Novembro de 2015 - 30Hists50Jul15
Carinho cura doente mental 1500
O segredo da felicidade 1499
Seguir a mente ou o coração 1498
Amor e justiça qual está acima 1497
O rei narigudo 1496
A feliz recuperação 1495
Servir a Deus com alegria 1494
Mais um fruto da Missão 1493
Passar da teoria à prática 1492
Deus precisa espaço para entrar 1491
Mãos limpas mas vazias 1490
Amar os deficientes 1489
Deus está comigo, nada temerei 1488
A difícil tarefa 1487
Honestidade a toda prova 1486
O amor e a sabedoria de uma avó 1485
Instrumentos do amor de Deus 1484
Ter fé é viver não apenas conhecer 1483
O nada e o ego 1482
O egoísmo sutil 1481
Como conhecer o Amazonas 1480
Amor cura neurótico 1479
O grito do profeta 1478
Leão vence três touros 1477
Mestre manda discípulos roubar 1476
A água partilhada sacia a todos 1475
Ser chefe é dar exemplo 1474
Lubrificar o mundo 1473
Imitar é bom, mas nem sempre 1472
A riqueza verdadeira 1471
Sou feliz Senhor tu vais comigo 1470
O otimismo é uma virtude 1469
Defeitos e potencial do outro 1468
Deus vê isso e não faz nada 1467
Aristóteles visitava o mercado 1466
A estrada para lugar nenhum 1465
A oração modelo 1464
O passageiro indesejado 1463
Perdão sem limites 1462
A conversão de um ferreiro 1461
A princesa feia 1460
Quem sou eu 1459
O cuco e a menina 1458
A ave que caiu no poço 1457
Avestruz enterra a cabeça 1456
Quem matou Pat Hudson 1455
O peixinho voador 1454
Por favor, ajudem-me 1453
Avarento ganha peixe dourado 1452
Dois povos brigaram à toa 1451
Carinho cura doente mental
Certa vez, aconteceu
um fato trágico: Uma senhora perdeu, em um acidente, o marido e os dois filhos.
Quando ficou sabendo, ela desequilibrou-se mentalmente e teve de ser internada
em uma clínica psiquiátrica.
A mãe foi visitá-la,
mas a jovem mulher estava tão mal que nem a reconheceu. Então a mãe tomou uma
decisão: Insistiu e conseguiu ser aceita na clínica como funcionária gratuita.
E passou a ficar o dia todo ao lado da filha. Durante longas horas segurava-lhe
a mão, acariciando o seu rosto e beijando-a demoradamente.
Às vezes, a moça
enfurecia e agitava-se a ponto de precisar ajuda de enfermeiros. Mas a mãe não
desanimava. Pelo contrário, multiplicava ainda mais os carinhos.
Um dia, aconteceu uma
surpresa: Após a mãe rezar com ela uma Ave Maria, jovem senhora como que
acordou de um longo sono. Olhou longamente para a mãe e disse: “Mamãe!” e a
abraçou.
Os médicos foram
chamados e comprovaram o fato: A enferma tinha recuperado a consciência. Foram
tirando os medicamentos e logo a jovem mãe e esposa teve alta.
O carinho a curou! O
amor e a proximidade fazem bem a todos, especialmente aos doentes.
O segredo da felicidade
Certa vez, na
antiguidade, um mercador enviou seu filho para aprender o segredo da felicidade
com o homem mais sábio da região. O jovem andou durante um mês pelo deserto,
até chegar a um bonito castelo, no alto de uma montanha. Ali vivia o sábio.
No entanto, em vez de
encontrar-se com ele, o rapaz viu, em uma sala, uma atividade intensa. Eram
mercadores que entravam e saiam, pessoas conversando, uma pequena orquestra que
tocava suaves melodias e uma mesa repleta dos mais deliciosos manjares.
O mestre conversava
com todos, e o jovem teve de entrar na fila, onde esperou durante duas horas.
Quando chegou a sua
vez, o sábio ouviu atentamente o motivo da visita, mas disse que naquele
momento não tinha tempo de lhe explicar o segredo da felicidade. Pediu que ele
desse um passeio pelo palácio e regressasse duas horas depois.
Mas o sábio lhe disse,
entregando-lhe uma colherinha de chá quase cheia de azeite:
- Peço-lhe um favor:
Enquanto você estiver caminhando, leve esta colherinha, cuidando para não
derramar o azeite.
O jovem começou a
subir e a descer as escadas do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na
colher. Passadas as duas horas, retornou à presença do sábio. Este
perguntou-lhe:
- Que tal? Você viu os
tapetes da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim com
belíssimas flores? Viu a biblioteca?
O jovem, envergonhado,
confessou que não tinha visto nada disso, pois a sua preocupação era não
derramar o azeite. O sábio lhe disse então:
- Volte e procure
conhecer as maravilhas do meu mundo. Você não pode confiar em uma pessoa, se
não conhece a sua casa.
E lhe deu novamente a
colher com o azeite.
O jovem voltou a
percorrer o palácio, observando com atenção todas as obras de arte e os belos
adornos nas paredes e no teto. Viu jardins, a beleza das flores, as montanhas.
De volta à presença do sábio, contou-lhe tudo o que tinha visto.
- Mas onde está o
azeite da colherinha? Perguntou o sábio. O jovem olhou a colher e se deu conta
de que o havia derramado. O sábio então concluiu:
- Vou dar-lhe um único
conselho, para descobrir o segredo da felicidade: Olhe todas as maravilhas do
mundo, mas sem nunca se esquecer do azeite na colher, isto é, sem nunca se
esquecer dos valores que carrega consigo.
(Fonte: Pe. Jesus
Bringas)
Seguir a mente ou o coração?
Certa vez, um
discípulo, na encruzilhada de uma indecisão, perguntou ao mestre qual caminho
devia tomar. Explicou que estava em dúvida entre o que a mente pensava e o
coração pedia. O mestre fez a seguinte comparação:
Caminhamos pela vida
como um taxi fazendo uma viagem. O motor são as nossas energias, o nosso vigor
físico. O taxista é o nosso coração. Mas quem decide qual direção tomar é o
passageiro do taxi.
O discípulo
apressou-se em perguntar:
- Mas quem é o
passageiro?
O mestre fechou os
olhos, respirou lenta e profundamente e respondeu com um semblante serena:
- O passageiro é a
nossa mente.
Todo o nosso corpo foi
consagrado a Deus no Batismo. Mas o coração é cego, e o vigor físico também.
Quem nos deve dirigir, portanto, é a nossa mente.
“Estou ciente de que o
bem não habita em mim... Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não
quero” (Rm 7,18-19).
Amor e justiça, qual está acima?
Havia, certa vez, uma
tribo de índios, cujo cacique era admirados por todos, devido à sua sabedoria,
honestidade e bondade. Desejando que seus súditos vivessem em segurança, ele
criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.
Um dia, surgiu um problema
na tribo. Alguém estava cometendo pequenos furtos. O cacique reuniu a tribo e,
com tristeza no olhar, frisou que não havia necessidade de furtos, pois todos
tinham o necessário para viver. Assim, ele frisou que o responsável teria o
castigo habitual: 20 chibatadas.
Os furtos, entretanto,
continuaram. O cacique reuniu a tribo novamente e aumentou para 30 chibatadas.
Apesar disso, os furtos não cessaram.
Por favor – suplicou o
cacique – estou suplicando para o bem de vocês! Os furtos precisam parar. Eles
estão causando sofrimento entre vocês! E aumentou o castigo para 40 chibatadas.
Aqueles que estavam próximos dele viram que uma lágrima escorreu pela sua face.
Finalmente, um índio
veio dizer que havia identificado o autor dos furtos. A notícia se espalhou e
todos se reuniram para ver quem era. Um murmúrio de espanto percorreu a pequena
multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do cacique
empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe, uma senhora idosa e frágil.
Todos pensaram: E
agora? Será que o cacique, mesmo assim, será imparcial? Seria o amor à sua mãe
capaz de impedir o cumprimento da lei? O cacique disse:
- Meu amado povo, as
40 chibatadas serão aplicadas. Faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz.
Acenou com a cabeça e
os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente. Um deles retirou o manto
dela, deixando à mostra suas costas ossudas e arqueadas. O carrasco, armado de
chicote, aproximou-se e começou a desenrolar o seu instrumento de punição.
Nesse momento, o
cacique deu um passo à frente, retirou o seu manto e todos puderam ver seus
ombros largos e bronzeados. Com muito carinho, passou os braços ao redor de sua
querida mãe, protegendo-a por inteiro com o próprio corpo. Encostou o seu rosto
ao dela, misturando suas lágrimas. Fez sinal afirmativo ao carrasco e este
desferiu 40 chibatadas nos ombros fortes do cacique.
Foi um momento
inesquecível para toda a tribo, que aprendeu, naquele dia, como se podem
harmonizar o amor e a justiça.
O amor tudo vence e
encontra saída para as situações mais complicadas, sem quebrar a justiça. Este
mesmo gesto fez Deus Pai conosco, enviando-nos seu Filho. Assim ele harmonizou
a justiça com o amor. “Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo
3,16).
Só que Deus foi mais
longe: Em vez de apenas levar chibatadas, deu a vida. Isso porque a nossa pena
era a morte.
(Fonte: Pe. Jesus
Bringas)
O rei narigudo
Havia, na antiguidade,
um rei que gostava de ser elogiado e homenageado. No entanto, ele tinha um
defeito físico notável: Seu monstruoso nariz era extremamente feio e deformado.
Por isso, não deixava nenhum pintor retratá-lo, já que naquele tempo não havia
fotografia.
No entanto, quando
estava velho, seu filho e sucessor insistiu tanto que conseguiu que o pai
permitisse ser pintado em uma tela, a fim de ser colocada na galeria dos reis
do reino. Mas o pai estabeleceu uma condição: Só aceito se o artista me pintar
a contento. Os três melhores pintores do reino foram convocados.
O primeiro retratou o
monarca tal e qual, com o seu narigão horripilante. O rei recusou a pintura e
mandou prender o artista.
O segundo pintou o rei
fielmente, com exceção do aberrante nariz, em cujo lugar colocou um belo e
irrepreensível nariz. O rei sentiu-se ridicularizado e mandou prender também
este artista.
