PADRE QUEIROZ

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Dezembro

HISTÓRIAS DE VIDA-DEZEMBRO


O Joãozinho na igreja

Havia, certa vez, um menino chamado Joãozinho. Ele gostava muito de Jesus. Sempre que voltava da escola, entrava na igreja para conversar um pouquinho com o seu amigo. Fazia uma oraçãozinha bem curta, depois saia depressa, para não chegar atrasado à sua casa.

O padre, que morava ao lado da igreja, começou a desconfiar do Joãozinho, pelo fato de ele sair apressado da igreja. Será que esse menino não anda pegando dinheiro que o povo põe nos pés das imagens?

E resolveu, um dia, ficar dentro da igreja, escondido no Confessionário, para observar.

Na hora de costume, o Joãozinho entrou, foi até perto do sacrário e, pensando que estava sozinho na igreja, disse em voz alta: “Jesus, eu gosto muito do Senhor. Abençoe o papai, a mamãe, a professora... Ah! Abençoe também o nosso padre vigário, tá? Tchau!” E foi-se embora correndo.

O padre ficou com a cara no chão, porque, ao entrar na igreja, tinha se esquecido de rezar!

Vamos imitar o Joãozinho e, quando pudermos, ao passar na frente de uma igreja, entrar um pouquinho para conversar com o nosso melhor amigo, Jesus Cristo.

Maria Santíssima, rogai pelas nossas crianças.


O melhor presente para Deus

Havia, certa vez, um homem que queria muito ver a Deus. Ele procurava santificar-se ao máximo, para que pudesse ver Deus. E pedia-lhe essa graça todos os dias.

Perto da sua casa, havia uma montanha bem alta.

Numa noite, em um sonho, Deus lhe disse: “Amanhã cedo, eu vou mostrar-me a você lá em cima da montanha”.

O homem nem dormiu no resto da noite, de tanta alegria. Levantou-se de madrugada e, ao sair de casa, pensou: Vou levar um presente para Deus. Lembrou-se de uma jarra grande e muito bonita que ele tinha. Era uma jarra preciosa, pintada a ouro. Pôs o enorme objeto nos ombros e subiu a montanha.

Chegando em cima, continuou com a jarra nas costas, sempre atento para ver Deus. Mas o tempo passou, o sol subiu, e nada de Deus aparecer. Ele ficou preocupado. Será que eu não vou ver Deus?

De repente, ele ouviu uma voz que vinha de uma nuvem bem em cima dele. A voz disse o nome dele e falou: “Onde você está? Eu desci à montanha e não o vi!” Na hora, o homem gritou: “Estou aqui, carregando esta jarra para oferecer ao Senhor!”

Deus então falou: “E por que você se esconde de mim debaixo desse objeto? Jogue-o montanha abaixo, para que eu possa ver você, e você me ver!” O homem falou: “Mas eu a trouxe de presente para o Senhor!”

Deus lhe disse: “Eu quero você, não objetos. Jogue fora a jarra!” O homem, mais que depressa, jogou a jarra montanha abaixo, a qual se espatifou em mil pedaços, batendo nas pedras. Aí sim, o homem viu a Deus.

Deus gosta de presentes. Mas o presente que ele mais aprecia somos nós mesmos. Por isso, não vamos esconder-nos atrás de bens materiais, por mais preciosos e belos que sejam.

Maria Santíssima, na anunciação, não estava escondida atrás de nada, porque ela gostava muito de Deus e sabia que Deus gostava dela, não de seus bens. O grande presente que ela ofereceu a Deus foi a si própria. Que Maria nos ajude a nos desapegarmos de tudo, para ver a Deus.


A oração egoísta

Certa vez, lá no Céu, Jesus disse para S. Pedro: “Pedro, vá lá na terra ver se o povo reza”.

S. Pedro veio. Andou, andou... Depois voltou e disse para Jesus: “Jesus, infelizmente, não vi ninguém rezando. Chove muito lá. As plantações estão verdes e o povo está contente. Eles fazem festas, dançam, na maior alegria. Mas rezar que é bom, nada”.

Passado um ano, Jesus falou de novo para S. Pedro: “Pedro, vá lá na terra ver se o povo reza”. S. Pedro respondeu: “Jesus, mas eu já fui, como o Senhor se lembra! Ninguém reza lá!” Jesus insistiu: “Vá de novo, Pedro”.

S. Pedro veio. Logo voltou admirado e disse: “Jesus, o Senhor nem imagina. Deu uma seca lá. Há muito tempo que não chove, e todo mundo está rezando. Fazem novenas, vão às igrejas... O Senhor precisa ver!”

Precisamos lembrar-nos de Deus não só quando estamos passando por dificuldade, mas também nas horas de alegria e de felicidade, pois ele é nosso Pai. Como bom Pai, ele é nosso amigo, e um amigo merece mais que lhe pedir favores.


Raposa salva coelho

Certa vez, um leão caiu numa armadilha, preparada na floresta pelo dono de um circo. Era uma grande jaula, cuja porta fechava-se automaticamente e depois só se abria pelo lado de fora.

Passou um coelho e o leão pediu: “Meu amigo, por favor, abra esta porta para mim!” O coelhinho ficou com dó e abriu.

Lá fora, o leão disse: “Coelho, eu vou comer você, porque estou com muita fome”. O coelhinho, tremendo de medo, disse ao leão: “Isso é uma injustiça, pois eu acabo de salvá-lo!”

O leão respondeu: “Então vou pedir a opinião dos primeiros três animais que nós encontrarmos”. Ele sabia que, como rei da floresta, ia comer o coelhinho de qualquer maneira. O coelho, não tendo outra saída, concordou.

Primeiro, consultaram o boi. Este respondeu: “Pode comer”. Falou assim porque ficou com medo do leão.

O segundo animal foi a onça. “Não”, disse ela. Isso porque ela mesma queria comer o coelho, e onça não tem medo de leão. O coelho ficou preocupado.

O terceiro bicho que encontraram foi a raposa. Esta ouviu toda a história e fingiu não entender. Por mais que explicassem, ela não entendia. O jeito foi os dois levá-la até a armadilha para explicar “in loco”.

Chegando lá, ela disse: “Leão, entre aí dentro para eu ver direitinho como foi”. Quando o leão entrou, a raposa, mais que depressa, bateu a porta e a travou, ficando o leão novamente trancado. Em seguida, a raposa aconselhou o coelho a tomar cuidado com leões.

“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). Precisamos saber defender-nos das armadilhas que o mundo pecador arma no nosso caminho. “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).


O João de calça branca

Havia, certa vez, um rapaz chamado João. Ele usava uma calça branca, camisa branca e tênis brancos. E tinha na mão um balde limpinho.

Perto dele, havia um poço bem sujo e barrento, mas com água limpinha no fundo.

O João desceu o poço sujo, e saiu com água limpa no seu balde, sem se sujar. Não sujou nem a calça branca, nem a camisa branca, nem os tênis brancos.

Nós somos o João e o mundo é aquele poço. O mundo tem coisas boas, simbolizadas na água limpa, mas tem também muitas coisas ruins e que podem nos sujar, tirando a nossa felicidade.

Que bom se nós, através do discernimento, identificássemos as coisas boas e aproveitássemos delas, mas sem nos sujarmos. “Não temas as trevas, se trazes dentro de ti a luz”.


A mulher que quebrou o pé

Certa vez, uma senhora, que morava em um bairro distante do centro da cidade, parou de participar das reuniões semanais do seu grupo cristão.

Após várias semanas sem aparecer, o grupo concluiu que ela havia desistido.

Entretanto, um dia ela apareceu, e explicou a história: Havia quebrado o pé e por isso não podia caminhar longas distâncias.

O grupo ficou envergonhado, pois ninguém a visitou!

Como é bom sermos irmãos, irmãs, dentro da Comunidade, e não darmos interpretações preconceituosas quando alguém se ausenta!

Os membros daquele grupo se esqueceram de que nós cristãos católicos, quando nos reunimos, somos mais do que uma equipe de trabalho ou de oração. Somos uma família.

Quando uma ovelha se afasta do rebanho, o pastor deixa as 99 e vai atrás dela, a fim de ver o que aconteceu, e trazê-la de volta.

