesus é mais forte que todos os líderes da terra.

Maria Santíssima, durante nove meses, carregou em seu seio o Senhor do mundo, Jesus Cristo. E Deus a recompensou, levando-a para o Céu em corpo e alma. Que ela interceda por nós, a fim de que sejamos portadores de Cristo.


Cacto produz flor, e larva borboleta

Certa vez, uma moça pediu a Deus uma flor e uma borboleta, porque ela achava as duas muito bonitas. Deus lhe deu um cacto e uma larva.

A moça ficou triste, pois não entendeu o porquê do seu pedido vir errado. Passados alguns dias, ela foi verificar os presentes e teve uma surpresa: Do espinhoso e feio cacto, nasceu a mais linda das flores. E a horrível larva transformou-se em uma belíssima borboleta.

A maneira de Deus agir é a melhor para nós, mesmo que aos nossos olhos pareça estar dando tudo errado. Será que temos reparado no que temos recebido? Será que temos agradecido a Deus os cactos e as larvas que ganhamos?

Deus não costuma dar as coisas prontas para ninguém. Ele aponta o caminho e nos dá os meios para as conquistarmos.

Jesus é o caminho. Estar com ele é estar caminhando, e isso nos basta. Vamos transformar as realidades que nos cercam em flores e borboletas.

Maria Santíssima tinha tanta confiança em Deus, que, no magnificat, o louvou até por promessas ainda não cumpridas. “Dulcíssima esperança, meu belo amor Maria, tu és a minha alegria, a minha paz és tu.”


Terço salva Comunidades

No Séc. XVI, alguns missionários, tendo à frente S. Francisco Xavier, foram até o Japão e fundaram no País várias Comunidades cristãs.

Entretanto, poucos anos depois, o governo se tornou hostil à Igreja Católica, e todos os missionários foram expulsos. Não tiveram tempo nem de chamar um bispo para ministrar o sacramento da Ordem a alguns japoneses. Assim, aqueles cristãos recém-convertidos ficaram sem a presença de nenhum sacerdote para celebrar a Eucaristia.

Trezentos anos depois, no final do Séc. XIX, as leis se abrandaram e alguns missionários voltaram ao Japão. Eles tiveram uma alegre surpresa: Encontraram muitas Comunidades cristãs vivas, atuantes, e com a fé católica autêntica e completa.

E os missionários descobriram o motivo: Aqueles cristãos rezavam o Terço. Maria Santíssima é Mãe da Igreja e ela faz questão de ser uma boa Mãe, inclusive exercendo, quando necessário, a função de catequista.

Que nós imitemos os cristãos japoneses e rezemos sempre o Terço, pois ele é uma síntese de toda a doutrina cristã.


Tirando as pedras do caminho

Certa vez, numa pequena cidade do interior, um senhor entrou na única mercearia da cidade e comprou todos os ovos e todos os tomates.

Como era sábado à tarde, e naquela noite ia haver, na praça, um show apresentado por um comediante de fora, o vendedor perguntou a ele: “Desculpe a curiosidade, mas o senhor está comprando esses tomates e esses ovos para jogar no comediante, se ele se sair mal na apresentação?”

O homem respondeu: “Não! Eu sou o comediante. Estou comprando justamente para que ninguém venha aqui e compre para jogar em mim”.

Certamente aquela cidade tinha fama de tratar mal os artistas mais fracos.

Vamos receber a Palavra de Deus desarmados, sem nenhum tomate ou ovo na mão. Não só isso, mas vamos abrir-nos para que o Espírito Santo nos fale, através os meios originais que ele costuma usar. E assim nos transforme em dignos membros da Família de Jesus.

Maria, a bendita entre as mulheres, é o modelo de como superar os preconceitos da sociedade. Que ela nos ajude a sermos acolhedores.


O amor e a loucura andam juntos

Certa vez, vários sentimentos estavam juntos, e resolveram brincar de esconde-esconde. A loucura propôs que ela ia fechar os olhos e contar até cinquenta. Nesse tempo, todos deviam esconder-se. Depois, quem achasse um, o que foi encontrado devia procurar outro.