Chegou a vez do
terceiro pintor. Este, conhecendo a paixão do rei pela caça, retratou-o
portando uma carabina e apontando-a em direção a uma raposa. E a arma
cobria-lhe justamente o nariz. Vendo o quadro, o soberano sorriu satisfeito e
recompensou largamente o artista.
A estória retrata três
atitudes nossas. A primeira é a franqueza exagerada, que pode ferir as pessoas.
A segunda é a mentira, distorcendo os fatos, a fim de agradar aqueles a quem
desejamos conquistar. E a terceira atitude, a ideal, é expor sempre a verdade,
mas evidenciando o que é útil e edificante, e desfocando os aspectos menos
construtivos.
Que o bom Deus nos
ajude a sermos sempre fieis à verdade, mas não a expondo quando isso pode
prejudicar o nosso próximo. Nós temos o direito de ocultar aquela parte da
verdade que pode prejudicar alguém.
(Fonte: Pe. Jesus
Bringas)
A feliz recuperação
Certa vez, na
antiguidade, estava sendo construído um palácio real. Uma das paredes internas
seria revestida com um enorme espelho. O espelho foi fabricado, mas, na viagem,
ele se quebrou. Quando chegou à construção, o empreiteiro mandou jogá-lo no
lixo.
Surpreendentemente, o
arquiteto ordenou que todas as peças quebradas fossem recolhidas, quebradas em
pedaços ainda menores e coladas na parede, formando um mosaico prateado e
cintilante. Assim, a parede ficou mais bonita do que ficaria antes, com o espelho
inteiro.
É possível transformar
cicatrizes em estrelas, ser melhor, exatamente por ter se quebrado. Deus, em
seu poder infinito, é capaz de restaurar tudo, de fazer recuperar-se qualquer
pessoa caída. “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). “Ó
feliz culpa, que mereceu tão grande Salvador!”
(Fonte: Pe. Jesus
Bringas)
Servir a Deus com alegria
Em uma congregação
religiosa masculina, havia um mestre de noviços que queria ver seus noviços
sempre alegres. Embora o noviciado seja um tempo de reflexão e estudo da
própria vocação, nem por isso é tempo de tristeza, dizia ele.
Por isso, quando via
um rapaz triste, sem alegria, com a cara amarrada, ele perguntava:
- Por que este rosto
sério e fechado? Se está com fome, vá comer alguma coisa. Se está doente, vamos
logo ao médico. Se está cansado e com sono, vá tirar uma soneca. Se tem algum
pecado, procure um confessor. Mas, por favor, não faça uma cara de quem comeu e
não gostou.
De fato, a alegria é
uma característica dos cristãos católicos. Na Igreja primitiva, os cristãos
eram sempre alegres. Veja algumas passagens da Bíblia:
- “Perseverantes e bem
unidos, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam
a refeição com alegria” (At 2,46).
“Chamaram os apóstolos
e mandaram açoitá-los. Proibiram que eles falassem do nome de Jesus, e
soltaram-nos. Os apóstolos saíram alegres por terem sido considerados dignos de
sofrer injúrias por causa do nome de Jesus” (At 5,40-41).
- “Há mais alegria em
dar do que em receber” (At 20,35). Esta é a única frase que é certo que Jesus
falou e não está nos Evangelhos.
“O Reino de Deus não é
comida nem bebida, mas é justiça e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17-19).
- “Irmãos, estai sempre
alegres” (1Ts 5,16).
- “Alegrai-vos sempre
no Senhor. Repito: Alegrai-vos. Seja a vossa alegria conhecida de todos” (Fl
4,4-7).
Maria Santíssima
cantou, no Magnificat: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”. Ela
alegrou-se, mesmo antes do Filho nascer. E nós, tantos anos depois, continuamos
nos alegrando. É uma alegria misturada com gratidão. Ou melhor, uma gratidão
manifestada em alegria.
Mais um fruto da Missão
Estava havendo a Santa
Missão numa cidade do interior. Acaba de sair a procissão da penitência, às
05:30 da madrugada. À frente, vai um homem carregando a cruz e, ao seu lado, o
missionário com o alto-falante portátil. O povo caminha lentamente, alternando
ave-marias com cânticos.
De repente, aparece
uma valeta bem funda que atravessa toda a rua. Ao lado dela, muita terra.
Encontraram, ao lado, uma pequena passagem, pela qual toda a procissão passou,
lentamente.
Depois que todos
passaram, o missionário comentou, num tom de velhos amigos:
- Vamos pedir ao
prefeito que passe por aqui, a fim de ver a situação desta rua?
Todos olharam para o
homem que levava a cruz, e não conseguiram segurar um cochicho e sorrisos.
No final da procissão,
o homem da cruz, que era o prefeito, aproximou-se do missionário e disse:
- Peço ao senhor que
amanhã passe por aquela mesma rua.
No dia seguinte, o
buraco havia desaparecido. Para satisfação de todos, quem levava a cruz era o
mesmo homem, o prefeito, que ganhou mais simpatia do povo.
A fé e a política são
como duas rodas de uma bicicleta. As duas são diferentes, mas caminham juntas e
uma depende da outra. Quem ama a Cristo sonha em implantar no hoje e no aqui o
mundo novo desejado por ele. E isto não é possível sem a política.
Na democracia, o poder
emana do povo. O povo é a autoridade maior. Por isso, vamos, como cristãos
católicos, exercer este nosso poder, aproveitando todas as oportunidades, como
fez aquele missionário.
(Fonte: Pe. Clóvis de
Jesus Bovo)
Passar da teoria à prática
Certa vez, um
missionário, em suas andanças, estava evangelizando um grupo de pessoas. Em seu
sermão ele disse:
- Precisamos dividir
os nossos bens com os mais necessitados!
Todos acenaram com a
cabeça, dizendo que concordavam. Para confirmar, o padre perguntou:
- Vocês entenderam bem
o que eu disse?
- Entendemos sim,
padre – responderam. Então o padre exemplificou:
- Se vocês tiverem 100
cabeças de gado, o que farão?
- Daremos 50 cabeças
para nossos irmãos mais pobres.
- E se tiverem 100
porcos?
- Distribuiremos 50
entre os mais necessitados e ficaremos com 50.
O padre insistiu:
- E se vocês tiverem
100 galinha, o que farão?
Ninguém respondeu.
Desconfiado, o padre perguntou:
Por que vocês
dividiriam o gado e os porcos, mas não as galinhas? Eles responderam:
- Ah! Padre, o gado e
os porcos nós não temos, mas as galinhas nós temos!
É fácil dizer palavras
bonitas para os outros cumprirem. O difícil é dividir, com gestos concretos, o
que possuímos. Vamos dividir o bem mais precioso que temos: O amor que Deus
plantou em nosso coração. Mas fazer isso não apenas na teoria.
(Fonte: Pe. Marcelo
Rossi)
Deus precisa espaço para entrar
Certa vez, um
professor foi procurar um sacerdote para perguntar sobre Deus e outras dúvidas
de fé. Logo de início, fez muitas perguntas. O padre ouviu todas em silêncio,
depois lhe disse:
- Você me parece
cansado. Veio de longe e subiu esta montanha. Deixe-me primeiro servir um chá
para você. E foi fazer o chá.
O professor esperava
impaciente. Sua mente borbulhava com mais perguntas. Logo o aroma do chá
espalhou-se pela casa. O padre percebeu a inquietação do professor e pediu-lhe
que não tivesse pressa, pois quem sabe, ao tomar o chá, as questões fossem
respondidas.
O professor ficou
perdido com essas palavras. Perdi a viagem, pensou ele. Esse padre parece fraco
da cabeça. Como que minhas perguntas sobre Deus podem ser respondidas pelo fato
de eu tomar um chá?
Logo o sacerdote
trouxe o chá em um bule e começou a derramá-lo na xícara. A xícara ficou cheia
e ele continuou derramando. Ao transbordar, o chá estava enchendo o pires, mas
o padre não parava de derramar chá. Logo ia molhar a atoalha da mesa, que era
muito bonita e bordada. O professor não aguentou e interveio:
- O que o senhor está
fazendo?
O padre respondeu:
- É exatamente nesta
situação que você se encontra. A sua mente está cheia de perguntas e, mesmo se eu
responder, não haverá espaço para que a resposta possa entrar. Vá embora,
esvazie sua xícara e depois retorne. Primeiro crie um pouco de espaço dentro de
si.
O Espírito Santo está
sempre disposto a falar ao nosso coração. Mas é necessário que abramos espaço
para ele entrar.
Mãos limpas, mas vazias
Certa vez, um homem
teve um sonho que o deixou preocupado. Sonhou que tinha acabado de morrer e,
chegando à porta do Céu, viu a maravilha do local. Queria morar ali para
sempre.
Mas foi recebido por
um anjo que lhe fez uma série de perguntas a respeito de sua vida na terra. No
final, embora demonstrando um profundo respeito pelo recém-chegado, o anjo
deduziu que ele não estava pronto para entrar no Céu.
O homem replicou:
- Mas logo eu?
Enquanto estive na terra, obedeci aos mandamentos! Inclusive tenho aqui uma
lista das coisas boas que fiz.
- Pois eu também
anotei algo sobre nossa conversa, respondeu o anjo. Vamos analisar ambas as
listas:
“Nunca prejudiquei
meus semelhantes.” – Mas também não ajudou ninguém.
“Calei toda palavra
ofensiva.” – Mas não abriu a boca para defender ninguém.
“Jamais procurei
defeitos no próximo.” – Contudo, não aproveitou os bons exemplos.
Desiludido, o homem
calou-se. O anjo passou carinhosamente a mão na sua cabeça e disse:
- Não basta fugir do
mal, é preciso fazer o bem. Você tem boa aparência, mas a sua existência na
terra foi vazia de testemunho.
Nesta hora, o homem
acordou assustado e, a partir daquele dia, decidiu mudar as suas atitudes.
Como estamos agindo
durante a nossa breve caminhada neste mundo? Evitamos o mal apenas, ou
praticamos o bem?