Maria Santíssima, Mãe das Comunidades cristãs católicas, rogai por nós.


Santo Inácio e o mendigo

Santo Inácio de Loyola viveu na Espanha, no Séc. XVI. Quando jovem, levou uma vida devassa. Era inclinado ao jogo, aos instintos da carne e à boemia. Sua profissão era de soldado cavaleiro.

Um dia, ele foi ferido gravemente na perna.

Durante o longo tratamento, as Irmãs do hospital colocavam, junto à cabeceira de sua cama, livros de biografia de santos.

Lendo aqueles livros, Inácio se entusiasmou pela busca da santidade. E começou a pensar: Se eles puderam, por que eu não?

Logo que teve alta, foi para um lugar deserto, a fim de repensar a sua vida.

Um dia, enquanto caminhava, encontrou-se com um mendigo, o qual lhe pediu esmola. Como ele não tinha nada para lhe oferecer, propôs ao mendigo uma troca: Ele lhe daria as suas vestes, com bons agasalhos de frio, e vestiria as roupas do mendigo. Este claro que aceitou.

E lá se foi Inácio com as roupas do mendigo, e o mendigo com as roupas de Inácio.

Santo Inácio é o fundador dos Jesuítas. Ele sempre foi radical em sua vida. Era um homem prático e não suportava ter ideias bonitas, mas só na cabeça. Que ele nos ajude.


Olhem a mangueira

Certa vez, estava havendo uma procissão numa cidadezinha perto do Rio de Janeiro. Havia anjinhos com asas, homens e mulheres com roupas típicas da festa, uma beleza.

A banda de música ia no meio da multidão, tocando a todo vapor. Eram vivas, palmas, muita animação e alegria, como o povo carioca gosta de fazer.

De repente, um bêbado gritou: “Olhem a mangueira!” Os homens que estavam perto pensaram que ele se referia à escola de samba que tem esse nome, e lhe disseram: “Fique quieto, isso aqui é uma procissão!”

Segundos depois, o santo, que ia no andor, bateu a cabeça no galho de uma mangueira, caiu e se quebrou. Foi aí que entenderam que o bêbado tinha razão, pois estava vendo o perigo.

Que estejamos atentos, em nossa caminhada pela vida, pois Deus nos fala das mais diversas formas. Até um bêbado pode ser um profeta de Deus para nós. Que acolhamos as mensagens que o Espírito Santo nos envia. Cuidado, pois o santo é de barro!

Que Maria Santíssima nos ajude a sempre ouvir as mensagens que Deus nos envia através de seus profetas.


A articulação política dos cristãos católicos

Certa vez, a Equipe de Leitores de uma Paróquia estava reunida para distribuir as funções na Missa do próximo domingo.

Aconteceu que um dos Leitores, justamente o mais competente e que por isso costumava ser o comentarista, foi eleito o Presidente do Diretório Municipal do seu partido político.

O grupo achou por bem afastá-lo da Equipe de Leitores, para não misturar política com religião.

O padre ficou sabendo, convocou uma reunião extraordinária da Equipe de Leitores e disse: “Justamente agora que fulano assumiu o papel do cristão leigo na sociedade, vocês vão afastá-lo da Equipe de Leitores? Nunca!”

Nós católicos precisamos saber articular a vivência da nossa fé com a cidadania e a política. Como dizia o Papa Paulo VI, a política é a ferramenta mais poderosa que temos, para construir na terra o Reino de Deus.

Certamente, aquele líder aprendeu na Comunidade que o cristão leigo precisa envolver-se na política. Cabe à Comunidade, agora, apoiá-lo, sem querer puxar ninguém para o partido dele, é claro.

Política é a arte e a prática da busca do bem comum. O Espírito Santo dá para as Comunidades cristãs católicas o dom de distinguir entre envolver-se na política como cidadãos, e não envolver a Comunidade cristã na política partidária. Os cristãos, como cidadãos que são, precisam envolver-se na política partidária. Não fazer isso é ofender a Deus. Seria como ver uma casa pegando fogo e não fazer nada.


O monge e o escorpião

Certa vez, um monge e um discípulo caminhavam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas.

O monge correu pela margem do rio, jogou-se na água e estendeu o dedo para o bichinho.

Quando o trazia para fora, o escorpião o picou. Devido à dor, o monge deixou-o cair novamente na água. Foi então à margem, tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou.

Continuando a caminhada, o discípulo lhe disse: “Mestre, deve estar doendo muito. Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Picou a mão de quem o salvara. Que se afogasse! Não merecia compaixão!

O monge ouviu tranquilamente o comentário e respondeu: “Ele agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha”.

O monge foi imprudente ao estender o dedo para o escorpião. Mas o fato nos faz refletir sobre a forma de melhor compreender e aceitar as pessoas com quem nos relacionamos. Não podemos, nem temos o direito, de mudar o outro. Cada um dá o que tem e o que pode. Devemos fazer a nossa parte, com muito amor e respeito ao próximo, cada qual conforme a sua natureza.

E a nossa natureza não é só humana. Temos uma “janela aberta ao infinito”. Participamos da natureza divina. Só nos realizamos plenamente no amor, na doação, na união com Deus e com o próximo, como bons membros da Igreja que Jesus fundou.

Que Maria Santíssima nos ajude a reproduzir em nós a imagem de Cristo, pois a nossa natureza ultrapassa a vida material.


A alegria perfeita

Certa vez, S. Francisco de Assis e Frei Leão estavam viajando, a pé, numa estrada deserta. Caía a tarde. Era inverno e o frio os atormentava.

Frei Leão perguntou a Francisco: “Onde está a verdadeira alegria?” Francisco respondeu: “Ainda que eu falasse todas as línguas, fosse rico em dons e possuidor de muitos bens, não está aí a alegria perfeita. Ainda que eu obedecesse a todos os preceitos da Regra, a minha alegria ainda não seria perfeita” (Cf 1Cor 13).

Enquanto Francisco falava, começou a soprar um vento forte, e veio a chuva, aumentando ainda mais o frio. A noite começou a chegar.

S. Francisco disse: “Eu vou exemplificar em que consiste a verdadeira alegria:

Imagine se nós chegássemos ao convento para onde estamos indo, e o porteiro, por não nos conhecer, recusasse receber-nos. Nós iríamos dizer: ‘Somos seus irmãos!’ Mas ele não acreditaria, e nos dissesse: ‘Vocês estão mentindo, são vagabundos enganadores’. Em seguida, irritado, ele nos esbofeteasse dizendo: ‘Fora daqui, ladrõezinhos!’ E nos expulsasse para longe de sua presença.

E, assim, nós tivéssemos de passar a noite fria em um estábulo. Esta sim, seria a nossa verdadeira alegria”.

“Nós, porém, devemos gloriar-nos na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6,14).

“Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11). Exultar é sentir uma alegria muito grande.

Maria Santíssima exultou de alegria na casa da prima Isabel. Que ela nos ajude a buscar a alegria perfeita.


Falam mas não praticam

Certa vez, um senhor estava fazendo uma palestra com o objetivo de convencer a plateia a não usar produtos importados. Estava empolgado e todos gostando do belo e convincente discurso.

Entretanto, um dos ouvintes estragou tudo. Ergueu a mão e perguntou: “Doutor, este relógio que o senhor tem no braço, onde foi fabricado?” Ele olhou e disse: “Na Suíça”.

“E a gravata?” continuou o ouvinte. Ele olhou e teve de dizer a verdade: “Foi feita na China!”

“E esta caneta bonita no bolso do paletó?” O palestrante olhou e respondeu: “Made in Hong Kong”.

Pronto, todos deram risada e o homem ficou desmoralizado. O que adiantaram as palavras tão bonitas, se nem ele vivia o que falava?

“Os escribas e os fariseus sentam-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam, mas não fazem” (Mt 23,1-3).

Maria Santíssima nunca fez pecado, e foi sempre obediente a Deus. Ela sim, tem moral para nos dizer: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2). Discípula fiel do Senhor, ajudai-nos.


Você quer comprar uma gravata?

Certa vez, um rapaz estava andando a pé no deserto e se perdeu. Caminhou muito, para lá e para cá, e não encontrou o caminho. Era só areia quente e sol.