A intriga tentou atrapalhar, mas todos já a conheciam e não deram bola para ela. A primeira a se esconder foi a pressa. Correu tanto que caiu atrás de uma pedra e lá mesmo ficou.
- A soberba subiu na copa de uma árvore.
- A inveja foi atrás, mas como não conseguiu subir, ficou no meio da árvore.
- A beleza escolheu a beira de um lago cristalino.
- O amor ficou dentro de uma rosa.
- A dúvida parou no meio do caminho e lá ficou.
- A tristeza escondeu-se dentro de uma cova escura.

Quando a loucura terminou de contar, abriu os olhos e viu logo a dúvida. Esta encontrou a pressa, e assim foi.

No fim do brinquedo, perceberam que faltava o amor. Foram atrás. Ele estava lá na rosa, todo ferido e ensanguentado, devido aos espinhos da roseira. Então a loucura o pegou nos braços e tirou de lá.

Daí para frente, a loucura sempre acompanha o amor, onde quer que ele vá.

É a pura verdade. Para amarmos de verdade, é preciso ter um pouco de loucura. S. Paulo chama Jesus crucificado de “loucura de Deus”: “Os judeus pedem sinais e os gregos procuram a sabedoria. Nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Pois a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens” (1Cor 1,18).

Nós ficamos tão encantados com a “loucura” de Jesus crucificado para nos salvar, que queremos continuá-la e sair por aí, cometendo a mesma loucura.

O amor de Maria Santíssima por Jesus, algumas vezes, a levou também a cometer “loucuras”. Por exemplo, quando ele estava subindo o monte Calvário e ela chegou perto. Arriscou a vida. Arriscou mais ainda quando ficou ao pé da cruz. O amor de Mãe é assim. E por nós ela tem o mesmo amor. Dai-nos a bênção, ó Mãe querida.


O beija-flor, a abelha e a vidraça

Certa vez, um beija-flor e uma abelha entraram no quarto de uma casa. A mulher fechou a janela, que era de vidro transparente, e eles ficaram presos.

Ao verem a luz lá fora, os dois tentaram sair, mas trombaram no vidro. Diante do impasse, eles tiveram reações diferentes:

A abelha ficou desesperada e batia as asinhas com força, tentando romper o vidro. Até que caiu morta.

Já o beija-flor, após umas tentativas frustradas, começou a parar no ar, em vários pontos do quarto, examinando o ambiente, a fim de encontrar uma saída. Vendo que a porta estava aberta, foi para um corredor, em seguida para a sala onde havia uma janela aberta, e saiu tranquilo, vencendo o problema.

Quando nos sentimos em um “beco sem saída”, vamos agir como o beija-flor, não como a abelha. Deus nos protege, e sempre há uma saída. Não precisamos desesperar-nos, nem ficar dando cabeçadas no obstáculo.

Ap 12 fala de uma mulher bonita e vencedora, que escapou das garras do dragão, junto com seu filho. Essa mulher é a Igreja, que caminha, enfrentando os poderes da morte. E é também Maria, assim como o filho representa Jesus. Maria é figura da Igreja. Todas as vezes que a Bíblia fala de Maria, refere-se também à Igreja, e vice-versa.


Amor é sentimento ou decisão?

Um dia, um homem casado foi procurar um sábio e lhe disse que já não amava mais a sua esposa, e que por isso pensava em deixá-la.

O sábio escutou tudo em silêncio, depois olhou bem nos olhos dele e disse apenas: “Ame-a”. E se calou.

“Mas eu não sinto mais nada por ela!” disse o esposo. O sábio falou novamente: “Ame-a”.

Depois de algum tempo de silêncio, e diante do impasse, o sábio explicou: “Amar é uma decisão, não um sentimento”.

Ninguém vive sem amor. Mas sem amor verdadeiro, isto é, como decisão, não apenas como sentimento. “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por quem ama” (Jo 15,15)

Maria Santíssima mostrou-nos com a sua vida o que é amar. Mãe do belo amor, rogai por nós.