Amar os deficientes
Havia, certa vez, uma
pequena garota, descalça e suja, que ficava sentada no parque, vendo as pessoas
andarem. Ninguém sequer olhava para ela.
Um rapaz, que sempre
passava por ali e a via, um dia resolveu parar. Quando o jovem se aproximou,
viu que ela tinha um olhar triste e trazia, debaixo do vestido, uma deformação
nas costas. Ele logo concluiu: É por isso que nenhuma criança a convida para
brincar.
Quando ele chegou mais
perto, a garotinha baixou o olhar. Nessa hora ele viu mais claramente o
contorno das suas costas. Era grotescamente corcunda.
O moço sentou-se ao
seu lado e disse: “Olá”. Ela respondeu: “Oi”. Ele sorriu e ela sorriu de volta.
E ficaram ali conversando. Até que o rapaz perguntou-lhe por que ela estava
triste. Ela olhou para ele e falou:
- Porque sou
diferente.
- Sim. Você, com este
olhar doce e inocente, lembra um anjo.
Nesta hora, ela olhou
para ele, sorriu e disse:
- De verdade?
- Sim. De verdade.
Você parece um anjo mandado por Deus, pois tem um olhar doce e amoroso.
A garota levantou-se
sorrindo e falou:
- Você foi a única
pessoa que se aproximou de mim e me possibilitou este momento que jamais
esquecerei. A minha deformidade me afasta e me deixa isolada, mas a sua
presença me fez muito feliz.
Encontramos, pela
vida, muitos deficientes físicos e mentais. O nosso acolhimento, o nosso amor é
capaz de ajudá-los a se reerguerem e serem felizes. O importante é ir além das
aparências e olhar o coração. Mas só faz isso quem está bem com Deus. Deixemos
os preconceitos, como as crianças colegas daquela menina e as pessoas que
passavam ao seu lado.
(Fonte: Pe. Marcelo
Rossi)
Deus está comigo, nada temerei
Havia, certa vez, uma
senhora que vivia reclamando de tudo na vida. Um dia, ela se encontrou com
Jesus e disse:
- Senhor, compadece-te
de mim! O mundo me atormenta e a vida fez-me escrava!
Tenho um filho que
incessantemente me fere o coração. Esperei-o com os melhores sonhos, embalei-o
nos braços... Entretanto, encontro nele meu suplício. Por que isso, Senhor? Por
que tanto sofrimento?
Jesus, em seu infinito
amor, respondeu:
- Querida, Deus pode
mudar o coração dos seus filhos e filhas. Que seria do tronco se a terra não o
suportasse? Ou do ninho se o galho não o sustentasse?
A mãe respondeu:
- Mas, Senhor, e
comigo? Quem teria colocado em meus braços semelhante martírio? Quem colocou em
meu peito este filho difícil e indiferente?
Para sua surpresa, a
mulher escutou de Cristo estas simples palavras:
- Minha irmã, foi
Deus, meu e seu Pai querido.
Deus nos chama e nos
dá uma bela tarefa no seu Reino. Quando passamos por dificuldades, ele nos
sustenta com a sua graça. Por isso, não desistamos diante dos obstáculos,
porque temos um Pai, muito forte e amoroso, que está sempre ao nosso lado.
Obedecendo-lhe, os fardos se tornam leves.
(Fonte: Pe. Marcelo
Rossi)
A difícil tarefa
Certa vez, um homem
estava andando em um campo e encontrou uma cisterna velha de 8 metros de
profundidade. Lá no fundo estava um rapaz. O homem pegou um bambu e o desceu até
o fundo. O moço começou a subir, mas escapou e caiu.
O homem foi à sua
casa, pegou uma corda, veio e jogou uma ponta dela lá no fundo. O moço começou
a subir, mas escapou e caiu novamente.
Então o homem desceu
até o fundo do poço, pôs o rapaz nas costas e foi subindo. Mas quando estava no
meio, os dois caíram.
Mas o senhor não
desistiu. Voltou à sua casa e trouxe uma escada de 10 metros. Desceu-a até o
fundo. Nesta hora, o rapaz lhe falou:
- Quem disse que eu
quero sair daqui?
Nós não devemos ficar
parados onde estamos, mas querer sempre crescer e superar os obstáculos.
(Fonte: Pe. Dalton)
Honestidade a toda prova
Na segunda guerra
mundial, estava preso em um campo de concentração da Sibéria um rapaz chamado
Vladimir. Ele sabia que daquele lugar poucos saíam com vida, devido aos
alimentos que eram insuficientes para lhes matar a fome, e aos trabalhos
forçados.
Ele tinha, em uma
pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e presunto, que sua mãe
lhe havia mandado clandestinamente. Guardava aqueles alimentos para quando a
fome se tornasse insuportável. Como a caixa não tinha chave, ele a trazia
sempre consigo.
Certo dia, Vladimir
foi designado para um trabalho temporário em outro campo. Como não tinha onde
deixar a caixa, pediu que um colega de prisão, chamado André, a guardasse
consigo até a sua volta. André aceitou a missão.
No dia seguinte à
partida de Vladimir, uma tempestade de neve tornou intransitáveis todos os
caminhos, impossibilitando o transporte de provisões. Vladimir sabia que, no
campo de concentração em que ficara, a fome havia aumentado.
Uma semana depois,
terminou o trabalho temporário, as estradas foram reabertas e Vladimir voltou
ao seu campo.
Não encontrando André,
Vladimir perguntou por ele ao sargento chefe da sua turma de presos. Este
respondeu:
- Nós o enterramos
ontem, junto com mais vinte, todos mortos de fome. Mas antes de morrer, André
me pediu que guardasse isto para você.
E deu-lhe a caixa.
Vladimir a abriu e viu que tanto os biscoitos como a manteiga e o presunto
estavam intactos. Em cima dos alimentos havia um bilhete: “Prezado Vladimir,
escrevo enquanto ainda posso mexer as mãos. Não sei se viverei até você voltar,
porque estou horrivelmente debilitado. Deixo as suas coisas com o sargento.
Espero que as receba intactas. André”.
Deus está sempre
presente em nossa vida. Como somente ele sabe o que é melhor para nós, devemos,
sem duvidar, confiar nele e cumprir a palavra dada ao nosso próximo.
(Fonte: Pe. Marcelo
Rossi)
O amor e a sabedoria de uma avó
Certa vez, uma senhora
e sua netinha foram ao zoológico. A menina tinha o rosto salpicado de sardas
vermelhas e brilhantes. As crianças estavam esperando numa fila para que um
artista pintasse suas faces com patinhas de tigre.
- Você tem tantas
sardas que ele não vai ter onde pintar – falou um menino que estava na fila.
Sem graça, a garotinha
abaixou a cabeça. A avó curvou-se e lhe disse sorrindo:
- Gosto de suas
sardas.
- Mas eu detesto –
replicou a menina.
- Quando eu era
criança, sempre quis ter sardas – continuou a avó, passando o dedo pela face da
criança – Sardas são tão bonitas!
A menina levantou o
rosto e disse:
- São mesmo?
- Claro! Quer ver?
Diga-me uma coisa mais bonita que sardas.
A criança olhando para
o rosto sorridente da avó e respondeu suavemente:
- Rugas.
Foi um momento bonito
de amor entre avó e nata. O amor transforma o feio em bonito, o mau em bom, o
triste em alegre. Se olharmos para os outros com olhos de amor, não veremos o
que eles possam ter de defeitos, mas apenas o que têm de bonito.
Deus, como bom Pai, vê
em nós mais belezas que feiuras, mais qualidades que defeitos. E, com um
sorriso, ele estende a mão para que a peguemos e assim ele possa nos levantar.
Instrumentos do amor de Deus
Era uma tarde fria de
inverno. Uma senhora passa pela rua e vê um menino de pés descalços, roupa em
frangalhos, diante de uma vitrine. Seus olhinhos estão presos na exposição de
sapatos. Ela pergunta sorrindo:
- O que está fazendo
aqui? Não está sentindo frio?
- Estou pedindo ao bom
Jesus que me arranje um par de sapatos.
- Então venha comigo.
Vamos ver se Jesus gosta de ajudar meninos como você.
Entrou com ele na
loja, onde, aliás, era muito conhecida, e lhe comprou meias de lã e um par de
sapatos. Depois pediu que levassem ao banheiro uma bacia com água para lavar os
pés do menino.
Após calçar as meias e
os sapatos, o garoto continuava surpreso, sem dizer uma palavra. No final,
quando a mulher fez menção de deixa-lo, ele a fitou demoradamente, olhinhos
úmidos, e perguntou:
- A senhora é a Mãe de
Jesus?
- A Mãe de Jesus? Não,
meu filho, sou apenas uma discípula dele.
Jesus espera que
sejamos testemunhas do seu amor. Por isso, todos os dias ele coloca em nosso
caminho pessoas que necessitam de alguma ajuda. Basta deixarmos que o Espírito
Santo nos conduza, e então seremos instrumentos do amor de Deus.
,
(Fonte: Pe. Marcelo
Rossi)
Ter fé é viver, não apenas conhecer
Certa vez, um homem
converteu-se a Jesus Cristo, na Igreja Católica. Pouco tempo depois, um amigo
não crente lhe disse:
- Então, você se
converteu a Cristo?
- Sim.
- Portanto, você deve
saber muita coisa a respeito dele. Diga-me, pois, em que cidade ele nasceu?
- Não sei.
- E qual era a sua
idade, ao morrer?
- Não sei.
- Quantos sermões ele
pregou?
- Não sei.
- Você sabe muito
pouca coisa sobre aquele para quem se considera convertido!
- Você tem razão.
Tenho vergonha de saber tão pouco a respeito de Jesus Cristo. Mas uma coisa eu
sei:
Uns três anos atrás,
eu era um alcoólatra, meu lar estava em ruínas, minha esposa e meus filhos,
noite após noite, tinham pavor da minha volta para casa. Agora deixei da bebida
e minha casa é um lar feliz. Minha esposa e meus filhos todas as noites me
esperam sorridentes.
Tudo isso Jesus Cristo
fez por mim. É o que sei a respeito dele.
O diabo sabe mais
coisas sobre Jesus Cristo do que nós. No entanto, é diabo, porque não o segue.