Dois dias depois, sua água acabou. E agora? Quando já estava cansado e com sede, avistou um homem que vinha na mesma direção.

Logo percebeu que ele carregava muitas gravatas. O rapaz correu ao seu encontro e disse: “O senhor sabe onde eu posso encontrar água?” Ele respondeu: “Não sei. Mas você quer comprar uma gravata?” O rapaz respondeu secamente: “Não”. Imagine! pensou ele. O que eu quero é água!

Caminhando um pouco mais, avistou um hotel. Animou-se e foi até lá.

O hotel era cercado de muros altos. Quando chegou, viu que o portão estava fechado, mas havia um guarda. Pediu água ao guarda. Este respondeu: “Eu não tenho água aqui. Só lá dentro do hotel. E eu não posso sair daqui a fim de buscá-la para você”.

“Você me permite ir até a portaria do hotel?” pediu o viajante. O guarda respondeu: “Meu caro, neste hotel só se entra de gravata!”

Muitas vezes, nós não entendemos na hora certas exigências da Igreja, mas é melhor cumpri-las, porque poderão ser necessárias quando estivermos para entrar no Céu.

A nossa melhor atitude é a de Maria: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim conforte a tua palavra”. Isto significa muita disponibilidade em obedecer a Deus.


Humilhação bem vinda

Conta-se que S. Geraldo Magela um dia foi caluniado por uma moça. Ela procurou Santo Afonso, o superior de Geraldo, e disse que havia transado com ele.

O padre Afonso ficou surpreso, pois o irmão Geraldo era tido por todos como um santo.

Chamou-o, deu-lhe uma enorme bronca, e determinou: Um mês de retiro, a pão e água, sem falar com ninguém.

Magela inclinou a cabeça, em sinal de submissão, e iniciou a penitência.

Dias depois, a moça percebeu que o irmão estava ficando magro e abatido. Sentiu dó, procurou novamente Santo Afonso e contou que aquilo tinha sido uma invenção dela, e que nada havia acontecido entre os dois.

O superior chamou Geraldo e perguntou por que ele não se defendeu, dizendo que aquilo não era verdade.

Geraldo respondeu: “Está escrito na nossa Regra que o redentorista, quando é advertido pelo superior, não deve justificar-se”. Afonso ficou calado, porque estava mesmo na Regra, e quem escreveu foi ele próprio.

O certo é que, assim, S. Geraldo participou um pouquinho das humilhações e calúnias que Jesus sofreu. E ele ficou muito contente por isso. Depois, Geraldo contou que este incidente foi uma das maiores alegrias que ele sentiu na vida.

"Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus" (Mt 5,10-12).

Maria Santíssima, ao pé da cruz, foi muito humilhada. Mas, após a Ressurreição do Filho, ela sentiu a maior alegria do mundo. Pois, além de ver o mundo redimido, ela sabia que colaborou, quando “uma espada de dor atravessou o seu coração”.


O importante é levantar-se

S. Francisco de Sales viveu na França, no Séc. XVI. Durante muitos anos, foi pároco numa paróquia do interior.

Havia um rapaz que se confessava frequentemente, e sempre contava o mesmo pecado. Todas as vezes, o padre, com a maior bondade, dava a absolvição e dizia: “Vá em paz, filho!” Na confissão seguinte, o jovem pensava: Agora ele vai dar bronca. Mas nada. Sempre com a mesma bondade, ele dizia: “Vá em paz, filho!”

Um dia, após a confissão, foi o moço que perdeu a paciência. Ele disse: “Sr. padre, o senhor está me conhecendo? Lembra-se das minhas confissões anteriores?” Pe. Francisco respondeu com bondade: “Sim, filho! Lembro-me muito bem”. “Então”, continuou o jovem, “por que o senhor não fica bravo comigo, pelo fato de eu sempre contar o mesmo pecado?”

Pe. Francisco respondeu: “Filho, cada vez que você cair, levante-se. O importante é que, quando Deus vier buscá-lo, o encontre em pé!”

Aí está o grande segredo da vida cristã. O importante não é nunca fazer pecado, o que ninguém consegue, mas é levantar-se cada vez que cai, porque assim, quando Deus vier nos buscar, estaremos em pé.


A festa da uva

Nos Alpes italianos, existia um vilarejo que se dedicava ao cultivo da uva e à produção de vinho.

Uma vez por ano, eles faziam uma festa para comemorar o sucesso da colheita.

A tradição exigia que, nesta festa, cada morador trouxesse uma garrafa do seu melhor vinho e o despejasse em um grande barril, colocado na praça central da vila, a fim de que, durante a festa, todos saboreassem o bom vinho da região.

Entretanto, um dos moradores pensou: Por que deverei levar uma garrafa do meu mais puro vinho? Levarei uma garrafa d’água, pois, no meio de tanto vinho, o meu não fará falta.

Assim ele fez. No auge dos acontecimentos, como de costume, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca, para saborear daquele vinho, cuja fama se estendia além das fronteiras do país.

Contudo, ao abrir a torneira do barril, um silêncio tomou conta da multidão. Daquele barril saiu apenas água! Como poderia ter acontecido isso? Na verdade, todos haviam pensado como aquele morador: “A ausência da minha parte não fará falta”.

E a festa da vida, na minha cidade, ou na sua, como vai ser? Se cada um de nós não fizer a nossa parte, trazendo o nosso bom vinho, isso fará falta, fará diferença?

O Sl 71, referindo-se à vinda do Messias, diz: “Nos seus dias a justiça florirá, e grande paz há de reinar por muitos anos”. Dá impressão que esses dias de Jesus ainda não chegaram ao mundo ou ao lugar onde moramos. Qual o motivo?

Maria Santíssima pediu, e o Filho transformou água em vinho. Que ela nos ajude a imitá-la, fazendo a nossa parte com muito amor.


Esquiadores cegos

Certa vez, houve uma competição de cegos. O desafio era descer uma montanha de neve, usando esqui, e chegar primeiro lá embaixo.

Cada um tinha ao seu lado um esquiador profissional, que ia dando ordens para ele. O profissional gritava: “À esquerda”. “À direita”. “Em frente”...

Enquanto obedeciam aos comandos, podiam fazer com segurança todos os ziguezagues do percurso e cruzar a linha de chegada.

É assim que também nós venceremos a luta pelo Reino de Deus. É obedecendo às ordens de Cristo e de seus legítimos representantes: O Papa, o nosso Bispo, o nosso Pároco...

Estes nossos chefes receberam de Cristo a missão de guiar o rebanho no caminho certo.

Quando Deus chama alguém para representar seu Filho, ele lhe dá os meios necessários para cumprir bem a missão.

É importante também dar-nos as mãos, pois é assim que cada um de nós supre a sua deficiência, já que todos somos deficientes em alguma coisa.

“Tu és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do nosso povo!” (Jt 15,9). Foi assim que o povo aclamou a Judite, a grande heroína na vitória contra o general inimigo Holofernes. Judite é um símbolo de Maria Santíssima, a Estrela que nos guia pelos caminhos tortuosos da vida. Que ela nos ajude a vencer a competição.


O diabo quer tirar de nós a esperança

Certa vez, o diabo chefe estava querendo mais gente no inferno. Então mandou um grupo de capetas à terra, a fim de tentar as pessoas e arrastá-las para lá.

Os capetas insuflavam nas pessoas o desejo de traição do casamento, a ganância, o ódio, a violência...

Mas estava dando pouco resultado. O povo percebia que era tentação, rezava, pronto, eles tinham de cair fora.

Então o diabo chefe disse: “Vocês são bobos. O jeito mais fácil de trazer gente para cá é tirar deles a esperança, tornando-os pessimistas e desanimados. Assim, os homens e mulheres não terão estímulo para praticar as virtudes e evitar o pecado”. Pronto, foi só os capetas fazerem assim, o inferno se encheu.

Por isso, cuidado! Se Jesus venceu, nós também venceremos. Não vamos permitir que o desânimo tome conta de nós, tirando a nossa esperança.

“Salve Rainha,... vida, doçura e esperança nossa, salve!”