Onde estão os seus bens?

Na Grécia antiga, havia um grande sábio que morava em uma cidade do interior. Um dia, um poderoso exército invadiu a cidade e estava arrasando com tudo. O povo, alvoroçado, fugia às pressas, cada um levando o que podia, de seus pertences.

No meio daquela correria, estava fugindo também o sábio. Mas ele não levava nada nas mãos. Alguém lhe perguntou: “E os seus bens, o senhor não vai levar?” Ele disse: “A minha riqueza eu a trago comigo. São os meus conhecimentos”.

De fato, a ciência e a sabedoria são riquezas que ninguém nos pode roubar.

Mas existe outra riqueza ainda maior, que sempre trazemos conosco e que, portanto, ninguém nos poderá roubar: A graça de Deus.

“Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,19-21).

Nós costumamos dizer que as Bem-aventuranças são oito. Mas Lc 1,45 cita mais uma. Ela foi dita por Isabel, referindo-se à prima, Maria Santíssima: “Bem-aventurada aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45). Que Maria nos ensine a amar e a viver todas as Bem-aventuranças.


As batidas no trilho do trem

Havia, certa vez, um funcionário de uma firma, que todos os dias de manhã, quando ia para o trabalho, ao atravessar a linha do trem, dava três marteladas no trilho. Ao voltar, à tarde, fazia a mesma coisa. Fez isso durante trinta anos.

Um dia, ele se aposentou e o patrão lhe pediu que explicasse para o novo funcionário tudo o que ele fazia.

Logo de manhã, o homem levou o novo funcionário até a linha do trem e começou por ali a explicação. Pediu que ele desse três marteladas no trilho. E passou o dia explicando. À tarde, levou-o novamente até a linha do trem para que desse novamente as três marteladas.

Em seguida, o novo funcionário disse: “Eu lhe agradeço todas as explicações. Só não entendi por que essas três marteladas no trilho”.

O antigo funcionário respondeu: “Eu também não sei o motivo. Quando comecei a trabalhar nesta firma, a trinta anos atrás, o meu antecessor me ensinou a fazer isso, e eu o fiz até hoje”.

Nenhum grupo social vive sem tradições. Mas precisamos saber por que as seguimos, pois elas podem ficar caducas, tendo de ser atualizadas ou abolidas. O pior é seguir uma tradição sem saber por quê.

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos... Para vinho novo, odres novos” (Lc 5,37-38).

Maria Santíssima, na hora da Anunciação, jogou-se inteiramente nas mãos de Deus, como uma criança se joga nos braços da mãe. Que ela nos ajude a fazer o mesmo, no seguimento do seu Filho, mesmo que tenhamos de abraçar o novo, completamente novo.


A busca do tesouro

Havia, certa vez, um senhor idoso que morava sozinho. Seus parentes mais próximos todos já haviam falecido.

Um dia, como ele estava bem doente, chamou um amigo de confiança e fez a seguinte revelação: “Sabe aquela seringueira tal? A exatamente cinquenta metros dela, na direção da minha casa, eu escondi um tesouro no chão. Depois que eu morrer, ele é seu”.

Poucos dias depois, o velho faleceu. O amigo pegou o enxadão e uma trena e foi procurar o tesouro. Mediu cinquenta metros a partir do tronco da seringueira e começou a cavar. Mas só encontrou carvão. Tentou cavar de todos os lados e não encontrou nada, além de carvão. Certamente alguém já pegou esse tesouro, pensou. E desistiu.

Tempo depois, um empregado da fazendo estava construindo uma cerca e deu com aquele carvão. Ficou curioso. Quero ver até onde vai a profundidade deste carvão, pensou. E foi furando. Lá embaixo, no meio do carvão, encontrou uma caixa de bronze cheia de ouro. O velho havia furado um buraco bem fundo, e colocado carvão, para proteger da umidade o seu tesouro.

Carvão lembra cinza, que é símbolo de penitência. É dentro do espírito de penitência que encontramos o tesouro da Vida Nova que Jesus nos trouxe. Mas precisamos ser persistentes e aprofundar nessa busca.