(Fonte: Anthony de
Mello)
O nada e o ego
Certa vez, um
discípulo procurou o mestre e lhe disse:
- Eu venho a ti, mas
nada tenho em minhas mãos. O mestre respondeu:
- Jogue fora este nada
também.
- Mas jogá-lo fora
como, se é nada?
- Pois leve-o, então,
consigo pela vida!
O nosso egoísmo é
sutil e persistente. Podemos transformar até o nosso nada em promoção pessoal.
O meu orgulho é ser humilde, dizem alguns.
Muitos carregam, pela
vida, a sua renúncia, como se fosse um troféu. Mais importante que deixar as
nossas posses é abandonar o nosso egoísmo e mergulhar no amor.
O egoísmo sutil
Certa vez, um
discípulo disse ao mestre:
- Eu vim oferecer-lhe
meus serviços. O mestre respondeu:
- Deixe cair esse
“eu”, que os serviços automaticamente surgirão.
O discípulo foi
egoísta. Queria ajudar o mestre, mas no fundo o que ele mais queria era
aparecer. O que o motivou a procurar o mestre não foi o amor, mas a promoção de
si mesmo.
“Se eu gastasse todos
os meus bens no sustento dos pobres e até me entregasse como escravo, para me
gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria” (1Cor 13,3).
Conserve seus bens,
sua liberdade, e abandone seu “eu”. Assim, o amor virá automaticamente. E, a
partir daí, você poderá, quem sabe, um dia entregar seus bens e tornar-se
escravo, por amor.
(Fonte: Anthony de
Mello)
Como conhecer o Amazonas
Certa vez, um senhor
decidiu conhecer o Amazonas. Entrou em igarapés, andou pelas florestas, viu
todo tipo de animais, lagos, o povo ribeirinho, os peixes pulando acima da
água... Isso da foz até a nascente do grande rio. Depois voltou para a sua
pequena cidade. O povo o aguardava ansioso para conhecer tudo sobre o Amazonas.
Entretanto, com que
termos podia ele exprimir todos os sentimentos que inundaram seu coração,
quando viu, na mata, aquelas flores de beleza e perfume inexprimíveis? Quando
ele ouvia, à noite, os sons da selva? Como contar seus medos e ansiedades ante
a ameaça das feras e dos rios que ele, em frágil canoa, navegava?
Então o homem lhes deu
um mapa do Amazonas, pedindo a todos que fizessem a mesma experiência que ele.
O mapa continha as cascatas, os afluentes, as correntes cristalinas, a
floresta... Mas as pessoas pegaram o mapa e fizeram cópias para todos os
interessados em conhecer o Amazonas. Com isso pensavam que já conheciam o
grandioso rio.
E o pobre explorador
arrependeu-se de, um dia, lhes ter dado aquele mapa, porque, na verdade,
ninguém passou a conhecer o grandioso Amazonas.
Para uma pessoa que
nunca degustou uma maçã, não adianta você descrever o gosto dela. É preciso
comê-la. O mesmo acontece com a fé cristã e a experiência de Deus. Que tenhamos
coragem de arriscar e entrar nesse maravilhoso rio, fim de conhecê-lo tal
como é.
(Fonte: Anthony de
Mello)
Amor cura neurótico
Certa vez, um rapaz
ficou neurótico. A depressão e a angústia tomaram conta dele. As pessoas lhe
diziam que ele estava doente e precisava vencer a neurose. Quando ouvia as
advertências, o moço ficava ressentido e concordava ao mesmo tempo. Queria
mudar-se, mas não conseguia, apesar de todos os esforços.
Ele tinha um amigo, o
seu melhor amigo, que lhe dizia: “Não mude não. Permaneça assim como você está.
Eu gosto de você do jeito que você é”.
Que melodia eram, nos
ouvidos do moço, essas palavras do amigo! Não mude, não mude, eu gosto de você
assim! Então o jovem relaxou-se, voltou ao que era e, que maravilha! Deixou de
ser neurótico.
Agora sei, dizia ele,
que eu não teria conseguido vencer a batalha se não encontrasse alguém que me
amasse do jeito que eu era, com ou sem neuroses e rancores.
“O amor é benfazejo, é
paciente... O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor
jamais acabará” (1Cor 13,4-8).
(Fonte: Anthony de
Mello, sj)
O grito do profeta
Certa vez, um profeta
foi a uma pequena cidade, a fim de converter o povo para Deus e para a Santa
Igreja. No início, o povo ouvia as suas pregações. Mas depois foram se
afastando, até que ninguém mais aparecia para o escutar.
Um dia, um viajante
que passava pela cidade perguntou ao profeta:
- Por que você
continua fazendo diariamente as suas pregações, se ninguém vem ouvi-lo? Você
não percebe que a sua missão aqui fracassou?
O profeta respondeu:
- No início, eu
pregava com esperança de mudar o povo. Agora, eu continuo pregando e gritando
para mim mesmo, a fim de que eu não me deixe converter por eles.
Foi exatamente isso
que Jesus pensou quando, ao enviar os discípulos para a missão, disse-lhes: “Se
alguém não vos receber, nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou
daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés” (Mt 10,14).
Sacudir a poeira dos
pés era um gesto usado pelos judeus quando regressavam ao próprio país.
Sentido: Não trazer o culto às divindades pagãs e o modo de vida errado deles. Jesus
usa o gesto para pedir aos discípulos que não aprendam os maus costumes do povo
entre o qual exercem a atividade missionária, e este povo não aceita a Boa
Nova. Os maus costumes das pessoas entre as quais vivemos grudam em nós como a
poeira nos sapatos.
E Jesus acrescenta ao
gesto um sentido profético, fazendo dele mais um convite à conversão. Foi o que
fez este profeta.
O grande perigo é o
cristão, que foi a um lugar para levar a Boa Nova e não foi ouvido, acabar
sendo arrastado pelos maus costumes e virar o contrário: Em vez de ser
fermento, é fermentado pelo mau fermento. Nós somos chamados a transformar o
mundo pecador, não a sermos transformado por ele. “Cuidado com o fermento dos
fariseus!” (Mt 16,6).
É muito difícil viver
neste mundo cão, sem segui-lo. Por isso que Jesus criou a Santa Igreja, que tem
a vida em Comunidade. Ali, uma criança ajuda a outra, um jovem ajuda o outro,
um casal ajuda o outro... É como uma turma de mãos dadas, atravessando um
atoleiro.
“Irmãos, fazei tudo
sem murmurar nem questionar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos
de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais
como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15).
Leão vence três touros
Havia, certa vez, três
touros que viviam em um vale isolado. Um era branco, outro preto e o terceiro
marrom. No mesmo vale vivia um leão que não podia nada contra eles, pois os
três estavam sempre juntos e eram solidários.
Um dia, o leão disse
aos touros preto e marrom:
- Corremos aqui o
risco de chamar a atenção dos caçadores por causa do touro branco. Sua cor é
diferente e vistosa, enquanto nós três temos cores mais discretas. Deixai-me
comê-lo para que vivamos mais tranquilamente.
Os dois concordaram e
o leão comeu o touro branco.
Dias depois, o leão
disse ao touro marrom:
- Tua cor e a minha
são iguais. Deixa-me comer o touro preto para que vivamos aqui mais
tranquilamente.
O marrom concordou e o
leão devorou o touro preto.
Assim, o touro marrom
permaneceu sozinho frente ao leão. Disse-lhe um dia o leão:
- Chegou a tua vez,
vou devorar-te.
O touro marrom disse:
- Faze-o. Mas antes me
deixes proclamar esta verdade: Fui devorado no dia em que você comeu o touro
branco.
Povo unido jamais será
vencido.
(Fonte: Prof. Felipe
Aquino)
Mestre manda discípulos roubar
Havia, certa vez, uma
Comunidade cristã que vivia em uma choupana na zona rural. Eram o mestre e dez
jovens discípulos. Um dia, o mestre disse aos discípulos:
- Como a nossa igreja
aqui está precisando de uma reforma e está difícil angariar recursos, ordeno a
vocês que vão à cidade para roubar bens que podem ser vendidos e assim
arrecadarmos dinheiro para a reforma.
Os discípulos ficaram
espantados por essa ordem vir justamente do mestre, que era um homem tão sábio
e santo. Logo em seguida, o mestre disse de modo enérgico:
- Mas, para não
mancharmos a nossa excelente reputação, solicito que cometam o roubo somente
quando ninguém estiver vendo.
Imediatamente o mestre
os deixou e foi para o seu quarto.
Os jovens conversaram
entre si: “É errado roubar. Por que nosso metre solicita-nos a cometer esse
ato?” Um deles, porém, disse: “O mestre é um homem sábio e justo. E isso
permitirá que reformemos a nossa igreja!” Assim todos concordaram e saíram
juntos em direção à cidade.
Quando estavam a certa
distância, o mestre correu atrás deles e disse:
- Peço que respondam a
uma pergunta do catecismo: Onde está Deus?
- No céu, na terra e
em toda parte, responderam.
Então o mestre disse:
- Eu estava apenas
testando se vocês conhecem o catecismo. Se Deus está em toda parte, é
impossível fazermos uma coisa sem que ele a veja.
E todos voltaram para
a choupana.
Deus não só vê, mas
julga e faz justiça. Ele protege os seus filhos e filhas a fim de que nada de
mal lhes aconteça.
“O Senhor é quem me
defende. A quem temerei? Quando me assaltam os malvados para me devorar, são
eles que tropeçam e caem. Mesmo que contra mim se acampe um exército, meu
coração não teme” (Sl 27,1-3).
(Fonte: Prof. Felipe
Aquino)
A água partilhada sacia a todos
Certa vez, na
antiguidade, um rei teve de cruzar uma longa região deserta e árida, o que
durou vários dias. Ia com ele um destacamento de 20 soldados. Poucos dias
depois, acabou o suprimento de água e todos começaram a sofrer terrivelmente a
sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Alguns já
estavam quase desfalecendo e caindo no chão.
Eis que, por volta das
15 horas, encontraram-se com um grupo de viajantes que vinham montados em mulas
e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar
de sede, encheu um copo grande com água e lhe deu.