A ação de Deus e a ação do diabo

Certa vez, uma mulher procurou o padre para conversar. Ela começou narrando os problemas: Com o marido, com os filhos, dificuldades financeiras, doenças...

Depois de um bom tempo, o padre cortou um pouco a conversa e disse: “Filha, até agora você relatou a ação do anjo mau na sua casa. Fale agora da ação de Deus. Certamente ele vai gostar muito”.

Aquela senhora caiu em si e percebeu o seu erro. Dali para frente, naquela conversa, ela só falou das coisas positivas e das bênçãos de Deus na sua família.

Maria Santíssima quer também ser um dos membros da nossa família. E se ela estiver presente, certamente vai pedir ao Filho e este transformará a água em vinho.


O pobre visto com olhos de rico

Certa vez, na escola de um bairro de classe rica, a professora pediu aos alunos uma redação sobre os pobres.

Um aluno escreveu: "Na casa do pobre, tudo é pobre. O mordomo é pobre, o aparelho de ar condicionado é pobre, o microondas é pobre, a empregada é pobre..."

Aquele menino certamente nunca havia entrado numa casa de família pobre. Não conhecia os valores que existem no meio dos pobres, que vão muito além de ter ou não ter bens materiais e mordomias. São valores que tornam a família muito mais feliz que as famílias ricas.

A riqueza, como pecado, está no coração, embora haja íntima ligação entre possuir muitos bens e ser rico de coração, isto é, de forma contrária ao Evangelho.

“Eu te louvo, Pai,... porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes ao pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado” (Mt 11,25-26). Essa oração mostra-nos como que é o coração de Jesus: Todo voltado para o pobre.

“A minha alma engrandece o Senhor!... Ele encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 1,47.53).


Todo mundo faz assim

Certa vez, um senhor estava dirigindo o seu carro em alta velocidade, e a polícia o parou. Ele então pegou duas notas de dez Reais e entregou ao guarda, disfarçadamente. E continuou a viagem.

Junto com ele ia seu filho de dez anos. Este ficou assustado com o procedimento do pai. O pai o acalmou dizendo: “Todo mundo faz assim”.

O menino cresceu e foi trabalhar em um supermercado. Lá, ele colocava frutas podres embaixo das boas, nas sacolas das freguesas. Um colega de serviço estranhou o procedimento, mas ele explicou: “Todo mundo faz assim”.

Anos depois, ele já era moço. Terminou o Ensino Médio e foi fazer o vestibular. Um colega mais adiantado ofereceu-lhe por cinquenta Reais todas as respostas das questões que iam cair na prova. Ele aceitou. Por que não? Todo mundo faz assim!

Aconteceu que ele foi pego colando. Foi humilhado e expulso do vestibular. Chegando à sua casa, o pai lhe deu a maior bronca: “A gente se mata para pagar seus estudos, e você joga fora, e ainda nos causa a maior vergonha!” O rapaz respondeu: “Pai, todo mundo faz assim!”

Tal pai tal filho. Os filhos aprendem mais com os olhos do que com os ouvidos. Eles imitam o que os pais fazem, muito mais do que aprender o que eles ensinam.

Que Maria Santíssima, a Mãe e educadora do próprio Filho de Deus, nos ajude a educar as crianças pelo nosso exemplo.


A sopa de pedra

Certa vez, um monge estava viajando em peregrinação. Após várias horas de caminhada, já cansado, sentou-se à beira de um riacho, ao lado de um vilarejo.

Ajuntou lenha, acendeu fogo e colocou sobre ele uma panela com água. Quando a água começou a ferver, pôs nela uma pedra e sentou-se ao lado.

Os habitantes da vila, que se aproximavam, ficaram intrigados com a atitude do monge. Estaria ele fazendo sopa apenas com água e pedra?

Um garoto perguntou-lhe: “Por que o senhor está cozinhando esta pedra?” “Porque esta é a minha refeição. Estou fazendo uma sopa de pedra”, respondeu o monge. “Mas, só com água e pedra! Vai ficar sem gosto. Espere aí. Em minha casa temos um pouco de repolho. Vou trazer”. O menino trouxe o repolho e o monge o colocou na panela, junto com a pedra.

Uma senhora disse: “Eu tenho algumas cenouras. Elas vão deixar a sopa mais colorida”. Trouxe as cenouras.

“Acho que tenho duas batatas”, disse um homem. E trouxe as batatas.

Assim, vários habitantes trouxeram ingredientes para enriquecer a sopa. No fim, ela ficou foi muito saborosa. O monge convidou as várias pessoas ali presentes para compartilharem a sua refeição. Todos comeram, riram e gostaram.

Ao cair da noite, o monge continuou sua viagem. E as pessoas voltaram para suas casas com a grande lição que aprenderam: O valor da partilha.

O mesmo acontece quando resolvemos compartilhar o que temos de bom, seja um bem material, ou espiritual.

A exemplo do monge, vamos usar da nossa criatividade para despertar espírito comunitário.

Que Maria Santíssima nos ajude a sermos cada vez mais unidos, solidários e organizados, a fim de que todos tenham pão em abundância.


A família que acolheu o soldado ferido

Certa vez, um jovem soldado estava numa guerra, em um país distante. Sempre telefonava para a família. Após vários meses, um dia ele disse no telefone, para a sua mãe:

“Mãe, terminou minha missão aqui e vou voltar para casa. Eu tenho um amigo que, numa batalha, perdeu as duas pernas. Ele vive hoje numa cadeira de rodas e depende um pouco das pessoas com quem vive. Acontece que ele não tem família. Posso levá-lo comigo para a nossa casa?”

A mãe respondeu: “Filho, da minha parte, sim. Mas ligue após o almoço, porque vou consultar seu pai e seus irmãos”.

Após o almoço, o soldado ligou, e a mãe lhe disse: “Todos aqui concordamos em acolher o seu amigo. Pode trazê-lo”.

No dia seguinte, uma grande surpresa: Quem havia perdido as pernas era ele! O jovem soldado quis fazer um teste para ver se sua família o aceitava de coração, agora que era paralítico.

Todos somos irmãos. Não é apenas o sangue que nos une. Existe um vínculo mais forte, que é o amor cristão, selado pelo batismo, no qual nascemos para uma vida nova e uma nova Família.

Mãe das Comunidades cristãs católicas, rogai por nós.


Palestrante oferece nota de cem Reais

Certa vez, um famoso sábio estava fazendo uma palestra para um auditório repleto.

De repente, ele tirou do bolso uma nota de cem Reais, mostrou-a para a plateia e disse: "Quem quer esta nota?" Todos ergueram a mão.

Ele pegou a nota e a amassou. Foi amassando até fazer dela uma bolinha. E fez a mesma pergunta. Os ouvintes levantaram a mão do mesmo modo.

Ele jogou a nota no chão, pisou nela e a sujou toda. Mostrou aquela feiura para a plateia. “E agora, ainda querem esta nota?” Todos repetiram o gesta de sim.

“De fato”, explicou a palestrante, “a nota não perdeu o seu valor. O que mudou nela foi apenas a aparência. É só limpá-la, pronto”.

As pessoas são como aquela nota do palestrante. A aparência não muda o nosso valor. O fato de alguém ser pobre ou rico, doente ou sadio, bonito ou feio, velho ou moço, branco ou negro, doutor ou analfabeto... são detalhes acidentais. O que vale é a grande dignidade de sermos pessoas, e de sermos filhos e filhas de Deus.

A mãe ama todos os filhos e filhas igualmente. Maria Santíssima é assim. Que ela nos ajude a sermos assim também.


Sábio é insultado e continua calmo

Havia, numa cidade, um sábio que era conhecido pela sua calma e serenidade. Nunca perdia a paciência nem ficava nervoso, em situação nenhuma.

Um rapaz da cidade, muito briguento e perverso, apostou com os colegas que conseguiria tirar o sábio da calma e fazê-lo até partir para uns tapas.

Foram para uma praça onde ele costumava passar, e o esperaram. Quando o homem foi passando, aquele moço começou a insultá-lo e a provocá-lo de todas as maneiras. Disse-lhe palavrões, xingos, afrontas de todo tipo. Chegou até a cuspir no rosto do pobre senhor.

Mas nada. O sábio permaneceu impassível.