Maria Santíssima era totalmente luz, sem nada precisar esconder. “Maria que eu quero bem, Maria do puro amor. Igual a você ninguém, Mãe pura do meu Senhor.”


O pacote misterioso

Certa vez, um sacristão encontrou dentro da igreja um pacote misterioso. Desconfiando que fosse uma bomba, chamou a polícia. As pessoas que estavam na igreja foram retiradas.

A polícia examinou o pacote e viu que não era bomba. Era um pacote de dinheiro, em notas de alto valor, e também em moedas. Alguém simplesmente deixou ali, como oferta anônima a Deus.

Esse pacote é parecido com a igreja onde aquele pacote foi deixado. Devido às fraquezas humanas de seus líderes e membros, muitos a desprezam, ou fazem más interpretações. Mas se a olharmos além da aparência, veremos nela um grande e riquíssimo tesouro que Jesus deixou na terra.

Maria Santíssima é uma das preciosas joias que estão nesse tesouro. Mãe da Igreja, rogai por nós.


O rei mago dos taínos

Numa ilha perto da Europa, a muitos séculos atrás, existia um jovem que era admirado por todos devido às suas virtudes. Ele era um verdadeiro artista da música. Compunha músicas e as tocava tão bem no seu violão, que todos ficavam extasiados.

Havia uma tradição na ilha, de que, no dia em que aparecesse uma estrela diferente no céu, era sinal que havia nascido o rei dos reis, que seria um rei amigo, honesto e defensor dos pobres.

O rapaz acreditava na tradição e desejava encontrar-se com esse rei. Por isso, todas as noites ele observava o céu, para ver se havia uma estrela diferente.

Numa noite, ele viu uma nova estrela. Era muito linda e estava inclinada para o Sudeste. Vou encontrar-me com esse rei, pensou o moço. Certamente a estrela está indicando a direção em que ele nasceu. Vou levar meu violão e cantar para ele uma de minhas canções.

Seus pais ficaram com medo. “Você nunca saiu desta ilha, filho!” reagiram. Entretanto, devido à sua insistência, acabaram permitindo. E o jovem foi, com a bênção dos pais e de todo o seu povo.

O dinheiro que tinha deu apenas para chegar até o Continente. Por isso, foi caminhando a pé, sempre na direção da estrela, que cada semana ficava mais alta e bonita. À noite, ele cantava para a estrela, ensaiando as músicas.

Depois de muitos anos, chegou a Roma, pois muitos lhe diziam que ali morava um grande rei. Acontece que, em Roma, ele teve de dormir nas calçadas e, numa noite, roubaram-lhe o violão. Mas o jovem não desanimou. Eu canto para o rei, sem violão mesmo, pensou.

Depois que conheceu o imperador, ficou decepcionado. Era arrogante, orgulhoso, egoísta, violento e não era amigo. Não é este o rei que procuro, pensou. De mais a mais, a estrela continuava inclinada.

Deixou Roma e continuou a viagem, na direção da estrela. Antes de partir, roubaram-lhe a mochila com tudo o que possuía. Só ficou com a roupa do corpo. Não tem importância, vou assim mesmo encontrar-me com o rei dos reis, pensou.

Trinta e três anos depois que saiu de casa, chegou a Jerusalém. A estrela desapareceu. Nessas alturas, ele já era um mendigo, um andarilho. Quando estava com fome, roubava coisas para comer, e várias vezes tinha sido preso e apanhado dos policiais. Vivia triste. Esquecera todas as suas canções. Mas a esperança de encontrar o grande rei ainda continuava viva.

Contaminado pela corrupção, um dia, em Jerusalém, ele foi pego pela polícia roubando a bolsa de uma senhora muito importante. Foi preso e condenado à morte.

Enquanto levava sua cruz para ser crucificado, percebeu que havia outros dois ao seu lado. Um era ladrão e o outro foi vítima da inveja dos poderosos, e traído por um amigo. Inclusive a mãe dele seguia atrás, junto com algumas mulheres.