O rei pegou o copo,
tomou só um pouquinho, apenas para molhar a boca seca e passou o copo cheio
para os soldados. Estes foram fazendo o mesmo. Dez soldados puderam molhar a
boca.
Vendo o gesto bonito,
os viajantes encheram novamente o copo e deram para os outros dez soltados.
Todos ficaram satisfeitos e recuperaram as forças para a caminhada. Logo na
frente, encontraram um oásis com água fresca e à vontade.
“Jesus pegou os cinco
pães, deu graças e começou a repartir para a multidão de cinco mil homens. Todos
comeram e ficaram saciados” (Jo 6,11).
Ser chefe é dar exemplo
Certa vez, na
antiguidade, o exército de um país foi convocado para ajudar o povo na
recuperação de uma vasta região devastada por uma fortíssima tempestade. O
comandante mandou um grupo de soldados cortarem árvores e reconstruírem uma
ponte que fora levada pela enchente.
Mas não havia homens
suficientes, e o trabalho progredia muito lentamente. Um homem, de aparência
imponente, que estava passando a cavalo, viu que o oficial dava ordens aos
soldados, mas ele mesmo não fazia nada. E perguntou-lhe:
- Você não tem homens
suficientes, não é?
- Não, senhor. Preciso
de ajuda.
- Por que você mesmo
não põe mãos à obra?
- Eu, senhor? Sou um
cabo! Respondeu o oficial, aparentemente ofendido com a sugestão.
- Ah, é verdade –
respondeu o outro calmamente.
O homem desceu do
cavalo e pôs-se a trabalhar com os soldados, até ser concluído o serviço.
Depois montou novamente e, enquanto saía, disse ao oficial:
- Cabo, na próxima vez
que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao
comandante superior, e eu tornarei a vir.
Aquele homem a cavalo
era o general chefe de todo o exército. “Sede meus imitadores, como eu sou de
Cristo” (1Cor 11,1).
Lubrificar o mundo
Certa vez, um doente
grave estava em um quarto modesto e pedia silêncio. Mas a velha porta rangia
nas dobradiças, cada vez que entrava um médico, uma enfermeira, um parente ou
amigo do doente. Assim, não havia condições adequadas para o sono, tão necessário
àquele enfermo.
Em determinado
momento, chegou um amigo, que o havia visitado, e pingou umas gotas de óleo nas
dobradiças. Assim, a porta silenciou-se completamente.
A lição vale para a
nossa vida. Muitas vezes, há tumulto dentro de nossos lares, no ambiente de
trabalho, numa reunião qualquer. São as dobradiças das relações fazendo barulho
inconveniente. Nós podemos apresentar a nossa cooperação com algumas gotas de
compreensão, e assim a situação mudará.
Algumas gotas de
perdão, de paciência, de carinho, de solidariedade ou de amor podem lubrificar
as relações, recuperando a paz que é tão necessária. Umas gotas de afeto e de
amizade podem às vezes lubrificar as engrenagens e recuperar a alegria. Às
vezes são necessárias apenas algumas gotas de silêncio.
Vamos carregar sempre
conosco uma bisnaga de óleo lubrificante, o óleo da paciência, do amor e da boa
palavra, para que, não só os doentes, mas todos se sintam bem.
Imitar é bom, mas nem sempre
Certa vez, dois burros
caminhavam em uma estrada, um ao lado do outro. Um deles carregava uma carga de
açúcar e o outro levava esponjas. O primeiro disse:
- Caminhemos com
cuidado, porque a estrada é perigosa. O outro retrucou:
- Onde está o perigo?
Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui. O outro discordou:
- Nem sempre é assim.
Onde passa um, pode não poder passar outro.
- Que burrice! Disse o
que levava esponjas. Eu sei viver. O importante é imitar os outros.
Nisto, alcançaram um
rio, cuja ponte havia caído no dia anterior.
- E agora?
- Agora, disse o que
levava esponjas, é atravessarmos caminhando e enfrentando a correnteza.
O burro do açúcar
meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo no contato com a água,
ela foi ficando cada vez mais leve e ele chegou à outra margem sem dificuldade.
O burro das esponjas,
que gostava de imitar, lançou-se também no rio. Mas sua carga, ao contato com a
água, foi ficando cada vez mais pesada, a tal ponto que ele foi para o fundo e
morreu.
Imitar é bom, mas
exige uma reflexão anterior, pois às vezes as situações são diversas.
A riqueza verdadeira
Havia, certa vez, duas
famílias que eram amigas, mas tinham divergências. Um dos maridos era católico
e o outro materialista.
Um dia, o materialista
convidou a família do católico para um almoço em sua mansão. Após a refeição, o
anfitrião convidou o outro para visitar sua galeria de artes, e começou a
enaltecer os bens materiais que possuía, de maneira soberba.
Falou que o homem vale
pelo que possui, pelo patrimônio que conseguiu acumular. Exibiu escrituras de
suas propriedades, as mais variadas, joias, títulos e valores diversos.
Depois de ouvir e
observar tudo calmamente, o hóspede falou da sua convicção de que os bens da
terra não nos pertencem de modo absoluto, e que mais cedo ou mais tarde teremos
de deixá-los. Argumentou que os verdadeiros valores são aqueles que ultrapassam
a vida aqui na terra.
Entretanto, o
materialista reagiu com arrogância, dizendo que ele era o verdadeiro dono de
todos aqueles bens.
Diante da teimosia, o
hóspede lhe propôs um acordo:
- Já que é assim,
voltaremos a falar sobre o assunto daqui a 50 anos, está bem? O outro retrucou:
- Daqui a 50 anos nós
já estaremos mortos, pois ambos temos mais de 60 anos de idade! O hóspede
respondeu prontamente:
- É por isso que
poderemos discutir o assunto com mais segurança, pois só assim você entenderá
que tudo isso passou pelas suas mãos, mas não é seu totalmente.
- Chegará o dia,
continuou o visitante, em que você terá de deixar todas as posses materiais e
partir, levando consigo somente suas conquistas espirituais, que são as
virtudes.
O homem materialista
ficou contemplando as obras de arte, e uma sombra de dúvida pairou sobre o seu
olhar, antes tão seguro. E uma voz silenciosa, íntima, lhe perguntava:
- Que diferença fará,
daqui a 50 anos, se você morou em uma mansão ou em um casebre?
- Se você comprou
roupas em lojas de grife ou em um bazar beneficente?
- Se bebeu em taças de
cristal ou em um copo de vidro barato?
- Se pisou em tapetes
ou sobre o chão duro?
- Se tem grandes
reservas financeiras ou vive do salário?
Tudo isso não fará diferença
alguma. No entanto, as boas obras que você tiver praticado farão muita
diferença.
(Fonte: Prof. Felipe
Aquino)
Sou feliz, Senhor, tu vais comigo
Certa vez, um senhor
sofreu um grave acidente de trânsito e desmaiou. Horas depois, acordou na UTI
de um hospital. Vendo a movimentação de médicos e enfermeiras, percebeu que seu
estado era gravíssimo.
O sofrimento aumentou
quando lhe contaram que o seu grande amigo, que dirigia o carro, havia
falecido. Ele não tinha forças nem para lutar pela própria recuperação.
Sentia-se a pessoa mais sofredora do mundo.
Foi quando entrou na
UTI um rapaz muito jovem, usando roupas de médico, e lhe disse:
- Bom dia! O senhor é
um homem de muita sorte. O maior especialista nesta área está aqui no hospital
e o senhor será operado por ele.
Ao ouvir essas
palavras, o doente encheu-se de esperança e começou a acreditar na própria
recuperação. Respirou fundo e foi levado para a sala de cirurgia.
Depois que acordou da
anestesia, a primeira coisa que fez foi perguntar pelo médico que o operou,
pois queria agradecer-lhe. A enfermeira foi chamá-lo e, para surpresa sua,
apareceu o mesmo jovem médico que havia conversado com ele.
- Onde está o médico
que me operou? Perguntou o doente.
- O senhor está diante
dele, disse o rapaz, sorrindo. O senhor estava muito fragilizado, e eu queria
que se sentisse seguro e confiante. Se lhe tivesse dito que o cirurgião seria
eu, o senhor não ficaria tão confiante, o que foi fundamental para o sucesso da
cirurgia.
“Ainda que um exército
inteiro se levante contra mim, eu nada temerei, porque o Senhor está comigo”
(Sl 27,3). “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt
28,20). Cada um de nós, se olhar para trás, perceberá a presença desse grande
médico ao nosso lado, nas horas difíceis que enfrentamos, fazendo a diferença.
(Fonte: Prof. Felipe
Aquino)
O otimismo é uma virtude
Havia, certa vez, dois
irmãos. Um era otimista, vivia sempre alegre. Já o outro era pessimista,
passava o dia cabisbaixo, triste, vendo defeito em tudo.
Quando chegou perto do
Natal, o pai chamou ambos e quis saber o que cada um queria de presente. O otimista
foi lago pedindo um cavalo para passear com os amigos. O pessimista pediu uma
bicicleta.
Quando chegou a
véspera do Natal, o pai trouxe a bicicleta, mas, como ainda não havia
encontrado um cavalo bom, trouxe um cabresto.
Quando entregou a
bicicleta ao pessimista, este lamentou dizendo:
- Eu não sei bem se
queria mesmo esta bicicleta. Tenho de cuidar dela, estar sempre atento para que
ninguém a roube e, além disso, eu posso cair e me machucar.
Já o otimista, ao
receber do pai o cabresto, saiu pulando de alegria, sem nem esperar o pai
explicar que ainda não conseguira comprar o animal.
Quanto mais perto de
Deus uma pessoa está, mais alegre ela é. O contrário também é certo: Quanto
mais longe de Deus, mais triste. Até na hora do sofrimento, Deus nos chama a
ser alegres: “Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de
passar por diversas provações” (Tg 1,2).
“Irmãos, estai sempre
alegres” (1Ts 5,16). “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos. Seja a
vossa alegria conhecida de todos... Não vos preocupeis com coisa alguma, mas em
toda ocasião apresentai a Deus os vossos pedidos em orações e súplicas,
acompanhadas de ação de graças” (Fl 4,4-7).