Ao ver-se derrotado, o rapaz fugiu, como fazem os covardes.

Uma pessoa, que viu a cena, perguntou ao sábio: “Como que o senhor conseguiu suportar tanta injúria, sem perder a calma?”

Ele respondeu: “Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, com quem fica o presente?” “Com quem ofereceu”, respondeu a pessoa. “O mesmo vale para o insulto, a malvadeza e a falta de compostura”, explicou. “Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo”.

Em outras palavras, não é o outro que vai determinar o nosso modo de agir, muito menos pessoas malvadas. Somos nós mesmos que escolhemos o nosso comportamento.

Não é porque alguém nos trata com falta de educação, que vamos tratá-lo da mesma forma. Se o fizermos, nós o tomaremos como nosso mestre, e perderemos até o direito de reprova-lo, pois fazemos a mesma coisa.

“Não resistais ao malvado. Se alguém te bate numa face, oferece-lhe também a outra” (Mt 5,39).


É possível rezar sem se distrair?

Certa vez, um padre foi celebrar a Missa numa comunidade rural, bem distante e sem estradas. Foi a cavalo.

Na homilia, ele falou sobre a oração. Explicou que a distração na oração é normal, pois ninguém consegue rezar sem se distrair.

Na volta, como era noite, um senhor arreou o seu cavalo e foi com ele até a cidade, para lhe fazer companhia.

Os dois iam, um ao lado do outro, conversando. O homem disse ao padre: “Eu gostei de tudo o que o senhor falou. Mas de uma coisa eu discordo. É de que a gente não consegue rezar sem se distrair. Eu consigo”.

O padre insistiu: “Não dá, filho! Pelo menos um pouquinho você acaba se distraindo. Eu dou este meu cavalo para você, se você conseguir rezar o Pai Nosso sem se distrair”.

O homem topou o desafio. É hoje, pensou ele, que vou ganhar um cavalo. E disse: “Posso começar?” O padre respondeu que sim, e ele já foi logo rezando em voz alta: “Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino... Sr. padre, é com arreio ou sem arreio?”

Pronto, perdeu a aposta, pois estava pensando mais no cavalo que na oração.

A nossa fantasia é chamada “a louca da casa”. É difícil controlá-la. Mas Deus é tão bom que ninguém consegue pensar em pecado, enquanto está rezando. O terço, por exemplo, é justamente uma oração para se rezar distraído, mas distraído em Deus e nos mistérios da nossa salvação.


O remédio amargo

Dom João II foi rei de Portugal, de 1455 a 1495. O povo o chamava de “O Bom”.

Conta-se que ele tinha um jovem criado, o qual ele estimava muito. Um dia, esse moço ficou doente. Emagrecia dia por dia e médico nenhum conseguia curá-lo. O rei ficou desolado. Resolveu chamar um médico estrangeiro, muito afamado.

O médico veio, examinou o rapaz e receitou um remédio. Mas, como este remédio era extremamente amargo, o doente não quis tomá-lo. Disse que preferia morrer.

Quando o rei ficou sabendo, foi ao quarto do enfermo, pegou o vidro do remédio e, à vista dele, tomou duas colheres cheias, e se retirou.

Minutos depois, o moço pediu à enfermeira que lhe desse o remédio, e o tomou gostosamente, sem demonstrar que era ruim.

Dali para frente, ele foi se restabelecendo e logo sarou.

A primeira coisa que fez foi procurar o rei e lhe agradecer. Dom João respondeu: “Meu filho, por você eu tomaria vários litros daquele medicamento, se fosse necessário”.

Aquele remédio era a porta estreita, pela qual o rapaz não queria entrar. Mas o rei, como um pai, lhe ensinou.

A palavra convence, o exemplo arrasta. O bom exemplo é um remédio eficaz, mas amargo. Por isso preferimos, às vezes, ficar só na teoria, nas palavras bonitas.

O cálice da amargura que Jesus tomou, Maria também o provou no seu coração. Mas o sacrifício foi válido, e todos continuamos colhendo os frutos.


O homem que tinha medo de rato

Havia, certa vez, um homem que tinha um enorme medo de rato. Apareceu uma fada com sua varinha e ele lhe suplicou: “Fada, transforme-me em um rato!” A fada estendeu a varinha, pronto. Na hora ele foi transformado em um rato.

Mas agora, como rato, o homem passou a ter medo de gato. Morria de medo de gato. Pediu novamente à fada, esta estendeu sua varinha e ele foi transformado em um gato.

Agora sim, pensou ele. Mas logo surgiu o medo de cachorro. Não podia nem pensar em cachorro.

Novamente lhe apareceu a fada e ele pediu que fosse transformado em um cachorro. Instantaneamente, tornou-se um cachorro.

Entretanto, o problema continuou. Agora, ele tinha medo de onça. Só pensava em onça e nem conseguia dormir.

Mais uma vez a fada veio e o transformou em uma onça.

Agora o seu medo era de homem, pois este, com sua arma, pode matar a onça. Vivia tremendo de medo dos homens.

A fada veio, ele pediu desculpas e disse: “Pela última vez eu lhe peço: Quero voltar a ser homem”. Ela estendeu sua varinha e instantaneamente ele voltou a ser homem.

Não podemos ter medo ou complexo de inferioridade diante de outros seres e de outras pessoas. Ter fé, no fundo, é ter coragem.

O primeiro passo da nossa realização e felicidade é aceitar-nos como somos, e procurar desenvolver as qualidades que temos. Pois cada um de nós é único na natureza. E, se Deus nos criou assim, é sinal que temos uma missão a cumprir na terra.

Você gosta da sua cor, da sua altura, da sua idade? Se gosta, parabéns!


O rapaz que ria na hora do sermão

Certa vez, um missionário estava pregando as santas Missões numa cidade. Em um sermão, ele disse: “O povo desta cidade precisa se converter!” Percebeu que um rapaz riu.

Minutos depois, o padre repetiu a frase. O moço riu novamente.

Terminada a pregação, o missionário foi até o jovem e, com muita gentileza, perguntou: “Por que você dava risada quando eu dizia que o povo desta cidade precisa se converter?” O rapaz respondeu: “É porque eu não sou daqui!”

Nós somos assim. Sempre encontramos desculpas para escapar dos inúmeros e diversificados convites que Deus nos faz, para a nossa conversão.

Vamos fechar o guarda-chuva e deixar a graça de Deus cair em nós! Como terreno inclinado que somos, vamos fazer curvas de nível em nosso coração, mesmo que doa, para que a graça de Deus não escorra, e possa penetrar na nossa vida!

“Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mc 7,6. Is 29,13).


O corcunda

Havia, certa vez, um corcunda que, devido a essa deficiência, era desprezado pelo povo da sua cidade. Ninguém ligava para ele, e alguns até zombavam. Por isso ele tinha medo até de andar na rua.

Um dia, ele fez um gesto admirável: Salvou uma jovem que estava se afogando no rio. Toda a cidade ficou sabendo e, a partir daí, o povo mudou completamente a maneira de tratá-lo. Ele passou a ser valorizado, estimado e querido, apesar de continuar corcunda.

Nós, infelizmente, somos assim. Olhamos somente a aparência, e arrasamos uma pessoa devido a uma deficiência, física ou mental, da qual ela não tem culpa.

Jesus não era assim. Ele valorizava a todos, especialmente os doentes e deficientes, e procurava libertá-los dessas limitações.

“Jesus estava ensinando numa sinagoga... Havia ali uma mulher encurvada... Ele impôs as mãos sobre ela, que imediatamente se endireitou” (Lc 13,10-13).

Também Maria Santíssima não ia na onda da sociedade pecadora. Nas Bodas de Caná, ela foi ousada, e deu certo. Que sigamos o seu exemplo.


A maledicência suja o outro, e nós também

Um senhor, nas horas vagas, cultivava uma horta no quintal de sua casa, junto com o filho de dez anos. Durante o trabalho, o garoto sempre falava mal dos colegas.

Um dia, o pai estendeu uma camisa branca, bem limpinha, encostada ao muro. Foi à dispensa, pegou um saco de carvão, deu-o ao garoto e disse: “Quero que você jogue todo esse carvão naquela camisa. Depois eu volto para ver como ficou”. E o pai foi para dentro de casa.