Agora, os três já estão levantados nas cruzes. O sol se escurece, vem um vento forte. E ele avista, no alto de céu, uma linda estrela. É aquela! Ficou feliz ao vê-la. Estava mais bela que nunca. E bem em cima, no meio do céu. Na hora ele teve certeza: O rei que procuro é este que está aqui no meio. Virou-se para ele e pediu com humildade: “Senhor, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43).

Esse jovem chamava-se Dimas. É S. Dimas, o bom ladrão.

Todos nós andamos pela vida procurando uma pessoa honesta, boa, digna de ser imitada. E nesta caminhada, quanta decepção, quanta corrupção...! Mas não percamos a esperança, pois essa pessoa digna de ser imitada existe, e chama-se Jesus Cristo. Diga para ele: “Eu estou com você e não abro!”

“Maria do sim, ensina-me a dizer meu sim. Um dia Maria deu o seu sim, mudou-se a face da terra.”


O tapete e o capacho na enchente

Havia, certa vez, em uma casa, um tapete e um capacho. O tapete desprezava o capacho, porque era áspero, sem desenhos e sempre sujo, pois vivia do lado de fora da porta, e a rua era de terra.

Um dia, houve uma enchente, e aquela casa foi inundada. Após a tempestade, a família se uniu para limpar os pertences. Encontraram o tapete e o capacho debaixo da lama.

Na tentativa de recuperá-los, lavaram os dois igualmente. Entretanto, notaram que o capacho, por ser mais resistente à água, ficou como era antes e até mais bonito. Já o tapete nunca mais se recuperou e teve de ser jogado fora.

O que adianta ser bonito, se não é recuperável? Cair na lama pode acontecer que caiamos. Mas feliz de quem é como o capacho que, mesmo não sendo lá grande beleza, sabe levantar-se, dar volta por cima e até aproveitar a experiência negativa para o próprio crescimento, tornando-se mais resistente.

Maria Santíssima é chamada, na Ladainha, de Rainha de todos os santos. Que ela nos ajude a, mesmo sendo pecadores, nos tornarmos cada vez mais santos.


Santo Tomás e o boi voando

Santo Tomás de Aquino era italiano e viveu no Séc. XIII. Entrou na Ordem dos Dominicanos e tornou-se um dos maiores teólogos da Igreja.

Era um homem muito simples, alegre e brincalhão. Também um pouco distraído, o que é próprio das pessoas de inteligência muito profunda.

Um dia, ele estava almoçando, chegou um Irmão e lhe disse: “Pe. Tomás, venha aqui fora ver um boi voando!”

Ele foi ao terreiro, olhou para cima e não viu nada. O Irmão deu risada e disse: “Mas, Pe. Tomás, onde já se viu um boi voar!” Ele respondeu: “Eu acho mais fácil um boi voar do que um religioso mentir”.

Desta vez, quem perdeu foi o Irmão. Foi buscar lã e saiu tosquiado.

Os pecadores gostam de mentir. Mentem até por brincadeira. Mas os cristãos não estão acostumados com a mentira. Por isso, às vezes, acredita nas pessoas até “demais”.

Em Maria Santíssima, tudo é relativo a Cristo e depende dele. Foi em vista dele que Deus Pai, desde toda a eternidade, a escolheu e preparou, plenificando-a com maravilhosos dons do Espírito Santo (LG 66).


Deixe a raiva passar

Certa vez, uma menina de oito anos ganhou, no Natal, um joguinho de chá azul, com bolinhas amarelas. Ficou encantada com o presente.

No mesmo dia, ela e sua amiga, vizinha, se divertiram com o brinquedo.

No dia seguinte, ela tinha de sair à cidade com a mãe, e a vizinha pediu: “Posso brincar com o joguinho de chá?” “Pode”, disse ela.

Mas quando a garota voltou, viu que a prateleirinha estava quebrada. Nervosa, queria logo ir à casa da colega pedir satisfação. Mas a vó interveio e disse: “Filha, espere um pouco. Não seja precipitada”. A menina obedeceu.