Defeitos e potencial do outro
Certa vez, um homem
plantou uma muda de roseira, esperando ver suas belas flores. Entretanto, ao
regá-la e cuidar dela, ele sempre levava algumas espinhadas doloridas. Como
pode uma flor tão bonita vir rodeada de espinhos? Decepcionado, parou de regar
a roseira, antes que os botões abrissem, e a planta morreu.
O nosso próximo é como
uma roseira. Tem belas flores, que são as suas qualidades, mas tem também os
espinhos, que são os seus defeitos. Se olharmos só para os defeitos, nós nos
isolamos e ficamos sem amigos.
Vamos regar as nossas
amizades, vendo em cada pessoa as suas qualidades, às vezes escondidas atrás
dos doloridos espinhos.
Um dos maiores dons
que uma pessoa pode conquistar é ser capaz de passar pelos espinhos e
encontrar, do outro lado, as mais belas e perfumadas rosas. Isto é amor.
Deus vê isso e não faz nada?
Certa vez, uma família
estava, à noite, assistindo o noticiário na TV. Era o pai, a mãe e a Luciana,
de 10 anos. As notícias eram sobre corrupção, desastres com aviões, assaltos...
A menina escutava tudo com muita tristeza.
Os pais olhavam um
para o outro, sem saber direito se pediam à filha para ir fazer outra coisa
enquanto eles assistiam ao telejornal. Eles sabiam que, apesar de aquela ser a
realidade do mundo, era tudo muito triste.
Antes que os pais
mandassem sair da sala, Luciana fez uma pergunta preocupante, que foi
respondida depois que desligaram a TV. A menina perguntou:
- Deus vê tudo isso
acontecendo e não faz nada?
O pai chamou a filha
para perto de si, deu-lhe um abraço e disse:
- Faz sim, filha. Deus
fez você, fez o papai e a mamãe, fez todas as pessoas para mudarmos este mundo
triste.
“Ide pelo mundo
inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). “Ide e fazei
discípulos meus entre todas as nações... Ensinai-lhes a observar tudo o que vos
tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt
28,19-20).
Fonte: Natal em
Família.
Aristóteles visitava o mercado
Aristóteles, o grande
filósofo da antiguidade, devido à sua sabedoria e comportamento austero, era
muito admirado pela sociedade. Seus alunos procuravam imitá-lo, especialmente
no seu desapego dos bens materiais.
Mas Aristóteles tinha
um costume que deixava todos perplexos: Gostava de visitar o mercado da sua
cidade. Ele ficava andando entre as gôndolas e contemplando os diversos
produtos.
Um dia, um aluno seu o
viu no mercado, teve coragem, aproximou-se dele e perguntou:
- Por que o senhor vem
tanto aqui? Ele respondeu:
- Para ver de quanta
coisa o homem não precisa para ser feliz.
Imagine se ele
visitasse um dos nossos shoppings! 90% das mercadorias ali expostas são
supérfluas. A sede de possuir bens é insaciável. Quanto mais tem mais quer.
A estrada para lugar nenhum
Escondida entre as
montanhas, existia uma aldeia. A dois km dela havia um entroncamento de três
estradas. Na primeira, estava uma placa com a palavra: “Vila” e uma flecha. Na
segunda também havia uma placa com a flecha e a palavra: “Mar”. Na terceira
estrada, a placa trazia apenas as palavras: “Para lugar nenhum”.
As pessoas só viajavam
pelas duas primeiras estradas. Ninguém ousava seguir aquela que levava a “lugar
nenhum”.
Jane, uma menina da
aldeia, não se cansava de perguntar para onde ia aquela estrada, mas recebia
sempre a mesma resposta: “A lugar nenhum”. Jane pensava com seus botões: Se há
uma estrada, ela deve levar a um lugar onde moram pessoas.
Um dia, a menina fugiu
da aldeia e pegou aquela estrava. Andou várias horas. Atravessou colinas,
vales, riachos e belas cachoeiras. E continuava em frente.
Até que avistou um cão
e disse a si mesma: Se há um cachorro, deve haver uma casa ou pelo menos alguém
por perto. Com um misto de medo e curiosidade, pôs-se a seguir o cachorro. Ele
a conduziu por um caminho que dava numa casa escondida no meio de um bosque
frondoso. Uma senhora idosa morava na casa. Ela disse a Jane:
“Entre na minha casa.
Ela é bonita e cheia de tesouros. Esperei durante muitos anos para que alguém
viesse visitar-me.” Mostrou a Jane a sua casa repleta de tesouros e disse:
- Você pode levar o
que quiser. É o agradecimento por ter me visitado.
Carregada de ouro e
joias, Jane se despediu da boa senhora. O cachorro a conduziu de volta à
estrada e ela voltou à aldeia.
Nesse meio tempo, os
aldeões ficaram preocupados com Jane, convencidos de que algo terrível lhe
teria acontecido. Por isso ficaram surpresos ao vê-la carregando aqueles
tesouros. A menina contou-lhes o que acontecera.
Ávidos de ganhar algum
tesouro, os aldeões viajaram pela estrada “que não leva a lugar nenhum”.
Caminharam durante dias e noites, mas não chegaram a lugar nenhum. Não
encontraram o cachorro, nem a casa, nem a velhinha. E voltaram desapontados.
Acusaram Jane de
tê-los enganado. Ela balançou a cabeça e disse calmamente:
- Eu não fui em busca
de tesouros mas de pessoas. Por isso que ganhei este tesouro.
Quem vai ao encontro
do próximo, sempre encontra um tesouro, pois o ser humano trás uma riqueza
quase infinita. “Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser
humano, para o visitares? Tu o fizeste só um pouco menor que um deus, de glória
e honra o coroaste” (Sm 8,5-6).
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
A oração modelo
Havia um menino de dez
anos que todos os dias de manhã fazia a sua oração em voz baixa. A mãe,
curiosa, um dia perguntou-lhe o que ele rezava. Ele disse:
- Eu rezo o Pai Nosso,
a Ave Maria, o Glória ao Pai, a oração ao Anjo da Guarda. Depois, eu pergunto para
Deus se ele está precisando do mim para alguma coisa.
- E Deus responde?
Perguntou a mão.
- Sim. Ele me responde
através da senhora, do papai, dos maus irmãos e da minha professora.
Essa foi a oração do
profeta Samuel, quando também era criança. Ele disse: “Fala, Senhor, que teu
servo escuta” (1Sm 3,10). Deus lhe respondeu através do sacerdote Eli.
Foi também a oração de
S. Paulo, quando caiu do cavalo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 21,10).
Deus pediu que ele procurasse Ananias.
E foi principalmente a
oração de Maria Santíssima: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim
conforme a tua palavra” (Lc 1,38). Deus lhe respondeu tornando-a, naquele
momento, grávida do Messias.
O passageiro indesejado
Certa vez, um navio
viajava tranquilo, quando foi surpreendido pelo ataque de corsários.
Inutilmente o capitão tentou opor resistência. Os piratas, armados e
experientes, invadiram o navio e roubaram tudo o que podiam.
Por fim, antes de
partirem, resolveram deixar no navio um menino que haviam sequestrado na última
pilhagem, na esperança frustrada de obter algum dinheiro como preço do resgate.
O capitão,
tremendamente abalado, ordenou que a criança fosse jogada ao mar. A decisão
surpreendeu os marinheiros e todos os passageiros. Disseram-lhe que a criança
não tinha culpa. Era um ser humano indefeso. Sugeriram que o menino fosse
levado até o próximo porto e entregue à polícia, que iria encaminhá-lo para ser
adotado por uma família.
Mas o capitão não quis
dar ouvidos a ninguém. Imediatamente pegou o garoto e o atirou no mar. No meio
das ondas, a indefesa criança logo se afundou.
O mesmo erro desse
capitão é cometido por uma mulher que, em uma gravidez resultante de um
estupro, decide abortar a criança. Quem aprova este ato não tem o direito de
reprovar o afogamento desse menino, pois ambos, a mulher e o capitão,
descarregaram sobre uma criança inocente a sua cólera contra agressores. Ambos
respondem a uma violência com outra muito pior e covarde, pois as vítimas são
seres humanos absolutamente indefesos, que desejam apenas usar o seu direito de
viver, ou ver a luz do dia.
(Fonte: Pe. Valdo
Bartolomeu)
Perdão sem limites
Certa vez, um africano
foi vendido para um navio negreiro, e transportado para os Estados Unidos. Lá,
ele se converteu à Igreja Católica. Devido às suas grandes qualidades, o
fazendeiro que o comprara gostava muito dele.
Um ano depois, o navio
chegou trazendo mais escravos. O fazendeiro decidiu comprar mais vinte
escravos, e pediu àquele de quem gostava que fosse até o navio e escolhesse os
vinte melhores.
Entre os escolhidos,
havia um velho, quase inútil para o trabalho em fazenda. O escravo convertido
dava a todos muita atenção, mas o velho recebia cuidado especial. Admirado, a
fazendeiro perguntou-lhe:
- Ele é seu pai?
- Não. Ele não é meu
parente.
- Então por que você
lhe dá tanta atenção?
- Ele foi meu inimigo.
Foi ele que me vendeu ao chefe do navio em que vim.
“Amai os vossos
inimigos e fazer o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós,
e orai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te bater numa face, oferece-lhe
também a outra” (Lc 6,27-29).
A conversão de um ferreiro
Fernando era um ferreiro
de uma pequena cidade, que vivia sempre amargurado. Apesar de batizado, ele não
participava da Missa, não ajudava os outros e debochava de quem ajudava. Um
dia, ele participou de um encontro cristão e resolveu mudar radicalmente de
vida. Queria ser bom com todos e ser um católico praticante.
Esforçava-se para ser
gentil e viver em harmonia com as pessoas. O problema era que, quanto mais se
esforçava, mais problemas apareciam em sua vida.
Um dia, Gustavo, um
amigo seu, veio à oficina e perguntou a Fernando se ele não achava esquisito o
fato de que, quanto mais tentava mudar-se para ser bom, mais problemas
apareciam.
Fernando olhou para o
amigo e disse:
- Eu faço facões aqui
na oficina. Aqueço o ferro, dou marteladas para dar-lhe a forma que desejo e
depois jogo na água fria. O choque térmico faz o ferro transformar-se em aço.