Minutos depois, o menino gritou: “Terminei, pai”. O pai veio, trazendo um espelho. O garoto disse, com ar de vitorioso: “Olhe a camisa, acertei quase todos”.

O pai lhe disse: “Mas olhe suas mãos como ficaram, e também a sua roupa”. Depois colocou o espelho na frente dele, para que visse que seu rosto também estava sujo de carvão.

E o pai explicou: “Filho, você se sujou muito mais do que a camisa. É isso que acontece quando falamos mal dos outros”.

O ódio prejudica mais quem odeia do que a pessoa odiada. Quando jogamos uma pedra em alguém, duas voltam em nós.

Que Maria Santíssima, a imaculada, nos ajude a olhar para dentro de nós mesmos, antes de atirar pedras.


São Benedito e os anjos cozinheiros

Nós sabemos que S. Benedito era cozinheiro. Diz a lenda que, quando ele ficou velho, ficou meio esquecido. Um dia, ele estava fazendo o almoço e alguém bateu na porta. Ele foi atender, era um menino pobre que tinha machucado o pé.

Benedito levou o garoto à enfermaria do convento e fez curativo. Com isso, esqueceu-se das panelas que ficaram no fogo.

Quando se lembrou, voltou correndo à cozinha, e teve uma surpresa: Dois anjos estavam cuidando do fogão e todas as panelas estavam em ordem, sem nada se queimar.

Naquele dia, a Comunidade religiosa teve um almoço especial: feito por anjos.

Não vamos diminuir os nossos trabalhos no Reino de Deus devido às limitações da idade, especialmente da memória, porque Deus nos assiste.


De perto, a visão á mais clara

Certa vez, um grupo de pessoas estava numa praia e viram, bem distante, em alto mar, algo parecido com um feixe de paus boiando. O objeto estava se aproximando. Pensaram que era o vento que o trazia.

Quando estava mais perto, passaram a achar que se tratava de um barco quebrado, balançando nas ondas.

Chegando mais próximo, viram que era um barco novinho e bonito, com vários turistas fazendo um passeio em alto mar.

O mesmo acontece com as pessoas, em relação a Jesus. Quem o vê apenas de longe, sem uma aproximação afetiva, tem ideias erradas sobre ele, pensando até que age pela força de Belzebu.

Mas quem o ama e dele se aproxima com o coração aberto, recebe o dom da fé e descobre nele o Filho de Deus, o nosso caminho, verdade e vida.

Maria Santíssima vivia bem pertinho de Jesus, pois o gerou e criou. Ela o conhecia melhor que ninguém. Que ela nos mostre o seu Filho, como mostrou aos pastores, aos Reis Magos e a tantos outros.


A disputa por uma sombra

Certa vez, um viajante contratou um burro para levar uma carga a um lugar distante. O dono do animal foi junto, porque sabia lidar com ele.

Como o sol estava quente e fazia muito calor, o viajante parou para descansar e buscou abrigo na sombra do burro.

Acontece que a sombra só protegia uma pessoa, e o dono do burro achava que o direito era dele, pois havia alugado apenas o burro, não a sua sombra.

Já o viajante afirmava que, ao alugar o burro, alugou também a sua sombra. Por isso, surgiu entre os dois uma violenta discussão sobre qual teria o direito de desfrutar da sombra do burro.

A disputa prosseguiu com palavras e socos e, enquanto os homens brigavam, o burro galopou para longe.

Ao disputar pelo secundário, frequentemente perdemos a substância. Muitas vezes, por questões pequenas e sem importância, acabamos perdendo a amizade de pessoas que por longo tempo estiveram ao nosso lado.

Muitas vezes, afastamos pessoas queridas, simplesmente porque não concordamos com situações que, sem esforço, poderiam ser desprezadas.

No meio de um mundo de violência, que vivamos na paz.
No meio de um mundo de mentira, que vivamos na verdade.
No meio de um mundo de tristeza, que vivamos na alegria.
No meio de um mundo de egoísmo, que vivamos no amor.
No meio de um mundo ganancioso, que pratiquemos a partilha.


O ladrão de machado

Certa vez, um homem não encontrou o seu machado. Procurava-o por toda parte e nada.

Então suspeitou de um rapaz, seu vizinho, e começou a observá-lo. Viu que seu jeito era exatamente o de um ladrão de machado. O seu olhar, o seu rosto, o seu semblante, as suas palavras... Todas as suas atitudes eram direitinho as de um ladrão de machado.

O comportamento do rapaz o traía. Então o homem teve certeza: Foi aquele jovem mesmo que havia roubado o seu machado.

Entretanto, um dia, sem esperar e mexendo nas coisas do seu quartinho de ferramentas, encontrou o machado.

Na manhã seguinte, ao olhar para o rapaz, viu que ele nada mais tinha de um ladrão de machado. O seu rosto, comportamento... não tinham nada que lembrassem um ladrão de machado.

Como que nós somos falhos nos julgamentos e suscetíveis de enganos! Quantos preconceitos e mal-entendidos desunem pessoas! “Não julgueis e não sereis julgados” (Mt 7,1).


O pai e os filhos no parque

Certa vez, um pai e seus dois filhos foram a um parque de diversão. A tabela afixada na bilheteria dizia: “Adultos: Dez Reais. Crianças: Cinco Reais. Criança até seis anos de idade não paga”.

O rapaz da bilheteria perguntou a idade dos meninos, e o pai disse: “Este tem três anos, e este sete”.

O rapaz falou: “O senhor acaba de ganhar na loteria? Se me dissesse que o maior tem seis anos, eu acreditaria, pois esta é a aparência dele. E, assim, o senhor poderia ter economizado cinco Reais!”

O pai respondeu: “Você talvez não notasse que ele tem sete anos. Mas as crianças saberiam que eu não falei a verdade”.

Quantas vezes, para economizar pequena soma, desperdiçamos a oportunidade de dar testemunho diante das crianças! A boa educação se dá mais pelo exemplo do que pelas palavras.

Que Maria Santíssima, e Mãe e educadora do Filho de Deus, ajude os pais e educadores a cumprirem bem a sua missão.


Uma tigela para o avô

Certa vez, um senhor bem idoso foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos.

As mãos dele eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.

A família tomava as refeições reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do idoso o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, o leite era derramado na toalha. Frequentemente, um prato escapava de suas mãos e se quebrava.

O filho e a nora irritavam-se com a bagunça. “Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai”, dizia o filho.

Então eles decidiram colocar uma pequena mesa num canto da sala, e o vovô usar uma tigela de madeira em vez de prato. O menino assistia a tudo em silêncio.

Numa tarde, antes do jantar, o pai percebeu que o filhinho estava no quintal, manuseando um pedaço de madeira. Perguntou-lhe: “O que você está fazendo?” A criança respondeu docemente: “Estou fazendo uma tigela para o senhor comer, quando eu crescer e o senhor ficar velho”.

Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande no pai, que ele ficou mudo. Dali para frente, o avô voltou a comer em pratos e junto com a família.

Nós somos assim. Colocamos até um prato acima da pessoa do idoso. Tal pai tal filho.

S. Joaquim e Sant’Ana, pais de Nossa Senhora, são os patronos dos idosos. Que eles os protejam!


A passarinhada

Havia, certa vez, uma Comunidade católica rural que estava lutando para construir a capela, entretanto estava difícil. Faltava só o telhado, mas não havia jeito de angariar dinheiro. Já tinham feito bingo, rifa, feijoada, almoço, chá, quermesse, leilão... tudo.

Então o coordenador teve uma ideia: Fazer uma passarinhada, um almoço de passarinhos. A licença do Ibama foi fácil, porque havia na região milhares e milhares de pardais, que acabavam com as plantações de arroz. Precisava mesmo diminuir um pouco.

Havia uma árvore seca caída, no meio de uma palha de arroz. Era ali que os pardais se reuniam, às centenas, de manhã cedo. A árvore não tinha raízes presas ao chão, era cheia de galhos e leve.

À noite, o coordenador da Comunidade passou visgo (uma cola forte) em toda a árvore. De manhãzinha, ele foi lá. Quando chegou, os pardais voaram todos da palha de arroz para a árvore e ficaram grudados. A árvore ficou coberta de pardais.