Meia hora depois, chegaram a colega e sua mãe, trazendo um novo joguinho de chá, igualzinho aquele. A amiga pediu desculpas e explicou o que havia acontecido.

Como é importante ter calma em momentos de raiva e de conflito! Paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, rogai por nós.


A emoção na frente da razão

Havia, certa vez, um senhor que era muito nervoso. Um dia, ele estava dirigindo o seu carro sozinho e o pneu furou. O homem xingou o pneu.

“Só falta o estepe também estar furado”, disse ele para si mesmo. De fato, o estepe estava também furado. Novos xingos.

A borracharia mais próxima ficava a quinhentos metros. A distância foi motivo para ele xingar ainda mais.

“Agora só falta aquele borracheiro não querer consertar o meu pneu. Eu quebro a cara dele.”

E foi rodando o pneu na beira do asfalto. Cada volta que o pneu dava, sua raiva do borracheiro aumentava.

Quando chegou à frente do borracheiro, ele estava até vermelho de raiva. Olhou na cara do pobre homem, bateu a mão no pneu e gritou: “Se você não consertar este pneu, eu lhe quebro a cara!”

O borracheiro, espantado, disse: “Mas, o que houve? Quem é o senhor? Eu aqui nunca recusei consertar um pneu!”

Grande parte das nossas broncas contra o próximo são fantasias nossas, ou baseadas na desinformação. Às vezes as emoções falam na frente da razão.

A mãe sabe ser “para-raios” em casa. Os conflitos morrem nela. Que a nossa querida Mãe do Céu nos ajude a ser calmos.


Por que o aprendizado é diferente

Certa vez, em um curso de informática, um aluno perguntou ao professor: “Por que uns aprendem muito, outros mais ou menos e alguns não aprendem quase nada, sendo que as explicações do senhor são as mesmas?”

O professor sabia que ele morava longe, e que era difícil chegar à sua casa, por isso disse: “Imagine que você convida um colega aqui do curso para ir à sua casa, e você lhe explica o trajeto. Só pela explicação, ele já chegaria à sua casa?” “Claro que não”, respondeu o rapaz. “Ele precisaria percorrer todo o caminho que expliquei”.

O professor concluiu: “O mesmo acontece com um curso. A aprendizagem é proporcional ao exercício que cada um faz daquilo que vai aprendendo”.

O mesmo acontece conosco, que estamos na escola de Jesus. Mesmo que ouçamos todos os dias a sua Palavra, se não a praticamos, aprendemos pouca coisa.

E a prática do Evangelho sempre envolve caminhar sobre as águas, como Pedro (Cf Mt 14,22-33).

Maria Santíssima enfrentou com coragem a travessia do mar da sua vida, sempre caminhando no amor e na fé. Que ela nos ajude.


O grande desafio

Certa vez, um fazendeiro muito rico quis fazer um desafio. Colocou na piscina de sua casa várias espécies de bichos perigosos: Cobras venenosas, aranhas, escorpiões, piranhas, jacarés...

E publicou o seguinte anúncio na cidade: “O primeiro que conseguir atravessar a piscina a nado ganhará um prêmio de dez mil Reais”. E avisou o dia e a hora da prova.

A notícia tomou conta da região. No dia marcado, reuniu-se uma multidão em volta da piscina. Mas, vendo aqueles animais ferozes, ninguém se arriscava a pular na água.

De repente, ouve-se um barulho. Era um rapaz que estava atravessando a piscina com o máximo de esforço. Em poucos segundos ele chegou do outro lado.

Ao sair da água, a multidão bateu palmas. O fazendeiro, que tinha em mãos os dez mil Reais, entregou ao vencedor, junto com um abraço.

Antes de encerrar o evento, o povo quis ouvir uma palavra daquele jovem tão corajoso, que acabava de se tornar um herói na cidade. Pediram que ele falasse. O rapaz disse apenas: “Eu quero saber quem foi que me empurrou para dentro da piscina”.

Ter fé é jogar-nos na grande piscina do mundo, confiando que Deus nos protegerá.

“Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá” (Mt 17,20).


Maria, mulher de fé, rogai por nós.

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