Espero que comigo aconteça o mesmo. Esses problemas posteriores à minha
conversão me tornem mais forte na fé. Eles são o choque térmico, após as
marteladas que recebi de Deus no encontro.
(Fonte: Natal em
Família)
A princesa feia
Havia, certa vez, uma
princesa que era linda, a mais bela menina da região. Mas a sua madrasta,
enciumada com a sua beleza, desde a mais tenra idade dizia-lhe que ela era
feia. A madrasta dizia:
- Você é feia, muito
feia! Você é tão feia que ninguém aguenta olhar para você.
Não bastasse isso, a
madrasta dava ordens a todos os cortesãos do palácio para que dissessem à
menina que ela era muito feia.
A princesa cresceu e
tornou-se uma bela moça, mas sentia-se feia. Ela pensava: Sou tão feia que
nunca vou encontrar quem goste de mim. Ninguém jamais vai me amar. Ninguém vai
querer casar-se comigo.
Sua angústia chegou a
tal ponto que ela se escondeu no calabouço do palácio, para que ninguém a visse.
E lá permaneceu.
Quando a rainha
morreu, algumas pessoas de bom coração foram ver a princesa e contaram-lhe a
verdade:
- Você não é feia. A
sua madrasta dizia isso porque sentia ciúme de você. Pelo contrário, você é
muito linda, é a moça mais bela da região.
Mas a princesa não
acreditava, e dizia às pessoas:
- Eu sei que sou feia.
Por favor, deixe-me em paz, curtindo a minha feiura.
Um dia, um belo
príncipe visitou o palácio e contaram-lhe a história da princesa. Ele desceu ao
calabouço e assim que a viu ficou encantado com a sua beleza. Disse-lhe
fascinado:
- Você é maravilhosa.
É tão bela que não consigo tirar os olhos de você.
A princesa cobriu o
rosto com as mãos e chorou. Disse ao príncipe:
- Por favor, pare de
zombar de mim. Eu sei como sou feia. Sou a moça mais feia do mundo.
Mas o príncipe não ia
embora e continuava olhando para ela. Aproximou-se dela e abraçou-a,
sussurrando:
- Você é a mulher mais
lindo do mundo.
Ao perceber o amor e o
carinho do príncipe, finalmente a princesa levantou os olhos e viu seu próprio
rosto refletido nos olhos do príncipe. Vendo a própria imagem pela primeira
vez, sentiu-se confusa, porque achou bonito o próprio rosto. Aos poucos, foi-se
dando conta de que era realmente bonita. E ria do tempo em que ficava escondida
no calabouço.
As pessoas funcionam
como espelhos psicológicos umas para as outras. Quando são bem tratadas,
constroem uma auto imagem positiva. Quando são mal acolhidas, rejeitadas e
recebem críticas destrutivas, elas constroem uma auto imagem negativa.
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
Quem sou eu?
Certa vez, um rapaz
estava sentado ao pé de uma árvore, com a cabeça entre as mãos, pensando:
- Quem sou eu?
Já fazia quase um dia
que ele estava ali, tentando responder à pergunta, e não conseguia. Estava com
a cabeça quente.
Perto havia uma
estrada. Ele viu alguém passando, levantou-se, foi lá e perguntou à pessoa:
“Por favor, quem sou eu?”
A pessoa explicou.
Pronto, o jovem se acalmou.
A criança, primeiro
descobre a mãe, como alguém diferente dela. Só depois descobre a si mesma, como
um ser diferente dos outros. Nós somos seres sociais, essencialmente sociais.
Se uma criança, logo após o nascimento, fosse deixada sozinha, sem se
relacionar com ninguém, tornar-se-ia um monstro, não uma pessoa humana.
Está aí mais uma prova
de que somos imagens e semelhanças de Deus. Ele não é um ser isolado, mas a
relação amorosa de três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Também as Irmãs
carmelitas que passam o dia em silêncio, e os anacoretas que vivem isolados nas
matas, só são felizes a partir da relação com seus irmãos e irmãs.
O cuco e a menina
Certa vez, uma menina
estava andando numa floresta e ouviu um cuco. Olhou para cima e viu o pássaro
voando de galho em galho, cantando alegremente. Ela disse:
- Cuco, onde é a sua
casa?
- Minha casa é toda a
floresta, disse ele.
- Meu avô tem um
relógio de parede e dentro mora um cuco, disse a menina. Ele nunca sai de casa,
apenas de hora em hora aparece na janelinha e canta.
- Pode ser verdade o
que você está falando, mas aquele cuco não é real.
- O que você quer
dizer com real? Perguntou a garota.
Pacientemente, o cuco
explicou.
- Ele não pode voar
como eu. Ele não tem amigos. Não põe ovos. Não pode amar nem sofrer. Sua canção
é monótona, sem sentimento.
A menina estava
confusa e disse:
- Mas não é gostoso
ter uma casinha aconchegante, cantar a cada hora e merecer o cuidado e apreço
das pessoas?
O cuco respondeu:
- De jeito nenhum. É
melhor ser livre e cantar na hora que quiser, não só na hora certa. É melhor
cuidar dos outros, em vez de ser cuidado, amado e apreciado.
Emocionada, a
garotinha disse:
- Gosto de você, cuco.
Por favor, venha à minha casa cantar para mim. Arrumarei uma casa bonita para
você. Vou ser sua amiga e você meu amigo.
O cuco disse:
- Se você é realmente
minha amiga, e se me ama, não tire minha liberdade. Deixe-me ser eu mesmo. Eu
vou ao seu jardim cantar para você. Virei vê-la e dizer que a amo. Minhas
visitas podem não ser regulares, mas serão mais agradáveis do que o canto do
cuco do seu avô. A minha visita lhe proporcionará mais alegria do que a
presença morta do cuco dentro do relógio. A nossa amizade será doce, calorosa e
cheia de amor.
- Você quer dizer
real? Perguntou a menina.
- Exatamente. A nossa
amizade será real, livre e espontâneo.
Quando educamos uma
criança, nós a ajudamos a ser livre, natural e espontânea, não a ser robô.
Estes são os cidadãos que a nossa sociedade necessita no futuro. Todos
precisamos de liberdade para nos tornarmos pessoas livres e reais.
Uma vida protegida
contra a dor, a tristeza e o risco, é também privada de liberdade e de alegria.
O verdadeiro amor permite espontaneidade e liberdade na maneira como é dado e
como é recebido.
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
A ave que caiu no poço
Havia, certa vez, uma
ave com plumagem cintilante e asas robustas, que passava os dias planando sobre
as árvores, deliciando-se com sua liberdade.
Um dia, ela caiu em um
poço desativado. O poço era profundo, mas estava seco. A ave não se machucou.
Ela estava esvoaçando para baixo, distraiu-se e caiu na boca do poço, indo para
o fundo.
Certamente alguém vai
passar por aqui, pensou ela, e vai tirar-me deste poço. Não foi culpa minha, a
culpa é do idiota que furou este poço e o deixou aberto.
E se pôs a pedir
socorro aos passantes. “Socorro! Socorro! Socoooooorro! Por favor, tirem-me
daqui!”
As pessoas olhavam
para dentro do poço e diziam para ela:
- O poço é largo e
você tem asas, pode voar e sair daí. Por que não treina um voo na vertical? Ela
lamuriava:
- Se eu tentar voar,
posso arranhar minhas asas. As bordas do povo podem estragar minhas belas
plumas. Eu não tenho culpa de ter caído aqui. Vocês precisam fazer alguma coisa
para me tirar.
A ave recusava-se a
tentar. Ficava encolhida no fundo do poço, lamentando e gemendo alto para que
todos ouvissem. Dizia:
- As pessoas são
cruéis. Ninguém é capaz de ajudar uma pobre criatura como eu.
Os dias se passaram,
as asas dela se atrofiaram. E assim, alvo de pena de todos e de si mesma, a ave
viveu o resto da vida no fundo do poço.
Não era hora de
procurar quem foi o culpado de ela ter caído no poço. O importante era explorar
as possibilidades de sair.
Muitas vezes nos
sentimos mais seguros presos, despertando a comiseração dos outros. Para sermos
ajudados, precisamos fazer a nossa parte, dando o primeiro passo na ajuda a nós
mesmos.
O próprio Deus nos
ajuda, mas precisamos fazer a nossa parte, mesmo pequena e desproporcional à
necessidade, como fez o Apóstolo Santo André, que apresentou a Jesus cinco
pãezinhos para alimentar cinco mil homens (Jo 6,9). E deu certo.
O desejo de ser alvo
de compaixão e de ser o centro das atenções pode impedir-nos de realizar todo o
nosso potencial.
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
Avestruz enterra a cabeça
Avestruz é uma ave, de
origem africana, famosa por seu tamanho grande, pela sua velocidade ao correr e
também por uma lenda que existe em torno dela.
Diz a lenda que,
quando a avestruz vê o caçador, ou vê os cachorros correndo atrás dela, ela
corre o máximo que pode. Se percebe que mesmo assim será apanhada, simplesmente
enterra a cabeça na areia, ou esconde a cabeça em arbustos, a fim de não ver o
perigo. Assim, o caçador pode chegar e pegá-la com as mãos, pois ela não o está
vendo.
Há muitas pessoas que,
consciente ou inconscientemente, têm esse comportando diante dos grandes
problemas. É um mecanismo de defesa chamado fuga da realidade.
Quando o perigo é muito grande, em vez de enfrentá-lo, a pessoa esconde-se
dele, ou finge que se esconde. Deus nos dá graça, luz e forças para vencermos
todos os perigos e obstáculos. O melhor, portanto, é encará-los de frente, e
explorar as possibilidades de superá-los.
Quem matou Pat Hudson?
Em uma luta de boxe,
um dos lutadores, o Pat Hudson, morreu. Alguém da multidão gritou:
- Quem matou Pat
Hudson?
O árbitro disse:
- Eu não, com certeza.
Não apontem para mim. É claro que eu poderia ter interrompido a luta no oitavo round,
e o Pat não teria morrido. Mas o público ia protestar. Eles vieram ver uma boa
luta, e acabariam por dizer que eu os enganei.