O homem pensou: É agora que eu pego todos esses bichinhos. Tomou sua espingarda, carregada com chumbos pequenos, e deu um tiro na direção da árvore.

O barulho foi tão grande que os passarinhos se assustaram e todos bateram asas ao mesmo tempo. Como estavam grudados, levaram a árvore para os ares.

Claro que a história é inventada. Mas nos trás um ensinamento: A união faz a força. Se estivermos unidos, podemos não só levantar uma árvore, ou terminar uma capela, mas erguer este mundo, construindo nele o Reino de Deus. Afinal, estamos com os pés grudados no chão da realidade onde vivemos, e as mãos seguras em Deus. Se fizermos uma forcinha, unidos, este mundo subirá.

Aquele coordenador perdeu a chance, e teve de devolver o dinheiro dos ingressos para a passarinhada. Também quem manda querer matar passarinho!


Para o amigo, o melhor

Havia, certa vez, um rapaz que tinha um carrinho de lanches e vendia cachorro quente numa esquina. Colocava sempre uma só salsicha no pão.

Um dia, apareceu um velho, mendigo, com um cachorrinho amarrado numa cordinha, e ficou olhando o rapaz vender os lanches. O moço ficou com dó e fez um cachorro quente para ele. Foi generoso e colocou duas salsichas.

O mendigo caminhou um pouco e sentou-se. O cachorrinho sentou-se na sua frente.

Então ele abriu o lanche, tirou as duas salsichas, deu-as para o cachorro e comeu só o pão.

O rapaz do carrinho viu aquilo e foi perguntar ao velho se ele não gostava de salsicha. Ele respondeu: “A coisa que eu mais gosto é de salsicha. Mas o cachorro é meu amigo, e para o amigo se dá o melhor”.

“Amigo fiel é poderosa proteção. Quem o encontrou, encontrou um tesouro” (Eclo 6,14).

Catequistas santas

Havia, certa vez, duas moças, a Paulina e a Virgínia. Elas eram vizinhas e moravam na roça, pertinho de uma vila, na qual eram catequistas, ajudavam na limpeza da capela e visitavam os doentes.

Uma senhora idosa que elas visitavam, que morava sozinha, piorou na saúde e passou a ter necessidade de acompanhantes 24 horas por dia. Como aquela senhora não tinha nenhum parente em condições de fazer isso, e era pobre, as duas catequistas conversaram com suas famílias e vieram morar com a velha.

Quando a senhora faleceu, Paulina e Virgínia, atendendo ao pedido de várias famílias, continuaram morando na vila, a fim de acolher meninas da roça que queriam estudar. Para isso, alugaram uma casa.

O aluguel da casa aconteceu dia 12/07/1890, e foi o início da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A primeira das moças, hoje é canonizada: Santa Paulina. A vila chama-se Nova Trento. Fica no Estado de Santa Catarina, e hoje é Município.

O testemunho da caridade, especialmente do acolhimento aos idosos, é abençoado por Deus e por isso produz abundantes frutos.


Vence quem se alimenta melhor

Havia, certa vez, um rapaz que estava levando vida errada. Preocupado, o pai conseguiu convencê-lo a ir conversar com o avô, que era um homem sábio e respeitado pelo neto.

Quando o jovem chegou à casa do avô, este o recebeu com muito afeto. Depois o convidou para ir ao fundo do quintal. Lá, havia dois cães amarrados. Um era muito bravo e o outro manso e amigo.

O avô disse: “Como você vê, um desses cachorros é mau e o outro é bom. Qual dos dois vencerá? O rapaz, sem entender a pergunta, arriscou: “Acho que é o manso, não é?”

O avô, que já esperava a resposta, discordou e disse: “Não, meu filho. Vencerá aquele que for melhor alimentado”.

A partir da comparação, o avô falou sobre os diversos alimentos, intelectuais, morais e religiosos, que estão à nossa disposição. Se utilizarmos bem desses alimentos, seguramente venceremos e teremos um futuro feliz.

Entre os diversos alimentos que estão à nossa disposição, sobressaem a oração, a leitura da Sagrada Escritura e a caridade para com os pobres.


Padre leva ateu a se confessar

Certa vez, um senhor, que se dizia ateu, foi conversar com o padre. Este já o conhecia e sabia que ele era batizado, fez a Primeira Comunhão e a Crisma, depois entrou no mau caminho.

Veja o diálogo entre os dois:
- “Sr. padre, eu sou ateu, não tenho fé. Prove para mim que Deus existe”.
- “Sim. Mas primeiro faça uma boa confissão”.
- “Como, se sou ateu?”
- “Por favor, se confesse! Pode começar a confissão”.

O homem abaixou a cabeça, meio confuso e, por respeito ao padre, começou a se confessar. Foi só começar, a graça de Deus agiu e ele se abriu completamente. Chegou a chorar.

Terminada a longa e bela confissão, o padre lhe disse: “Vamos agora conversar sobre a existência de Deus”. “Deixemos para depois esse assunto, padre. Muito obrigado!” respondeu o homem. E se retirou.

A fé está muito ligada à obediência a Deus. Adão e Eva, depois que desobedeceram, esconderam-se de Deus (Cf Gn 3,8).

Quem não obedece a Deus, fica cego na fé, e não vê mais que um palmo na frente do nariz. Que nós também acolhamos a Palavra encarnada, mas a acolhamos totalmente.

Em Maria, temos o melhor exemplo de como acolher bem a Palavra de Deus. Que ela nos ajude.
Rapaz fe conf fé pe quer se confesse Certa vez, um rapaz procurou o padre, querendo resolver umas dúvidas de fé. O padre levou-o para a sala de atendimento, os dois se sentaram e o padre foi logo perguntando: “Quanto tempo faz que você se confessou?” O rapaz respondeu: “Não é isso, padre, o meu problema são dúvidas de fé!” “Sim, respondeu o padre, mas eu gostaria que você antes se confessasse. Depois a gente conversa sobre a fé”. Após de muita conversa, o padre, com sua bondade, conseguiu convencer o jovem a se confessar. Foi uma confissão longa, e o jovem até se emocionou. Terminada, o padre lhe disse: “Agora vamos conversar sobre a fé. Pode apresentar as suas dúvidas”. “Não tenho mais dúvidas”, respondeu o moço. “Muito obrigado, senhor padre!” E deu-lhe um abraço. É sempre assim. A desobediência a Deus interfere na nossa fé. Existe uma relação: Vida de pecado > Diminuição ou desvio na fé. Prática das virtudes > Crescimento na fé. A nossa fé cresce junto com a nossa obediência a Deus. A Encarnação aconteceu, graças à obediência de uma mulher a Deus: “Eis aqui a escrava do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).


Lembre-se: Você é filho do rei

Havia antigamente um rei muito bom. Ele tinha um filho jovem que gostava de festas, passeios e de estar no meio do povo.

Um dia, o pai lhe disse: “Filho, você pode frequentar todos os lugares que desejar. Mas nunca se esqueça que você é filho do rei”.

Quer dizer: Você não é um rapaz comum. A sua conduta compromete a família real e, com ela, todo o reino.

A mesma coisa acontece conosco, que somos batizados, filhos e filhas de Deus. Não somos pessoas comuns. Somos “outro Cristo” presente no aqui e agora do mundo.

Deus nos criou à sua imagem. Portanto, o nosso comportamento é uma expressão do comportamento de Deus. Um mau exemplo nosso compromete a própria visão de Deus que o povo tem.

Maria Santíssima nos mostrou, com a sua vida, o que é amar, tanto a Deus como ao próximo. Mãe do belo amor, rogai por nós.


O peru que corria em volta do galinheiro

Certa vez, um homem ganhou um peru. Como não tinha um local apropriado, colocou-o provisoriamente em um galinheiro desativado, que havia no fundo do quintal. O galinheiro era redondo e cercado de tela.

Como o peru era meio selvagem, começou logo a correr em volta do galinheiro. O homem o deixou lá e foi-se embora.

No dia seguinte, ao voltar para por mais água e comida, viu que o peru continuava correndo, sem parar. E já havia um sulco no chão, ao lado da tela. Um trilho redondo, de tanto o peru passar.