A multidão gritou:
- Não somos os
culpados. Viemos para assistir à luta. É uma vergonha que um boxeador bom como
o Pat tenha morrido. Foi uma grande perda para o mundo dos esportes.
O empresário de Pat
Hudson disse:
- É extremamente
doloroso para mim falar da morte de Pat. Sua esposa e filhos sofrem uma perda
terrível. Mas tenho a consciência limpa. Ninguém pode me responsabilizar pelo
que aconteceu.
Os homens das cadeiras
dos aposentados e idosos disseram:
- A morte de Pat nada
tem a ver conosco. Não estávamos gritando e berrando junto com a plateia, e nem
o conhecíamos. É uma pena que ele tenha morrido, mas não é culpa nossa.
O jornalista disse:
- Não olhem para mim.
Sou completamente inocente. Estava apenas fazendo a cobertura da luta, o que é
o meu trabalho profissional.
O boxeador que o
nocauteara disse:
- Não matei Pat. Não
sou assassino. Sou um ser humano respeitável e um bom desportista. É verdade
que o atingi, mas fiz tudo de acordo com as regras do jogo.
Mais uma vez ouviu-se
uma voz vinda da multidão:
- Quem matou Pat
Hudson?
Somos parte da
sociedade injusta que governa nosso mundo. Injusta e anônima. Todos lavam as
mãos como Pilatos. Tentamos fechar os olhos para os problemas sociais, como a
fome, a discriminação, os crimes... Não fui eu, pensamos. Sempre inventamos
desculpas, até razoáveis, para justificar a nossa apatia.
Isso mostra-se
particularmente tentador quando somos os beneficiários e não as vítimas da
injustiça. A maioria das pessoas que vivem no chamado Primeiro Mundo se
beneficia, de alguma, forma da injustiça global.
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
O peixinho voador
Havia, certa vez, um
cardume de peixinhos que viviam felizes no oceano. Entre eles destacava-se um
pela sua destreza e velocidade ao nadar. Chamavam-no de Voador.
Certo dia, um peixe
grande nadava perto do cardume, olhando para o outro lado, como um inocente.
Até que se virou e... zás. Engoliu-os todos. Todos menos o Voador, que
conseguiu escapar.
Voador, agora sozinho,
tomava cuidado sempre que via um peixe maior. Era tão rápido e ágil que
costumava enfurecer os peixes grandes, nadando até eles e depois fugindo
rapidamente por trás deles.
Voador estava
determinado a explorar todas as belezas de seu mundo submarino, e ele não
deixaria que o medo o impedisse disso.
Prosseguindo suas
viagens, depois de muito tempo, encontrou outro cardume de peixinhos da sua
espécie. Ficou feliz ao encontrar novos amigos. Eles ficavam maravilhados
quando Voador narrava as belíssimas paisagens que visitara, suas aventuras e o
seu passado. Contou-lhes também o triste destino dos seus colegas. Os novos
companheiros admitiam que também eles temiam os peixes grandes.
Mas Voador era sábio e
havia aprendido muitas coisas relativas à sobrevivência. Ele disse aos novos
colegas:
- Prestem atenção, só
existe uma maneira de continuar vivo e curtir tudo o que a vida tem a ofertar.
E explicou:
- Precisamos nos unir
e permanecer juntos. Vamos agrupar-nos de tal forma a parecermos um peixe
enorme. Assim, amedrontaremos todos os peixes grandes, para que nos deixem em
paz.
Os peixinhos gostaram
da ideia e se amontoaram na forma de um peixe grande, com Voador à frente.
Assim, nadavam felizes, explorando as maravilhas do oceano, sem serem
incomodados.
A Comunidade é força
de Deus. Lugar abençoado onde vivem os seus filhos queridos, felizes e
protegidos dos perigos do mundo.
Por outro lado, quem
vive sozinho é fraco, é mais fraco que as tentações e acaba caindo nelas.
“Eu sou o Bom
Pastor... O mercenário vê o lobo chegar e foge, e o lobo ataca as ovelhas. Eu
sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,11-14).
Por favor, ajudem-me!
Certa vez, um peixe se
viu lançado na praia por uma forte onda. Por mais que lutasse, ele não
conseguia voltar para a água. Desesperado, pedia socorro:
- Por favor,
ajudem-me! Não consigo respirar! Por favor, ponham-me de volta na água!
Um homem rico estava
passando e ouviu os gritos do peixe e disse:
- Gostaria de
ajudá-lo, mas estou indo para o banco e já estou atrasado. Sinto muito. Por
favor, desculpe-me.
O peixe continuou
lutando e gritando, até que chamou a atenção de um turista que se aproximava.
Este falou:
- Gostaria de
ajudá-lo, mas não sei o que fazer. Se ao menos eu tivesse alguma coisa com que
empurrá-lo para a água, mas não trago nada comigo, estou de férias.
- Use um pedaço de
pau, ou um galho, ou simplesmente me pegue com a mão. Por favor, me devolva ao
mar!
O turista parecia em
dúvida, mas disse:
- Acredito que outra
pessoa vai aparecer para ajudá-lo.
Tirou uma foto de
peixe moribundo e foi embora.
Uma mulher que
caminhava por ali ouviu os gritos do peixe:
- Por favor, estou
morrendo. Ajudem-me!
A mulher olhou para o
peixe, mas disse:
- Antes de eu
ajudá-lo, preciso saber por que você veio parar nesta situação.
O peixe contou-lhe
tudo sobre si, sua família, sua vida, seu ideal... Após escutar tudo, a mulher
falou:
- Você foi imprudente!
Onde já se viu ser atingido por uma onda grande. Você precisa dizer-me que não
vai mais cair numa situação dessas.
Naquela hora, o peixe
morreu. A mulher balançou a cabeça pesarosa e foi embora.
Um velho passou pelo
local e olhou o peixe morto. “Como é cruel o mar”, disse ele emocionado. “Isto
é a vida. Não é culpa de ninguém”.
A praia permaneceu em
silêncio e deserta durante longo tempo. A maré subiu e uma onda mansa levantou
o corpo do peixe e o arrastou para o mar.
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
Avarento ganha peixe dourado
O Wilson era um homem
avarento. Ele nunca se saciava com os bens que possuía. Sempre queria mais.
Como a avareza cega a
pessoa, um inimigo seu pregou-lhe uma peça: Presenteou-o com um aquário
contendo um peixe dourado, e lhe disse:
- Wilson, quando esse
peixinho crescer, atingir o seu tamanho natural, e morrer, o seu corpo se
transformará em ouro puro. Você vai ser tão rico que jamais imaginou.
A cobiça falou mais
alto que o bom senso e o Wilson acreditou na história. Mal se continha de tanta
alegria. Levou o aquário para casa e cuidava do peixinho todos os dias.
Mas o animalzinho
crescia, crescia e não parava de crescer. Ele teve de transportá-lo para um
tanque, depois para um lago e por fim para um grande lago. O peixe já era um
gigante.
Após vários anos,
Wilson já havia gasto todas as suas economias, e o peixe não parava de crescer.
Finalmente, falido e velho, Wilson morreu. Ele nunca descobriu que seu inimigo
lhe dera de presente um filhote de baleia.
A avareza às vezes
cega a pessoa, levando-a a agir como irracional. A pior irracionalidade é
perder a salvação eterna.
Somos parecidos com o
Wilson: Passamos a vida dedicando o melhor de nós: tempo, família, saúde,
amizades..., para ajuntar dinheiro. Julgamos que seremos felizes, mas esta
felicidade nunca chega.
“Não ajunteis tesouros
aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e
roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no Céu” (Mt 6,19-20).
Dois povos brigaram à toa
Há milhares e milhares
de anos, havia um pequeno planeta que era habitado por duas raças inteligentes,
chamadas “Diurnos” e “Noturnos”. Os Diurnos só eram ativos durante o dia. À
noite dormiam e nada era capaz de tirá-los do sono. Os Noturnos só eram ativos
durante a noite. Logo que os primeiros raios do sol raiavam, eles dormiam e
nada podia acordá-los.
Os Diurnos e os
Noturnos eram criativos. Aqueles escreviam poesias sobre as paisagens, as
flores, o céu azul... Estes eram fascinados pela majestade dos céus e pela luz
bruxuleante da lua e das estrelas, e faziam poesias.
Chegou enfim um tempo
em que os Diurnos descobriram os trabalhos literários dos Noturnos. À medida em
que os liam, sua curiosidade foi crescendo. Mas se perguntavam: Que história é
essa de constelações, de estrelas, de lua?... E ficavam perplexos. Por fim,
concluíram: Essas pessoas são sonhadoras. Nada disso existe. O mesmo aconteceu
com os Noturnos. Esses Diurnos são sonhadores e ignorantes, pensavam.
Começaram a ver
aquelas obras literárias como provocações. Assim, os dois povos deixaram de
contemplar a natureza que viam e passaram a criticar o outro povo. Essas
pessoas são mentirosas e estão nos insultando, diziam entre si.
As críticas ficavam
cada vez mais hostis, até que começaram a suspeitar um do outro, e trocavam
insultos. A inimizade foi crescendo a tal ponto que começaram a dizer a si
próprios: Essa gente é perigosa, eles derrubam as nossas crenças e tradições.
Se os deixarmos assim, eles vão subverter o nosso sistema de valores e destruir
a nossa cultura. Portanto, esse povo é uma ameaça a nós.
Até que estourou uma
guerra entre os Diurnos e os Noturnos. À noite, os Noturnos assassinavam os
Diurnos adormecidos, e vice-versa.
Assim, destruiu-se a
vida no pequeno planeta, o qual continuou girando silencioso e triste, sem
ninguém para cantar as maravilhas luminosas do dia, nem os mistérios enluarados
da noite.
As nossas ideias sobre
o mundo ao nosso redor são condicionadas pela nossa cultura. Os Diurnos e os
Noturnos estavam totalmente certos naquilo que cantavam e escreviam, mas eles
viam só a metade da realidade.
Antes de brigar,
precisamos ouvir o outro lado, que vem completar a nossa visão. Assim, juntos
chegaremos à verdade. Quantos desentendimentos podiam ser evitados!
(Fonte: Peter Ribes,
sj)
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