Naturalmente, o homem libertou a pobre ave.

A nossa Comunidade não pode ser como aquele peru, ficando o tempo todo girando em torno de si mesma, do seu grupinho, e se esquecer das milhares de ovelhas perdidas que estão lá fora.

O amor é criativo. Quem ama a Deus e ao próximo, sempre encontra caminhos novos e novos métodos, evitando o “mesmismo”.


Oito reis decidem acabar com o mundo

Certa vez, oito reis se reuniram e decidiram acabar com o mundo. Mas, antes, cada um ia ficar com uma parte da herança.

O primeiro escolheu os morros e as montanhas. Ele gostava de morro.

O segundo escolheu as árvores, plantas, flores... Todos os vegetais eram dele.

O terceiro já escolheu as águas. Rios, lagos, oceanos... Este gostava era de água. E lá foram as águas atrás dele.

O quarto disse: “Eu adoro o céu: Estrelas, astros, sol, lua... eclipse melhor ainda”. E todos os astros ficaram sendo dele.

O quinto escolheu o diamante e todas as pedras preciosas. Sua paixão era por joias.

O sexto já gostava era de dinheiro. Ele ficou com todas as moedas do mundo: Real, Dólar, Euro, Peso, Marco, Franco... Eram montanhas de dinheiro de todo tipo.

O sétimo rei adorava bicho: Leão, onça, jacaré, passarinho... Todos os animais ficaram para ele.

O oitavo disse: “Eu quero todo o poder do mundo para mim”. Este gostava de mandar.

Nisto, entrou na sala um anjo. Os reis ficaram com medo. Será que ele vai dar bronca em nós? Mas o anjo lhes disse: “Deus me mandou aqui para agradecer a vocês. Vocês não pegaram a herança dele. A herança de Deus é o seu povo!”

“Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que Deus escolheu para sua herança” (1Pd 2,9).

Nós também queremos escolher o povo para ser a nossa herança, pois “quem ama o próximo, cumpriu toda a Lei”. “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Maria Santíssima era pobre de bens materiais, mas muito rica em amor. Santa Maria, rogai por nós.


Náufrago é salvo providencialmente

Certa vez, um navio afundou em alto mar. O naufrágio foi tão rápido que não deu para soltarem os botes salva-vidas.

Um homem começou a debater-se nas ondas, e viu um pedaço de madeira do navio. Mais que depressa, agarrou-se nele. O próprio vento o levou a uma ilha. Ele ficou feliz e agradeceu a Deus a sua vida salva.

Andando pela ilha, viu que nela não morava ninguém. Era uma ilha deserta. Improvisou um barraco e ali passou a viver.

Batendo duas pedras uma na outra, conseguiu fazer fogo. Zelava daquele fogo, mantendo-o sempre aceso. Passaram-se várias semanas e ninguém aparecia.

Um dia, ele saiu a procura de alimento. Quando chegou, encontrou sua tenda em chamas. O fogo alastrou-se e queimava tudo. O desespero tomou conta daquele homem. Deus me abandonou, pensou ele.

Como estava cansado, deitou-se de bruços no chão e dormiu. Horas depois, acordou com alguém batendo nas suas costas. Olhou assustado e viu um senhor com uniforme de marinheiro.

Perguntou-lhe: “Como o senhor descobriu que eu estava aqui?” O marinheiro respondeu: “Vi fumaça nesta ilha e vim aqui, pensando que alguém estava pedindo socorro”.

“Sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28-30). Às vezes, não percebemos a mão amorosa de nosso Pai do Céu.

Maria Santíssima é a filha predileta de Deus Pai. Que ela nos ajude a sermos bons filhos e filhas desse Pai tão querido.


O restaurador de estátuas

Certa vez, um homem ia viajar, para ficar fora de casa durante uns dois meses. Ele tinha uma estátua de estimação e não quis deixá-la em casa, porque a sua casa não era muito segura. Pediu então para um amigo guardá-la na casa dele.

Aconteceu que, um dia, o amigo se descuidou, a estátua caiu e se quebrou. E agora? Ele procurou na redondeza um restaurador de estátuas e não encontrou.

Então decidiu ele mesmo restaurar a estátua. Comprou as ferramentas e o material necessário e restaurou o objeto de arte. Ficou uma beleza. Quem a conhecia antes, não conseguia descobrir onde foi quebrada.

Os vizinhos começaram a levar estátuas quebradas, e objetos de arte, para que ele os restaurasse.

As pessoas gostavam tanto do serviço daquele homem, que ele montou um atelier especializado em restauração de estátuas e obras de arte.

Esse homem era um artista e não sabia. Precisou de um acidente para que ele descobrisse o seu talento.

Jesus nos restaurou, e o fez com tanto amor que quis ficar entre nós para dar constante manutenção, e assim não quebrarmos mais a imagem de Deus que somos.


O jovem rei que se igualou ao pastor

Certa vez, um jovem rei, durante uma caçada, travou conversa com um pastor, que lhe pareceu simpático. O pastor era também jovem.

Depois do bate papo, o príncipe quis fazer amizade com o rapaz. Mas este, consciente da distância social que os separava, recusou a amizade.

Então, o jovem rei encontrou uma maneira de fazer amizade com aquele moço. Voltou para o palácio e vestiu-se de pastor, como se fosse da mesma classe social do simpático jovem. E surgiu uma bela amizade entre os dois.

Deus usou conosco a mesma estratégia, ao nos enviar Jesus Cristo.

Se com o jovem rei deu certo, queremos que dê certo conosco também. Queremos aproximar-nos de Jesus e ser eternamente seus amigos e amigas.


Os cachorros nos deixam falar

Havia, certa vez, uma moça que falava muito. Ela arrumou um namorado, mas, nos encontros, falava quase o tempo todo, sem deixar o rapaz falar.

Entretanto, o amor encobre os defeitos e eles se casaram. Em casa, ela continuou falando. Tiveram filhos... E ela falando sem parar.

Com o tempo, os filhos todos se casaram. Mas aquela mulher não parava de falar. Eram só os dois em casa, e mesmo assim ele tinha de ouvi-la o tempo todo, porque ela falava constantemente.

Um dia, ele se aposentou, e aí ficou pior. Tinha de ouvi-la o dia todo. Então ele arrumou um cachorro. Ela foi contra, não queria saber de cachorro. Mas ele foi firme, e levou o cachorro para dentro da casa.

Tempo depois, ele arrumou outro cachorro, e depois mais um. Agora eram três cachorros dentro de casa.

Ela, como sempre, era contra ter cachorros no lar. Ele tocava violão e os cães ficavam ouvindo.

Um dia, ela ficou irritada com os cachorros e insistiu mais uma vez para que ele desse um fim naqueles cães, que estavam sempre ao lado dele, na sala, no refeitório e até ao lado da cama no quarto.

Então ele explicou: “Eles me ouvem, e você não. Eu falo com eles e eles me escutam com atenção, o que não acontece com você, que quer sempre falar, e falar o tempo todo”.


Venha visitar o nosso santuário

Certa vez, um padre era novo na paróquia e estava visitando as famílias mais ligadas à Igreja.

Em um domingo, ele foi a uma casa, e a família o recebeu com muita alegria. Ofereceram-lhe café com bolo etc.

Depois, o dono da casa lhe disse: “Padre, agora eu o convido a visitar o nosso santuário”. “Com prazer”, respondeu o padre. E foram caminhando casa a dentro. Deve ser algum oratório, pensou o padre.

Mas, para a sua surpresa, chegaram a um quarto onde estava, em um leito, um velhinho já todo encolhido, parecendo um pedacinho de gente. Era o bisavô das crianças. Na mesa, havia um vaso com rosas fresquinhas, que representavam o carinho da família por ele.

O homem tinha razão, porque Jesus disse: “Eu estava doente e cuidastes de mim” (Mt 25,36). E, se Jesus estava naquele quarto, ali era um santuário.


Maria Santíssima, na Ladainha, é chamada de Casa de Ouro, porque o seu seio abrigou o Rei do universo, que é representado pelo ouro, o rei dos metais. Casa de Ouro, ajudai-nos a reconhecer e respeitar a presença do vosso Filho nos idosos!

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